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Rio de Janeiro

Como a polícia tentou impedir o ato dos Comitês durante o G20

Diário Causa Operária (DCO) conversou com fontes e coletou depoimentos que expõem a operação montada pela PMERJ, a mando do governo federal, contra a manifestação

Na última segunda-feira (18), milhares de pessoas se reuniram na Cinelândia, no Rio de Janeiro, para protestar em defesa da Palestina e contra a presença em território brasileiro dos principais apoiadores e financiadores do genocídio perpetrado por “Israel” na Faixa de Gaza.

A manifestação foi um grande sucesso, tanto devido à campanha de mobilização feita antes do dia 18, quanto pelo ato em si. Segundo avaliação feita por membros do Comitê de Organização, entretanto, a manifestação poderia ter sido bem maior se não fosse, acima de tudo, a ação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) e do próprio governo federal.

Com base em depoimentos e relatos coletados pelo Diário Causa Operária (DCO), elencamos, neste artigo, toda a sabotagem feita contra a manifestação durante a Cúpula do G20 por parte do aparato de repressão do Estado. É preciso ressaltar, no entanto, que conforme apuração deste Diário, todas as medidas foram impostas não pelo governo do estado, mas pelo governo federal, que utilizou como justificativa a realização da Cúpula do G20 na cidade.

PM: ordem de proibir som em ato pela Palestina veio da PF

Decretação de feriado

O governo do Rio de Janeiro decretou feriado durante os dias da 19ª Cúpula do G20 após o ato já ter sido convocado, com o claro objetivo de esvaziar a cidade e evitar que houvesse manifestações políticas. A medida visava claramente reduzir o fluxo de pessoas nas ruas e minimizar a visibilidade e a participação no evento.

Fechamento de estações de metrô

O governo do estado fechou cinco estações de metrô que davam acesso à Cinelândia, local da manifestação: Uruguaiana, Carioca, Cinelândia, Glória e Catete. Essa decisão forçou manifestantes a se deslocarem por longas distâncias a pé, tornando o acesso ao ato extremamente difícil. Um manifestante chegou a relatar que precisou caminhar 10 quilômetros para conseguir chegar à manifestação.

Além disso, o VLT, bonde moderno da cidade, estava previsto para passar no máximo a cada uma hora no local, mas acabou nem passando, pois a polícia colocou grades nos trilhos.

Cercamento da Cinelândia

A Cinelândia foi completamente cercada por grades, com a polícia deixando apenas uma pequena passagem para entrada. Essa barreira física impediu que manifestantes chegassem diretamente ao local, obrigando-os a dar grandes voltas para alcançar a área da manifestação.

Intimidação de manifestantes

A polícia abordou, revistou e intimidou manifestantes que usavam camisetas do PCO ou qualquer outra peça de roupa, ou símbolo que pudesse ser associado ao ato. Os policiais tinham uma orientação clara de impedir a passagem dessas pessoas por determinados locais – especificamente membros do PCO, segundo fontes da polícia ouvidas pelo DCO -, alegando que não permitiriam nada que remetesse à manifestação. Esse controle se estendeu até mesmo a materiais como faixas e bandeiras.

Revistas e apreensões

Todos os ônibus que levavam manifestantes para o local foram revistados pela polícia. Materiais como faixas e outros itens foram inspecionados minuciosamente, uma tentativa clara de intimidar os participantes e controlar a política da manifestação.

Proibição de uso de som e palco

A Secretaria de Segurança Pública proibiu o uso de qualquer tipo de aparelho de som no ato. Essa medida foi determinante para que o ato tivesse que ser realizado de maneira improvisada, sem infraestrutura adequada para discursos e intervenções.

O carro de som que seria utilizado na manifestação foi detido pela polícia a várias quadras da Cinelândia e escoltado para fora do local. Mesmo com tentativas de negociação, a polícia foi categórica em impedir o uso do equipamento. Um dos responsáveis pelo carro relatou que, ao decidir deixar o local, a polícia ainda fez questão de escoltá-lo como forma de garantir que ele não retornaria.

PMERJ quer impedir manifestação dos Comitês durante G20

A tentativa de montar um palco para a realização do ato também foi barrada pela polícia, que agiu diretamente para desmontar a estrutura e impedir qualquer forma de organização no local. Isso obrigou os organizadores a improvisar o evento no alto da escadaria da Câmara Municipal.

Expulsão dos manifestantes do Rio de Janeiro

Após o encerramento do ato, ônibus com manifestantes foram escoltados para fora da cidade, dificultando o retorno ao ponto de encontro. Essa ação resultou em confusões logísticas, com pessoas ficando para trás e tendo que se reorganizar por conta própria.

O motorista de um dos ônibus relatou que a polícia ameaçou autuar e recolher o veículo caso não deixasse o local imediatamente após o fim do ato. Essa pressão obrigou os organizadores a buscar alternativas para reunir as pessoas e retirar os veículos da área, gerando atrasos e transtornos para os manifestantes.

Após o término do ato, a polícia começou a escoltar os ônibus com manifestantes para fora do Rio de Janeiro. Alguns veículos foram forçados a parar em postos de gasolina na Dutra, onde se organizaram para esperar pessoas que ficaram para trás. O clima de intimidação foi constante, com policiais monitorando os movimentos dos participantes e impondo condições para que deixassem a cidade.

Impedimento de acesso a serviços básicos

Uma manifestante relatou ao DCO ter sido impedida de ir a uma farmácia próxima porque estava com cartazes em defesa da Palestina, confeccionados por seus filhos. Ela foi intimidada pelos policiais, que ameaçaram prendê-la. Embora a prisão não tenha ocorrido, a pressão foi tão grande que a manifestante acabou se escondendo atrás de uma banca para evitar mais problemas.

Detenção de manifestantes

Um manifestante foi detido pela PM por estar utilizando um lenço tradicional palestino um kefié. Ele foi retirado do ato, obrigado a se identificar e, só então, liberado.

Manifestantes impedem prisão de ativista pela polícia no RJ

Outro manifestante foi preso por estar utilizando um drone. Seu aparelho foi abatido pela polícia militar e ele foi conduzido até a 5ª Delegacia de Polícia. A polícia ameaçou confiscar seu celular, mas, após pressão por parte dos manifestantes, ele foi liberado.

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