O nazismo ucraniano está crescendo na Alemanha e nas fileiras militares dos países imperialistas, especialmente europeus. Assim noticia publicação do portal de noticiais norte-americano independente The Grayzone, reproduzindo informações do Junge Welt, jornal diário alemão.
Segundo referidos órgãos de imprensa, uma organização chamada Centúria já está firmada em seis cidades alemãs, e busca expansão. Seu crescimento e sua consolidação nestes locais se deu sem nenhuma oposição do aparato de repressão (polícia) alemã.
Conforme se noticia, a Centúria surgiu em 2020, nas proximidades de Kiev. Foi formada por membros da Milícia Nacional (National Milita, na tradução em inglês) de Kiev, uma milícia vinculada ao Batalhão Azov que existiu em 2017 e 2020, criada para auxiliar o aparato oficial de repressão do regime golpista ucraniano.
A Centúria (Centuria Group, na tradução em inglês) também é ligada ao Azov, tendo promovido a ideologia do batalhão aos cadetes da Academia Nacional Hetman Petro Sahaidachny (NAA), do Exército Ucraniano. Sobre essa academia militar, algo fundamental deve ser destacado: é a principal instituição de educação militar da Ucrânia e um importante centro de assistência militar do imperialismo ao país.
Destacando a ligação da Centúria com o Azov, o Grayzone informa que um dos líderes da Centúria, Igor “Tcherkas” Mikhailenko, foi também comandante do referido batalhão, nos anos de 2014 e 2015. Igualmente, fez parte da organização nazista Patriotas da Ucrânia, liderando a divisão de Kharkiv.
Segundo o Junge Welt, em 24 de agosto de 2023, membros do grupo fizeram uma marcha em comemoração ao 32º aniversário da independência da Ucrânia, onde bandeiras da OUN foram empunhadas. Sigla inglesa para Organização dos Nacionalista Ucranianos, a OUN é uma organização nazista fundada na Ucrânia em 1929. Aliou-se diretamente com tropas da SS que invadiram e ocuparam a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Os ucranianos nazistas da OUN e de outras organizações foram responsáveis pelo assassinato de dezenas ou mesmo centenas de milhares de eslavos e judeus na década de 40, na Ucrânia ocupada. Um de seus principais líderes foi Estepan Bandera, louvado pelos fascistas que deram o golpe de 2014 na Ucrânia, conhecido como Euromaidan.
O Grayzone informa ainda que estes mesmos nazistas da Centúria estão fazendo campos de treinamento nas montanhas de Harz, no interior da Alemanha, junto de outra organização ucraniana, de nome Plast, que data do início do século XX (1911, especificamente). Segundo o portal norte-americano, à medida que os EUA reduzem seu financiamento à Ucrânia, a Alemanha se tornará o principal avalista da guerra. E dado o avanço do nazismo ucraniano na Alemanha, caso o governo resolva recuar, problemas surgirão. Nesse sentido, é citada a declaração de Zelenski ao jornal britânico The Economist, em 2023, quando do fracasso da contraofensiva:
“Não há como prever como os milhões de refugiados ucranianos nos países europeus reagiriam ao abandono de seu país.”
O Grayzone explica, então, baseado em conclusões de relatório realizado pelo Instituto de Estudos Europeus, Russos e Eurasiáticos (IERES) da Universidade George Washington, que a Centúria recebe apoio do alto escalão da política Europeia, especificamente de um setor de militares europeus que desejam mudar a linha de atuação de seus respectivos exércitos, distanciando-se dos “burocratas e políticos de Bruxelas”, defendendo a “identidade cultural e étnica” do povo europeu.
Conforme o estudo, no ano de 2018, o braço militar da Centúria começou a treinar na já citada Academia Nacional do Exército Hetman Petro Sahaidachny (NAA) da Ucrânia.
Citando novamente o Junge Welt, o Grayzone noticiou que “em abril de 2021, [Centúria] afirmou que desde o seu lançamento, os membros participaram em exercícios militares conjuntos com a França, o Reino Unido, o Canadá, os EUA, a Alemanha e a Polônia”, acrescentando que muitos membros do grupo realizaram treinamentos militares em uma base da OTAN em Iavoriv (cidade ucraniana na província de Lviv), próximo da fronteira com a Polônia.
Ademais disto, segundo o Junge Welt, a própria Centúria afirma que atua dentro das forças armadas ucranianas ao menos desde 2019, tendo inclusive oficiais como parte de seus quadros. Como membros do exército ucraniano, os nazistas da Centúria possuem “acesso a programas ocidentais de treino, militares e de intercâmbio”.
Nesse sentido, é citado o caso do cadete da NAA, Kyrylo Dubrovskyi, que participou do Curso de Treinamento de Oficiais da Academia Militar Real de Sandhurst, na Grã-Bretanha, com duração de 11 meses. Segundo o relatório do IERES, o recém-formado oficial “demonstrou grande interesse nos assuntos da Centúria”.
Segundo o Grayzone, Dubrovskyi teria narrado um vídeo promocional da Centúria, publicado no canal do grupo na rede Telegram em maio de 2020, em que os membros dos grupos são vistos marchando em um evento da NAA, em Lviv, com Dubrovskyi dizendo “nossos oficiais estão formando o novo exército da Ucrânia… nós somos a Centúria. Estamos em todo lugar… defendemos seus territórios, suas tradições até a última gota de sangue”.
Ainda em 2020, também em seu canal, o grupo frisou que sua infiltração no exército ucraniano, influenciado principalmente o alto escalão, era apenas uma etapa do caminho para chegar à “elite política da Ucrânia”, com a finalidade de “realizar mudanças sociais”, conforme reportou o Grayzone.
Nesse sentido, o relatório IERES também constatou que a Centúria “foi capaz de fazer proselitismo com a futura elite militar da Ucrânia dentro da NAA”.
Quanto ao escopo da influência dos neonazistas ucranianos nos militares dos países imperialistas, o Grayzone diz mais sobre Dubrovskyi, informando que o militar ucraniano teve contato com “cadetes estrangeiros que visitaram a Academia [Militar Real de Sandhurst]” quando de seu treinamento para oficial e “‘em diversas ocasiões escoltou delegações estrangeiras que visitaram a Academia’, incluindo cadetes da Força Aérea dos EUA e do exército francês”.
Assim, embora não seja possível precisar o intuito da doutrinação nazista que Dubrovskyi promoveu para os soldados europeus e norte-americanos com os quais teve contato na academia militar britânica, o Grayzone informa que a conclusão do relatório publicado pelo IERES é de que “Dubrovskyi e Centúria aproveitaram o seu estatuto de cadete de Sandhurst” para promover a milícia fascista e o nazismo ucraniano.
De forma que, todo o exposto acima indica que um setor da burguesia imperialista está criando um exército de nazistas, feito de imigrantes ucranianos.