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HISTÓRIA DA PALESTINA

Como Gaza se tornou o maior campo de concentração da história

Levantado após a vitória incontestável do Hamas para o governo palestino, bloqueio vista manter palestinos na miséria absoluta

Com seus 365 km² situados ao longo do Mar Mediterrâneo, a idílica paisagem da Faixa de Gaza tinha tudo para torná-la um pedaço do paraíso na Terra, porém a ditadura sionista fez do território litorâneo um pedaço do inferno na Terra. Um dos locais mais densamente povoados do mundo, com cerca de 2 milhões de palestinos vivendo sob condições extremas de privação e isolamento, desde 2007 a Faixa de Gaza sofre um bloqueio genocida e total importo por “Israel”, isolando a população de Gaza e impondo um controle absoluto sobre o fluxo de pessoas, bens e recursos que entram e saem do território, inclusive ajuda humanitária.

Esse cerco sistemático, já dura mais de 16 anos, tendo transformado Gaza no maior campo de concentração da história, um local onde a vida cotidiana é marcada pela falta de liberdade e por uma crise humanitária crônica. Em 2006, logo após as eleições parlamentares palestinas, o partido revolucionário Movimento Resistência Islâmica (“Hamas”, na sigla em árabe) obteve uma vitória eleitoral esmagadora: cerca de 44% dos votos, deram ao Hamas 74 das 132 cadeiras da Assembleia Legislativa Palestina, garantindo ao partido o controle sobre o governo da Autoridade Nacional Palestina. A resposta da ditadura sionista foi imediata e brutal.

Ainda em junho daquele ano, iniciou-se o bloqueio total ao território, que se intensificou em 2007, após confrontos internos entre o Hamas e o Fatá, partido fundado por Yasser Arafat e que desde os Acordos de Oslo tornara-se uma força a serviço do sionismo. O enfrentamento entre os dois partidos terminou com a fuga do Fatá para a Cisjordânia (para o qual atravessaram o “território israelense”) e consolidação do controle do Hamas em Gaza.

Desde então, “Israel” impõe uma política de cerco econômico e militar, alegando que o bloqueio visa impedir o contrabando de armas e enfraquecer o Hamas, o que é apenas parcialmente verdadeiro. O objetivo é também sufocar completamente a Resistência Palestina e punir coletivamente a população civil, forçando-a a se submeter à ditadura sionista.

O cerco a Gaza funciona por meio de um controle total das fronteiras terrestres, aéreas e marítimas. Tanto o espaço aéreo quanto as águas territoriais são dominados por “Israel”, que utiliza sua supremacia militar para impedir a movimentação de pessoas e bens.

Nos postos de controle terrestres, apenas um número reduzido de pessoas, em sua maioria casos humanitários graves, é autorizado a sair ou entrar no território. A travessia de Rafá, na fronteira com o Egito, é a única passagem não controlada diretamente por “Israel”, embora indubitavelmente seja orientada politicamente pela defesa dos interesses israelenses e imperialistas. E o que “Israel” proíbe a Gaza? Praticamente tudo.

A lista de itens proibidos é tão extensa que abrange desde materiais de construção como cimento e aço, até bens de consumo como remédios e produtos alimentares essenciais. Até mesmo materiais como livros e roupas podem ser bloqueados arbitrariamente. Sob o pretexto de “medidas de segurança”, “Israel” controla até mesmo o fluxo de produtos que entram por organizações humanitárias internacionais, impondo limites estritos que impedem a reconstrução de casas destruídas por bombardeios israelenses e o funcionamento adequado de hospitais.

Os itens considerados “de uso duplo” — que poderiam teoricamente ser utilizados para fins militares e civis — incluem, segundo a lógica israelense, até mesmo fertilizantes agrícolas e instrumentos científicos. Essas proibições absurdas têm um objetivo claro: sufocar economicamente Gaza, destruir sua infraestrutura e manter a população em um estado perpétuo de dependência e vulnerabilidade. A consequência desse cerco implacável é uma crise humanitária de proporções catastróficas.

Mais de 90% da água disponível em Gaza é imprópria para consumo e a eletricidade é racionada, com a maioria da população tendo acesso a apenas algumas horas de energia por dia. O sistema de saúde é um dos mais afetados: faltam medicamentos, equipamentos e profissionais capacitados, pois muitos médicos e enfermeiros são impedidos de sair de Gaza para buscar formação e especialização.

A economia, por sua vez, está em ruínas: o desemprego atinge níveis superiores a 50% e, entre os jovens, a taxa ultrapassa 70%. A agricultura, que já foi um dos setores mais importantes da economia local, está praticamente erradicada pela impossibilidade de importar sementes, fertilizantes e equipamentos necessários para o cultivo.

Enquanto a população de Gaza luta para sobreviver nessas condições desumanas, “Israel” utiliza a propaganda para justificar o cerco como uma medida “defensiva”. Argumentam que o bloqueio visa impedir o contrabando de armas e a construção de túneis utilizados pelo Hamas para atacar alvos israelenses.

A realidade, no entanto, é que o cerco vai muito além do suposto controle de armas: ele é uma tentativa deliberada de submeter a população palestina a um sofrimento prolongado, para que ceda às exigências israelenses e abandone sua luta pela liberdade e pela terra que lhes foi roubada. A política de “sufocamento” de Gaza foi revelada explicitamente por oficiais israelenses, que já chegaram a declarar que o objetivo é manter os palestinos em um estado de “desnutrição controlada”, sem os matar diretamente, mas os subjugando por meio de privação e sofrimento, como declarou o ministro da Defesa à época, Amir Peretz: “a intenção é causar uma situação insuportável na Faixa de Gaza, que leve a população a mudar de opinião em relação ao Hamas.”

As consequências do bloqueio são sentidas diariamente pela população. Os jovens palestinos não têm perspectivas de futuro, pois “Israel” proíbe até mesmo a entrada de materiais educativos e bloqueia o acesso de estudantes a universidades no exterior. A liberdade de ir e vir é inexistente: qualquer deslocamento, mesmo no interior do território de Gaza, está sujeito a rigorosos controles e à vigilância militar constante.

A pesca, um dos setores tradicionais da economia local, está praticamente destruída: “Israel” proíbe os pescadores de se afastarem mais de algumas milhas da costa, o que impede a captura de peixes em quantidade suficiente para sustentar a comunidade. Os barcos que se aproximam da “zona proibida” são frequentemente alvejados por tiros e bombardeios, resultando em mortes e ferimentos de trabalhadores desarmados.

Enquanto o mundo finge não ver a catástrofe humanitária provocada pelo bloqueio, o cerco a Gaza continua a ser uma das mais cruéis formas de punição coletiva na história recente. O resultado é uma geração inteira de palestinos que cresce em meio à miséria, à violência e ao desespero.

Para além das restrições econômicas e materiais, o cerco visa também destruir a esperança e a dignidade do povo palestino. Mesmo diante de tamanha brutalidade, porém, a resistência continua. A Faixa de Gaza, apesar de tudo, segue sendo um símbolo de coragem e determinação, mostrando ao mundo que, mesmo sob as piores condições, o espírito de luta do povo palestino não foi quebrado.

A perpetuação desse bloqueio, ano após ano, revela a verdadeira natureza da ditadura sionista: um sistema de dominação e ocupação que recorre à violência mais extrema para suprimir a luta legítima de um povo por sua liberdade e por seus direitos. O cerco a Gaza não é apenas um “conflito” ou uma “medida de segurança”, mas um crime de guerra contínuo que deve ser denunciado e combatido por todos que defendem a justiça e a autodeterminação dos povos.

Enquanto a comunidade internacional hesita em agir, o sofrimento de Gaza persiste. A luta do povo palestino, no entanto, continua, e a resistência em Gaza é a prova de que, mesmo cercado, o povo palestino jamais aceitará viver de joelhos diante da opressão israelense. A libertação final se aproxima a cada vitória.

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