Mais de 5 mil servidores públicos federais, em sua maioria das universidades e institutos federais, em greve, juntamente com outros setores do funcionalismo, realizaram no último dia 17 uma marcha na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Mais de 50 universidades e cerca de 80 institutos federais já estão em greve, reivindicando recomposição das perdas salariais, reestruturação de carreira e revogação de normas contra o funcionalismo aprovadas nos governos de Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL).
Contra o “congelamento”
A mobilização enfrenta a política de arrocho salarial da direita, que manteve os salários dos servidores congelados por vários anos e, agora, pressiona o governo Lula para que não conceda reajustes, em nome de chegar a um “déficit zero” nas contas públicas.
Na semana passada, representantes do governo ratificaram, em reunião com representantes dos servidores, que não pretendem reajustar os salários dos servidores neste ano. A proposta infame seria discutir com cada categoria correções nos pagamentos dos funcionários públicos somente a partir de 2025.
Adotando uma política de manter e aprofundar a fragmentação do funcionalismo, o governo propôs estabelecer cerca de 60 mesas de negociação com diferentes setores do funcionalismo, nas quais o governo anuncia que garantiria ao menos 4,5% de reajuste para 2025 e 4,5% de reajuste em 2026, deixando os servidores “a verem navios” em 2024.
Política da direita
Com uma conduta de pressão típica da direita neoliberal, foi anunciado que o governo só negociaria com trabalhadores que não entrassem em greve.
Isso quando o próprio presidente Lula, antes da reunião, havia pedido em discurso um acerto de seus ministros com os servidores e reconhecido o direito à greve afirmando que “a gente pode até não gostar, mas elas são direito democrático dos trabalhadores. Não tenho moral para falar contra greve. Nasci nas greves. Então sou obrigado a reconhecer”.
Também antes da reunião, o ministro Fernando Haddad afirmou que não haveria espaço para reajuste em 2024 e que o orçamento do governo estaria fechado. O governo propôs apenas reajustar alguns benefícios pagos a servidores, como auxílio alimentação e auxílio saúde.
Mobilizar todo o funcionalismo
O bem sucedido ato realizado em Brasília no último dia 17 foi um importante passo na retomada da luta dos servidores públicos. Trabalhadores das universidades, docentes universitários, estudantes e servidores de outros segmentos do executivo federal ocuparam a Esplanada, num ato que contou com a participação de mais de 5 mil manifestantes, oriundos de diversos estados e regiões do país.
É enorme a indignação da categoria, pois o não reajuste em 2024 é uma afronta contra os servidores, diante da inflação acumulada desde 2017 e do fato de que o governo Lula foi eleito justamente pelos trabalhadores – incluindo aí os servidores públicos de todas as esferas – para resolver essa situação.
O governo precisa considerar que é preciso manter sua base de apoio do seu lado, até porque o momento é de crise e emparedamento, pois a direita e a extrema-direita reacionárias querem do atual governo o compromisso de não atender às demandas do funcionalismo; ou seja, a continuidade do ataque ao funcionalismo que marcou os governos golpistas de Temer e Bolsonaro.
Os servidores precisam intensificar a mobilização; buscando superar a divisão que a direita (de dentro e fora do governo) busca impor.
É hora de unificar na luta todo o funcionalismo federal, junto com os servidores das universidades, contra a política de congelamento que a direita tenta impor.
Por isso, é necessário:
- Assembleias unificadas em todos os Estados;
- Atos em todo o País;
- Plenária Nacional massiva dos Servidores com delegados de base;
- Nova Marcha a Brasília, com centenas de milhares de servidores na Esplanada como instrumento de pressão para o atendimento das reivindicações.