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Oriente Médio

Como o identitarismo foi uma arma da CIA contra o Iêmen

Chantagens e promoção de valores estranhos à cultura iemenita foram armas de guerra dos EUA contra a nação árabe, revela reportagem do sítio MintPress

No último dia 14, o MintPress publicou uma extensa reportagem exclusiva expondo um esquema de espionagem norte-americano operado pela CIA e pelo Mossad (as sinistras agências dos serviços secretos norte-americano e israelense) disfarçado por meio de ONGs “pró-democracia” e entidades supostamente voltadas à promoção de identidades sexuais e outros temas do gênero no Iêmen. Denúncias indicam que agentes da CIA utilizaram essas organizações como fachada para recrutar colaboradores no país e promover ações de sabotagem contra o governo revolucionário do partido Ansaralá, evidenciando uma tentativa de subversão cultural e cooptação política em prol de interesses estrangeiros.

O esquema, considerado a maior célula de espionagem já descoberta no país, começou a ser desmantelado em 2021 pelo governo revolucionário iemenita. A operação, conhecida como Força 400, prendeu diversos membros da rede, incluindo Abdul Mohsen Hussein Ali Azzan, um dos espiões de mais alto escalão. Recrutado pela CIA em 2010, Azzan trabalhava tanto para os Estados Unidos quanto para o Mossad, infiltrando-se na política iemenita e obtendo informações estratégicas para as forças estrangeiras. Segundo a reportagem do MintPress, Azzan admitiu que o recrutamento teve início após uma passagem por uma empresa norte-americana em Atlanta, onde foi “convertido ao cristianismo e iniciou o contato com agentes americanos”.

Essa rede de espionagem, revelada pelo MintPress com documentos confidenciais e entrevistas com os detidos, demonstra o poder do identitarismo e da infiltração em ONGs para desestabilizar países. Segundo a reportagem, as ONGs como o Instituto Nacional Democrático (NDI) em Sanaa eram “instrumentos disfarçados da CIA”, voltados não apenas para a coleta de informações, mas também para “promover divisões religiosas e culturais na sociedade iemenita”. O objetivo final era enfraquecer a unidade do país e facilitar ataques a alvos militares, beneficiando diretamente a coalizão militar contra o país liderada pela Arábia Saudita e ordenada pelos EUA.

Durante os interrogatórios divulgados pelo MintPress, alguns dos detidos descreveram o uso de “chantagem sexual e tortura” como métodos para garantir a cooperação dos espiões locais. As ações descritas mostram que agentes americanos e israelenses ultrapassaram quaisquer limites éticos ou morais para garantir o sucesso da operação.

Azzan revelou, por exemplo, que colaborava com uma organização ligada a Cambridge Analytica para conduzir pesquisas de campo e manipular a opinião pública em prol da normalização com “Israel”. Essa ligação, segundo ele, fazia parte de uma rede maior que incluía o serviço secreto britânico e a empresa Archimedes, com sede nos EUA.

O MintPress também trouxe à tona o caso de Shaif Hafazallah Al-Hamdani, consultor da USAID, que serviu à CIA por 27 anos e tinha a função de verificar a aplicação dos mecanismos de espionagem. Segundo Al-Hamdani, o monitoramento de projetos da USAID permitia à CIA acessar áreas estratégicas e localizar instalações militares, algo “essencial para o planejamento de ataques sauditas”. Sua tarefa incluía transferir códigos do Banco Central do Iêmen para agentes americanos, o que “contribuiu para o bloqueio financeiro do governo do Ansaralá”.

Outro aspecto significativo dessa operação foi a promoção de valores estranhos à cultura da sociedade iemenita como a “homossexualidade”, utilizando para isso ONGs e programas de bolsas de estudo norte-americanos. Esses programas visavam a “formação de uma geração alinhada aos interesses dos Estados Unidos”, declarou Al-Hamdani ao MintPress, além de infiltrar agentes em organizações governamentais iemenitas.

O MintPress destaca ainda que a subversão cultural imposta pelos EUA e “Israel” não se limitou a manipulações políticas e espionagem militar. Programas como YALI e AMIDEAST, sob o pretexto de desenvolvimento cultural, atuavam para promover divisões internas e influenciar jovens iemenitas, direcionando-os à aceitação de uma “agenda cultural ocidental” que desafia os valores locais.

O relatório da organização revela que muitos desses projetos “distribuíam folhetos promovendo práticas ocidentais como uma questão de liberdade pessoal”, com a intenção de provocar mudanças comportamentais e culturais profundas. Segundo Al-Hamdani, o objetivo era “afastar a juventude iemenita dos valores tradicionais e submetê-los a uma ideologia alinhada aos interesses norte-americanos”.

A investigação detalhada de MintPress revela um cenário em que ONGs identitárias e programas de intercâmbio cultural servem como pontas de lança para a penetração de agentes estrangeiros e a promoção de tópicos de interesse imperialista. Ao explorar as divisões e tensões locais, a CIA visa não apenas obter informações, mas também controlar setores estratégicos e influenciar a opinião pública iemenita. Essa estratégia, conforme o que se pode inferir das informações apuradas pelo MintPress, não se trata de uma defesa de “valores universais”, mas de um esforço intencional para enfraquecer movimentos revolucionários autônomos e abrir caminho para interesses estrangeiros no país.

Ao relatar as operações de recrutamento e manipulação, o MintPress também destaca que ONGs norte-americanas e canadenses, como o NDI e outras, atuaram como fachada para os serviços de inteligência dos EUA. Muitas dessas ONGs eram direcionadas à juventude e visavam especificamente mulheres e minorias, criando uma cobertura eficaz para a CIA infiltrar agentes sob a imagem de “ativistas de direitos humanos”. Um engodo, como se vê, criado com a única finalidade de apoiar a devastação total do país árabe, incluindo as mulheres e minorias que pretensamente defendem.

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