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Coluna

Chuck D, ex-Public Enemy, é cooptado pelo imperialismo

Chuck D é um triste exemplo de como a falta de uma formação política sólida pode fazer de um artista, que antes representava algo combativo, em mais um instrumento do imperialismo

É fundamental compreendermos que a posição ideológica de artistas é, muitas vezes, confusa e até errada. Sem uma sólida formação política, é comum que muitos acabem adotando posturas vacilantes e, por vezes, reacionárias. Como militantes dos Grupos por uma Arte Revolucionária Independente (GARI), sempre defendemos que a luta revolucionária deve necessariamente incluir as artes e a cultura como campos estratégicos de combate ao capitalismo, de modo a trazer os artistas e trabalhadores da cultura às fileiras da revolução.

Historicamente, observamos como a burguesia cooptou artistas de valor para servirem como instrumentos da contrarrevolução ou da propaganda imperialista. No contexto atual, temos o caso emblemático de Chuck D, lendário rapper do grupo Public Enemy, conhecido por músicas como “Fight The Power”, que incitavam os oprimidos (particularmente os negros) a confrontarem o poder e o sistema opressor. Admirador dos Panteras Negras e de Malcolm X, Chuck D chegou a dizer que fazia parte do “programa de almoço dos Panteras Negras”, iniciativa que envolvia fornecer comida gratuita para crianças negras a fim de introduzi-las cedo na luta política. Ele foi, inclusive, considerado por muitos como “o Malcolm X com um microfone”.

No entanto, testemunhamos agora uma completa capitulação ideológica por parte do artista. O Departamento de Estado dos EUA (presidido por Anthony Blinken), em conluio com o YouTube (Google), lançou um novo programa intitulado “Embaixadores Globais da Música”, no qual Chuck D foi incorporado, ao lado de outros artistas, como Herbie Hancock. Essa iniciativa remonta às práticas da Guerra Fria, quando o imperialismo estadunidense utilizava a música, especialmente o jazz, como uma forma mais sutil de fazer propaganda contra os países da União Soviética, promovendo apresentações culturais financiadas pelo próprio Estado burguês e programas de rádio clandestinos.

Embora não mais exista a Cortina de Ferro, o imperialismo ainda utiliza tal tática para cooptar seus inimigos, com a inclusão proeminente de artistas negros, numa tentativa de ajustar toda a iniciativa aos conformes da política identitária do imperialismo norte-americano.

O caso de Chuck D é um triste exemplo de como a falta de uma formação política sólida pode transformar um artista, que outrora representava algo combativo, em mais um instrumento a serviço da burguesia. Evidentemente, o sucesso e a fama do artista o levam a se render a esse jogo. O imperialismo penetra em todas as esferas da vida, inclusive nas artes e na cultura. Portanto, é imperativo que intensifiquemos a luta e fortaleçamos a organização revolucionária também nesses campos, visto que o setor é um dos mais afetados pela pesada campanha identitária pró-imperialista.

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