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Oriente Médio

Como ‘Israel’ financiou os mercenários que derrubaram Assad

Apoio secreto da ditadura sionista a rebeldes sírios revelou estratégias para conter o Irã, mas expôs uma parte da responsabilidade israelense sob a queda de Assad na Síria

Segundo denúncia da pesquisadora israelense Elizabeth Tsurkov publicada na revista imperialista Foreign Policy, o Estado nazista de “Israel” armou e financiou secretamente pelo menos 12 grupos rebeldes no sul da Síria, que ajudaram a impedir que combatentes apoiados pelo Irã e militantes do Estado Islâmico ocupassem posições próximas à fronteira israelense nos últimos anos, de acordo com mais de duas dezenas de comandantes e membros desses grupos.

A denúncia foi feita no artigo Inside Israel’s Secret Program to Back Syrian Rebels, publicado em 6 de setembro de 2018 e informa que as transferências militares foram encerradas em julho do mesmo ano, incluindo rifles de assalto, metralhadoras, lançadores de morteiros e veículos de transporte. Agências de segurança sionistas entregaram as armas por meio de três portões que conectam as Colinas de Golã ocupadas por “Israel” à Síria — os mesmos pontos de passagem usados para fornecer ajuda humanitária a residentes do sul da Síria, que sofriam com anos de guerra civil.

Além das armas, “Israel” também forneceu salários aos combatentes rebeldes, pagando cerca de US$75 por mês a cada um. Recursos adicionais eram entregues aos grupos para compra de armamentos no mercado negro sírio, segundo relatos de rebeldes e jornalistas locais.

Os pagamentos e o apoio geraram a expectativa de que “Israel” interviria caso forças leais ao presidente Bashar al-Assad tentassem avançar sobre o sul da Síria. No entanto, quando tropas do regime, apoiadas por ataques aéreos russos, lançaram uma ofensiva na região, os sionistas não intervieram. O enclave imperialista, porém, tentou manter seu relacionamento com esses grupos em segredo.

A quantidade de armas e dinheiro transferidos por “Israel” era pequena em comparação com os recursos fornecidos por outros países envolvidos na guerra civil de sete anos, como Catar, Arábia Saudita, Turquia e Estados Unidos. Mesmo no auge do programa de assistência israelense, no início deste ano, comandantes rebeldes reclamavam que o apoio era insuficiente.

Ainda assim, a assistência sionista foi significativa por várias razões. Ela representava uma estratégia para impedir o Irã de consolidar sua presença na Síria — além dos ataques aéreos contra posições iranianas e da pressão política exercida via Rússia, principal mediadora de poder na Síria.

Em julho, “Israel” teria chegado a um acordo com a Rússia para permitir o retorno das forças do regime às áreas adjacentes às Colinas de Golã, em troca de garantias de que as milícias apoiadas pelo Irã seriam mantidas a pelo menos 80 quilômetros da região.

Mesmo assim, muitos residentes do sul da Síria, que esperavam proteção israelense durante a ofensiva do Exército sírio, acabaram se sentindo abandonados. Alguns líderes comunitários locais afirmaram que confiar em “Israel” foi um erro e alertaram que o silêncio israelense pode trazer consequências futuras.

À medida que as forças do Exército sírio, apoiadas pela Rússia e pelo Irã, retomaram o controle de mais áreas no sul da Síria, alguns rebeldes buscaram asilo com seus contatos israelenses, temendo represálias. “Israel” permitiu a entrada de um pequeno número de comandantes rebeldes e seus familiares em 22 de julho, mas muitos outros foram rejeitados.

Os destinos desses comandantes e suas famílias permanecem incertos. Alguns relatos indicam que podem estar em “Israel”, Jordânia ou Turquia. Enquanto isso, a maioria dos combatentes comuns optou por permanecer em suas casas e se render ao regime, em vez de fugir para Idlib, último reduto da oposição.

Muitos foram presos por suposta colaboração com “Israel”, enquanto outros se juntaram a milícias pró-Assad ou ao Exército Sírio para evitar perseguições. O envolvimento da ditadura sionista no conflito não é novidade.

Em 2016, “Israel” estava preocupado com a estabilização do governo Assad e com a expansão da presença do Irã e do Hesbolá na Síria. Apelos repetidos de “Israel” à administração Obama para aumentar o apoio aos rebeldes foram rejeitados.

Durante o final do mandato do presidente Barack Obama e os primeiros meses do mandato de Donald Trump, a Rússia liderou negociações com a Jordânia, Turquia, representantes da oposição e os Estados Unidos sobre o estabelecimento de zonas seguras na Síria. “Israel” tentou influenciar tanto os EUA quanto a Rússia para proteger seus interesses em relação à zona segura no sul, que faz fronteira com as Colinas de Golã.

Em dezenas de reuniões e visitas a Washington e Moscou, autoridades israelenses buscaram inicialmente garantir que combatentes xiitas estrangeiros fossem expulsos da Síria. Quando esse pedido foi rejeitado pelo Crêmlin (sede do governo russo) e ignorado pela Casa Branca (sede do governo norte-americano), “Israel” pediu que esses combatentes fossem mantidos a pelo menos 60 quilômetros da cerca fronteiriça. Esse pedido também foi ignorado. A Rússia concordou em impedir a presença de combatentes xiitas estrangeiros a cinco ou sete quilômetros das Colinas de Golã, mas deixou claro que a garantia seria apenas temporária.

Diante do fracasso nas negociações, os israelenses concluíram que teriam que proteger os interesses de “Israel” por conta própria. Em setembro de 2017, a ditadura sionista começou a atacar alvos mais profundamente no território sírio, indo além dos ataques tradicionais contra comboios de armas do Hesbolá perto da fronteira libanesa. Os alvos agora incluíam bases militares do regime com presença significativa do Irã.

Outra mudança importante na política israelense ocorreu nesse período. “Israel” começou a fornecer mais apoio militar a um número maior de grupos rebeldes afiliados ao Exército Livre da Síria. Esse apoio incluía armas, munições e dinheiro para compra de armamentos no mercado negro. Na época, autoridades israelenses negaram veementemente o apoio a grupos jihadistas, deixando aberta a possibilidade de que o governo apoiasse grupos não jihadistas.

Alguns dos grupos que começaram a receber apoio de “Israel” no final de 2017 eram anteriormente financiados pelo Military Operations Command (MOC), um centro dirigido pela CIA em Amã. Até janeiro de 2018, esse centro pagava os salários de dezenas de milhares de combatentes da “Frente Sul” do Exército Livre da Síria e fornecia material e munição. A decisão da administração Trump de encerrar o centro deixou as facções rebeldes no sul da Síria em necessidade desesperada de patrocinadores alternativos.

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