No dia 14 de outubro, o portal libanês Al-Akhbar denunciou a intensificação da intervenção da CIA no Líbano. Segundo a denúncia, os agentes norte-americanos teriam aumentado as atividades contra o Hesbolá, prestando suporte ao terrorismo sionista.
O caso demonstra o verdadeiro papel das agências de inteligência dos países imperialistas em outras regiões do mundo, evidenciando suas estratégias de golpes em países menos desenvolvidos. A denúncia também expõe que a ocupação sionista não consegue se manter ou agir de forma independente do imperialismo, que apoia as políticas de terror de “Israel”, inclusive no assassinato de civis e opositores políticos fora do campo de batalha.
No artigo assinado pelo editor do Al-Akhbar, Ibrahim al-Amin, três oficiais de alta patente dos serviços de segurança libaneses teriam admitido uma comunicação diária e intensiva entre os EUA e militares e agentes das forças de segurança do Líbano, após a eclosão da guerra aberta entre o Líbano e “Israel”.
Os oficiais informantes revelaram que as informações coletadas não estavam relacionadas a ameaças à segurança dos países ocidentais, mas sim a questões estratégicas do Hesbolá. Os agentes da CIA estavam interessados em descobrir as mudanças ocorridas na estrutura de liderança política e militar do Hesbolá, após o recente assassinato do secretário-geral do partido, Hassan Nasseralá.
Na última quinta-feira, 10 de outubro, uma equipe de 15 agentes da CIA desembarcou no aeroporto de Beirute. Esses agentes seguiram em um comboio de carros blindados não identificados para a embaixada americana em Awkar.
A equipe se juntou à célula de trabalho na embaixada, composta por 12 oficiais principais e outros especialistas em recrutamento, gerenciamento de agentes, coleta de informações técnicas e análise de dados. Sherry Baker, que havia realizado reuniões com autoridades libanesas durante visitas a Washington, foi nomeada como nova diretora da CIA em Beirute.
Os informantes também revelaram que ao menos cinco oficiais libaneses de diversos níveis realizaram visitas aos EUA, onde se reuniram com agentes de inteligência em Langley, sede da CIA.
O foco dos agentes da CIA são as lideranças do Hesbolá. Segundo um dos informantes, os agentes “continuaram a se comunicar com as forças militares, de segurança e executivas no Líbano após a guerra, fazendo perguntas sobre a forma e o conteúdo dessa comunicação”.
Há suspeitas de que essa operação tenha contribuído para a tentativa de assassinato de Wafiq Safa, chefe do Comitê de Ligação e Coordenação do Hesbolá. Safa tinha sido encarregado de mediar questões relacionadas à guerra com “Israel” junto a autoridades libanesas.
Apesar de a resistência saber que essas comunicações representavam uma ameaça à segurança de Safa, os contatos foram mantidos. O informante afirmou que o Hesbolá acredita que a inteligência americana desempenhou um papel direto na tentativa de assassinato, com a operação baseada em informações fornecidas pelos EUA.
No dia 10 de outubro, um prédio residencial no centro de Beirute foi atingido por ataques aéreos israelenses, matando 22 pessoas e ferindo 117. O Estado de “Israel” declarou que o alvo era Wafiq Safa, mas o ataque não teve sucesso. É importante destacar que Safa não desempenha nenhum papel militar no Hesbolá, o que sugere que o atentado foi parte de uma campanha terrorista dos EUA contra seus opositores.
Essa política de assassinatos tem precedentes, como a implementada contra o Hamas em Gaza, onde forças sionistas assassinaram parentes de Ismael Hanié antes de o matarem. Essas práticas, que refletem desespero, continuam a ser utilizadas, mas não enfraqueceram a resistência, que permanece firme.
Com o enclave sionista sofrendo derrotas em várias frentes, o imperialismo recorre à corrupção de setores da burocracia estatal, estratégia conhecida também na América do Sul, com exemplos como os golpes de 1964 e 2016 no Brasil. Os agentes imperialistas, sem pudores, continuam suas campanhas de corrupção. Recentemente, Lisa Johnson, em clara demonstração da estratégia, apelou às forças políticas libanesas para trabalharem em um “Líbano pós-Hesbolá”, intensificando a campanha para corromper a burocracia local e criar uma oposição artificial ao Hesbolá.