Claudia Sheinbaum, a presidente eleita do México, vem sendo amplamente celebrada pela grande imprensa como uma figura progressista. Em uma publicação no dia 12 de outubro, Sheinbaum afirmou que “oferecer desculpas pelos crimes cometidos não é vergonhoso, mas sim um gesto que engrandece e aproxima os povos”, referindo-se à chegada dos colonizadores espanhóis nas Américas. Esse tipo de discurso reflete o posicionamento típico de figuras identitárias, que procuram tratar problemas históricos como questões meramente simbólicas, oferecendo desculpas e reconhecimento simbólico ao invés de propor mudanças estruturais reais.
No entanto, Sheinbaum não apenas segue essa linha identitária, mas também mantém laços estreitos com o sionismo, o que revela um duplo padrão em sua política. Enquanto ela se mostra disposta a criticar a colonização espanhola, não faz o mesmo em relação ao colonialismo contemporâneo, especificamente o que é exercido por “Israel” contra os palestinos.
A mensagem de Sheinbaum sobre o “Dia da Raça” e a colonização espanhola segue a lógica típica das políticas identitárias. Ao reconhecer que os índios já existiam antes da chegada dos europeus e ao pedir desculpas pelos crimes cometidos pelos colonizadores, Sheinbaum apela para um discurso promovido pela esquerda pequeno-burguesa e por setores do imperialismo, como forma de apaziguar conflitos históricos sem a necessidade de mudanças econômicas ou sociais profundas.
Essa política é apenas uma forma de desviar a luta real dos oprimidos, substituindo a mobilização revolucionária por políticas simbólicas que não enfrentam os inimigos dos opimidos. A retórica de Sheinbaum, que sugere que pedir desculpas é suficiente para corrigir injustiças históricas, faz parte dessa estratégia que se concentra em questões superficiais, deixando de lado as necessidades materiais dos oprimidos e da classe trabalhadora.
O identitarismo, que tem sido uma ferramenta das ONGs e dos setores ligados ao imperialismo, serve para fragmentar as lutas sociais e desviá-las de uma perspectiva classista e revolucionária. Para Sheinbaum, pedir desculpas é um ato que “engrandece”, mas a verdadeira reparação histórica seria a luta contra o imperialismo, algo que ela e sua política de conciliação com o grande capital não estão dispostos a fazer.
Além de ser uma figura identificada com as políticas identitárias, Sheinbaum mantém uma relação estreita com o lobby sionista, o que torna sua postura ainda mais contraditória. Durante sua gestão como prefeita da Cidade do México, Sheinbaum não apenas se aproximou de grupos pró-“Israel”, mas também defendeu eventos de propaganda sionista em território mexicano, como a celebração do 71º aniversário da criação do Estado de “Israel”.
Esse evento, organizado pela Embaixada de “Israel” no México em maio de 2019, exibiu fotografias de territórios ocupados, como as Colinas de Golã e Jerusalém Oriental, em uma tentativa de normalizar a ocupação e retratar “Israel” como uma nação “pacífica” e “civilizada”. Quando mais de 40 organizações, sindicatos e redes mexicanas protestaram contra o evento, afirmando que ele não respeitava o direito internacional nem a posição oficial do México sobre os territórios ocupados, Sheinbaum, ao invés de apoiar os manifestantes, tomou o lado da Embaixada de “Israel”, acusando os protestos de serem “grupos de ódio antissemitas”. Essa postura alinha Sheinbaum com a política sionista de “Israel”, ignorando o genocídio e a ocupação que esse Estado comete contra os palestinos.
Sheinbaum se encontra regularmente com a Comunidade Judaica do México (CCCJM), uma organização que promove ativamente a solidariedade com “Israel” e organiza eventos culturais e políticos para reforçar os laços entre Israel e o México. A CCCJM, além de promover a imagem positiva de “Israel”, atua como uma frente de lobby pró-sionista no México, tentando influenciar políticas governamentais em favor de “Israel” e da manutenção das relações diplomáticas e econômicas entre os dois países.
Além disso, Sheinbaum também mantém contato com o Comitê Judaico Americano (AJC), uma organização que se dedica a promover os interesses de “Israel” nos Estados Unidos e ao redor do mundo. Em abril de 2024, Sheinbaum se reuniu com representantes do AJC, reforçando seus laços com o sionismo internacional e, mais uma vez, demonstrando seu comprometimento com a defesa de “Israel”, em detrimento das lutas dos povos oprimidos no Oriente Médio.