Nesta sexta-feira (13), a Sociedade de Prisioneiros Palestinos (PPS, da sigla em inglês) confirmou a detenção de 12.100 palestinos na Cisjordânia desde outubro de 2023. Este número de sequestros é apenas referente à Cisjordânia ocupada, sem considerar outras áreas sob domínio das Forças de Ocupação Israelenses (IOF, da sigla em inglês).
12 mil sequestros em uma única região
Desde a resposta vitoriosa da Operação Inundação Al-Aqsa, mais de 12 mil palestinos foram detidos na Cisjordânia ocupada. A população palestina estimada nessa região, em 2021, era de 2,9 milhões. Isso significa que 4,1‰ da população foi aprisionada em pouco mais de um ano. Caso fossem contabilizadas todas as áreas ocupadas, esse índice seria ainda mais alarmante.
Para efeito de comparação, no Brasil, que enfrenta níveis de violência similares aos de zonas de guerra, a população carcerária total em proporção à população nacional equivale a 2,9‰ — número inferior ao registrado na Cisjordânia apenas nesse período recente. Entre as detenções, a maioria ocorreu nas províncias ocupadas de Al-Quds e Al-Khalil.
Mulheres e crianças
Dentre os milhares de palestinos presos, as forças sionistas, como de costume, não fizeram distinção entre homens, mulheres ou crianças. A opressão foi indiscriminada, atingindo setores mais vulneráveis da sociedade com o objetivo claro de semear terror entre os oprimidos.
Nos números divulgados, estão inclusas mais de 440 mulheres, representando 3,6% das detenções. O dado mais chocante, contudo, é a prisão de 795 crianças, que correspondem a 6,5% do total. Essa parcela deveria estar protegida de qualquer realidade prisional, mas é diretamente exposta à brutalidade do regime ocupante.
Censura
A censura imposta pelo sionismo é uma realidade global, impulsionada pela imprensa imperialista e pela conivência de Estados burgueses. Por norma, o sionismo utiliza perseguições judiciais e intimidações diretas para silenciar veículos de comunicação e jornalistas críticos.
Na Palestina ocupada, essa censura assume formas ainda mais severas, incluindo a prisão de dezenas de cidadãos árabes de “Israel” por postagens em redes sociais. Jornalistas palestinos são frequentemente detidos ou assassinados em zonas de conflito.
Um exemplo recente é o caso da cantora e influenciadora de Nazaré, Dalal Abu Amneh, que ficou dois dias presa sob acusação de “comportamento perturbador” e agora está em prisão domiciliar. Sua “ofensa”? Publicar a imagem da bandeira palestina acompanhada da frase em árabe: “Não há vencedor senão Deus”.
Desde o início dos ataques de outubro de 2023, 141 jornalistas foram detidos, dos quais 59 permanecem sob custódia das IOF. Entre eles, estão cinco mulheres e 33 profissionais oriundos de Gaza.
Mais de 10 mil ordens de detenção em um ano
Desde 7 de outubro de 2023, mais de 10 mil ordens de detenção administrativa foram emitidas pelas IOF. Esse número reflete apenas uma das formas de sequestro promovidas pelo regime ocupante. As detenções administrativas não exigem acusações formais. Sem inquéritos, provas ou direito de defesa, os palestinos são mantidos presos por até seis meses, com possibilidade de renovações indefinidas, dependendo apenas do critério das forças israelenses.
Abusos e saques
A PPS denunciou um aumento drástico nas práticas de abuso contra a população da Palestina ocupada. Sob pressão dos combatentes da resistência, o regime sionista intensificou sua repressão. Entre os relatos, destacam-se espancamentos severos, ameaças físicas e verbais a detidos e suas famílias.
Além disso, as IOF têm promovido saques sistemáticos contra o patrimônio da população palestina, destruindo casas e roubando veículos, dinheiro e joias.
Crimes de guerra
Entre as acusações levantadas pela PPS, está o uso de reféns palestinos como escudos humanos, prática que configura crime de guerra. Os detidos são transportados em veículos militares ou forçados a marchar no campo de conflito, servindo como proteção para os soldados israelenses.
Outra prática denunciada é a punição coletiva, com a detenção de familiares dos presos como forma de pressão psicológica e intimidação.
Desde outubro de 2023, as forças de ocupação intensificaram campanhas de execução sumária, inclusive contra parentes de detidos. Os corpos de ao menos 47 palestinos mortos sob custódia permanecem retidos, negando às famílias o direito de sepultar seus entes queridos.