Desde o fim da semana passada, os colonos israelenses intensificaram suas investidas armadas, incendiando propriedades e ameaçando moradores. No dia 13 de abril, colonos israelenses armados perpetraram ataques contra palestinos, suas residências e veículos na região da Cisjordânia sob ocupação, derrubando casas e destruindo instalações agrícolas na área de Masafer Yatta, ao sul da cidade de Hebron, além de perseguir e ameaçar pastores palestinos em Wadi Al-Juwaya, na mesma região, impedindo seu acesso às pastagens.
Hordes of settlers continue to wreck havoc in Palestinian occupied territory .. another attack on Al-Mughair village near Ramallah that left a 35 year old man dead and so many houses and cars burnt. #ApartheidIsrael pic.twitter.com/pBcXuOMzqi
— Amal Jadou (@AmalJadou7) April 12, 2024
No mesmo dia, grupos milícias de colonos invadiram aldeias palestinas próximas às cidades de Ramalá e Nablus, na Cisjordânia ocupada, aterrorizando os residentes palestinos pelo segundo dia consecutivo. Relatos locais indicam a presença de multidões de colonos nas aldeias de Silwad e Turmusayya, próximas a Ramalá, e em Duma, próxima a Nablus.
A violência iniciou-se na sexta-feira, quando centenas de colonos incendiaram moradias e veículos na aldeia de Al-Mughayyir. Pelo menos um palestino foi morto e mais de 30 ficaram feridos após serem baleados e agredidos fisicamente pelos colonos. A polícia israelense, que rotineiramente protege essas multidões violentas, prendeu vários palestinos feridos.
“Meu filho saiu para defender nossa terra e nossa honra, e isso foi o que aconteceu”, lamentou Abu Alia aos repórteres em um hospital em Ramalá, para onde o corpo de seu filho foi levado. Moradores locais relataram que os colonos roubaram cerca de 70 ovelhas da aldeia palestina.
Palestinians bid a farewell to slain youth Jehad Abu Alia, murdered in cold blood by Israeli settler militias in the village of Al Mughayir, northeast of Ramallah, this afternoon. pic.twitter.com/04O4bkIaf7
— Quds News Network (@QudsNen) April 12, 2024
Além disso, os colonos atacaram a comunidade árabe Al-Mleihat, próxima à estrada Ma’arajat, a oeste da cidade de Jericó. Hassan Mleihat, supervisor geral da Organização de Defesa dos Direitos Beduínos, denunciou a invasão armada dos colonos à comunidade, onde perseguiram e intimidaram os palestinos. No domingo, 14 de abril, houve ataques a veículos palestinos no noroeste de Nablus, na Cisjordânia.
Todos os 720 mil colonos israelenses encontram-se ilegalmente na Cisjordânia, conforme o direito internacional, que também proíbe a construção de assentamentos em territórios ocupados. Israel estabeleceu 250 desses assentamentos em território palestino ocupado. Autoridades de saúde palestinas relatam que mais de 460 palestinos foram mortos por tropas israelenses e grupos extremistas de colonos na Cisjordânia ocupada desde outubro, enquanto o Ministério de Segurança Nacional de Israel emitiu milhares de licenças de porte de armas e forneceu armas diretamente aos colonos.
A violência israelense na Cisjordânia ocupada tem aumentado dramaticamente desde o início dos conflitos em Gaza. Os ataques do exército contra cidades e vilarejos da Cisjordânia tornaram-se quase diários. Além disso, foram relatadas a criação de pelo menos dois novos postos avançados pelos colonos nos últimos dois dias no Vale do Jordão e nas Colinas do Sul de Hebron, próximos a comunidades palestinas que têm sido alvo frequente de ataques.
BREAKING: Palestinians in the West Bank have begun tearing down Israel’s apartheid wall.
Iran’s counterattack has inspired an uprising. pic.twitter.com/uNvByFLHz7
— sarah (@sahouraxo) April 13, 2024
O recente ataque do Irã parece ter dado novo fôlego à Resistência Palestina na Cisjordânia. No sábado, palestinos foram vistos derrubando parte do muro que divide o território ocupado, enquanto o Irã lançava ataques contra Israel. Em vídeos compartilhados pela internet, dezenas de palestinos podem ser vistos derrubando partes do muro, conhecido como muro do apartheid, enquanto espectadores aplaudem e comemoram.
O Irã lançou uma série de ataques com mísseis e drones contra Israel em retaliação a um ataque ao consulado de Teerã em Damasco no início deste mês, que resultou em várias mortes, incluindo dois comandantes seniores do braço da Força Quds do Corpo da Guarda Revolucionária Iraniana.
Diante desses acontecimentos, a resistência aos ataques do exército e aos pogroms dos colonos tem se intensificado, com relatos indicando que os grupos palestinos de resistência foram fortalecidas pela entrada de armamentos do Irã.
Em resposta a onda de ataque dos colonos israelenses, o Movimento Resistência Islâmica (Hamas) convocou uma mobilização revolucionária contra a “escalada de ataques frenéticos”. O Hamas não está sozinho nessa convocação.
O porta-voz militar das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa (antigo braço militar do partido Fatá), Abu Jihad, publicou uma mensagem incentivando a mobilização revolucionária do povo palestino. “Reafirmamos nossa firme determinação de que nosso povo na Cisjordânia enfrentará esta nova ofensiva terrorista e a frustrará, assim como nosso povo em Gaza frustrou todas as tentativas de subjugar e deslocá-los”, também reforça o chamado da Jiade Islâmica.