Na tarde desse sábado (14), o Comitê de Solidariedade à Palestina de Pernambuco promoveu um debate entre candidatos das eleições municipais no Recife sobre a questão palestina. Marcado para iniciar às 14h, a atividade ocorreu no Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Pernambuco (SINTTEL).
O evento foi conduzido por Lucas Duarte, representando o Comitê, André Frej, filho da diáspora palestina, e Eduardo Santana, coordenador do Centro Cultural Islâmico Imam Sadeq. Abrindo o evento, Frej saudou os participantes e deu início aos trabalhos, destacando a importância da causa palestina na atual conjuntura.
O segundo integrante da mesa a falar naquela tarde foi o coordenador do Centro Cultural Islâmico Imam Sadeq. Em um discurso rápido, Eduardo Santana destacou que o evento era uma “oportunidade de mais uma vez fortalecer a ideia de uma frente única, de uma unidade na luta contra contra as forças reacionárias”. Por fim, Lucas Duarte relacionou a questão do sionismo com o racismo e o colonialismo, destacando aspectos históricos relacionados com a questão palestina.
A primeira candidata a vir ao púlpito foi Yasmin Alves, candidata a vereador pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A candidata destacou a sua participação em ações como plenárias abertas e manifestações. “Agora, neste período eleitoral, a gente está demarcando a importância de candidaturas no âmbito do município se posicionarem a respeito de questões internacionais”, disse ela. Segundo a candidata, estamos em um “contexto de uma nova guerra fria” e “o povo palestino é a nossa saída”. Entre as experiências positivas do último período, ela destacou as ocupações nas universidades na Europa e greves de sindicalistas na Bélgica.
Yasmin Alves foi seguida pelo também candidato a vereador Preto Monte, também do PSOL. Ele disse ser “um jovem negro de que vai estar lutando em favor do povo” e destacou que “a luta do povo palestino não é distante das nossas lutas”. Dando continuidade às falas, Eduardo Paysan, da mesma agremiação, parabenizou o Comitê não apenas pelo debate, mas pelo conjunto de atividades que vem realizando em defesa da Palestina. Paysan ressaltou a necessidade de se “furar a bolha” que “a grande mídia coloca pra população em geral”.
O primeiro candidato a vereador do Partido dos Trabalhadores (PT) a falar no debate foi Erika Suruagy, que ressaltou a importância do posicionamento do presidente Lula contra os crimes de guerra cometidos por “Israel”. Depois dela, foi a vez de Napoleão, que integra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ele explicou a importância da brigada internacional do movimento, que todo ano envia ajuda humanitária para o povo palestino. O sem terra classificou a situação como de “puro genocídio”, um “extermínio” onde estão “matando as crianças”.
Após Napoleão, foi a vez de Lise Santos, candidata ao cargo de vereador pelo PSOL. Em sua fala, ela destacou a necessidade de o governo brasileiro romper com os acordos com o Estado terrorista de “Israel”.
Passadas as falas dos candidatos a vereador, a mesa chamou então Victor Assis, o candidato do Partido da Causa Operária a prefeito da cidade do Recife. O candidato iniciou deixando claro que o objetivo do PCO não é fazer promessas eleitorais:
“Nós estamos já na metade da campanha eleitoral, já participamos de várias entrevistas, e sempre nos é perguntado: ‘candidato, quantos hospitais você vai fazer, quantas creches você vai construir? O que você promete fazer caso seja eleito prefeito do Recife?’. E a gente apresenta sempre a mesma resposta: ‘nós não vamos prometer nada’. Porque nós não achamos que o papel da esquerda é participar das eleições para ficar fazendo promessa.”
Assis, então, explicou que “toda promessa ou não vai ser cumprida, porque é impossível dar ao povo tudo aquilo que precisa, uma vez que os municípios e estados são asfixiados pela dívida pública, pela falta de repasses federais, pelo dinheiro que fica com os bancos, ou o candidato de esquerda deixa de ser de esquerda, como é o caso do candidato Guilherme Boulos, que, agora que é candidato, ataca a Venezuela, não defende mais a legalização das drogas, não defende o direito ao aborto”.
O candidato a prefeito afirmou que “todas as candidaturas do PCO têm o objetivo de convocar o povo para a luta”. E é neste sentido, diz ele, que a candidatura do PCO se casa com a luta do povo palestino. “Nós estamos nas eleições com o objetivo de dizer para o povo trabalhador que tudo aquilo que é necessário para uma vida digna só é possível por meio da luta”. Da mesma forma, no caso da Palestina, “nada vai vir da ONU, nada vai vir dos Estados Unidos, nada vai vir das instituições. A única possibilidade de a Palestina se tornar livre é por meio, em primeiro lugar, da resistência armada palestina, das suas organizações armadas, como o Hamas, a Jiade Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, e todo o povo palestino que está se levantando em armas para expulsar o invasor sionista e colonizador de ‘Israel’. E que essa luta seja apoiada pela esquerda, pelos movimentos sociais, pelas comunidades socialistas e por todos os oprimidos, por todos aqueles que não têm nenhum interesse em ver o massacre de um povo irmão, como o povo palestino”.
Assis explicou que, neste momento, mais importante do que um candidato se dizer a favor da Palestina livre, é ter um programa que ajuda essa luta a se desenvolver. Assim, destacou o fato de que a candidatura do PCO é a única que defende a extinção das guardas municipais, da polícia militar e de todo o aparato de repressão do Estado, que serve apenas para conter o movimento de solidariedade à Palestina. O candidato também sublinhou que o PCO é o único partido que tem em seu programa a defesa da liberdade de expressão irrestrita. “Sem isso”, destacou Victor, “nós vamos deixar os sionistas prenderem o companheiro Breno Altman”.
Ao final do seu discurso, o candidato ainda revelou que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se recusa a pagar o Fundo Eleitoral do Partido, em uma clara sabotagem à campanha do PCO em defesa da resistência palestina e da liberdade de expressão.
Os outros três candidatos a prefeito do Recife que são filiados a partidos de esquerda não compareceram à atividade.
De acordo com a organização do evento, a candidata Dani Portela, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), não respondeu ao convite para o debate. A candidata Simone Fontana, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), respondeu, na véspera do evento, que não poderia participar. Já a candidata Ludmila Outtes, da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), confirmou presença no evento, mas cancelou sua participação no dia em que ocorreu a atividade. A organização não soube informar o motivo da ausência das candidatas do PSTU e da UP.