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Coluna

Casagrande: o campeão é brasileiro, mas o mérito é do português

Casagrande é um dos porta-vozes daquilo que Nelson Rodrigues chamou de “complexo de vira latas”

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

A imprensa esportiva brasileira, a cada oportunidade, não consegue esconder seu capachismo para com os poderosos europeus. Walter Casagrande Jr., ex-comentarista da Rede Globo e atualmente no portal Uol, é uma das principais personificações dessa característica desprezível.

O Botafogo ganhou sua primeira Copa Libertadores da América. Foi um título merecido. Na final, contra o Atlético-MG, jogou praticamente o jogo inteiro com um jogador a menos, e foi melhor, de fato, em todo o jogo. Fez 3 a 1 e ganhou o título inédito.

Seria o momento de celebrar o futebol brasileiro. Afinal, mais um clube brasileiro se sagrou campeão da copa continental, em mais uma final com equipes brasileiras. O domínio brasileiro ficou mais uma vez estabelecido. Os jogadores brasileiros foram os grandes destaques da competição. Mas com Casagrande, nunca é assim.

O comentarista, cuja marca nos últimos tempos tem sido a de pentelhar os jogadores brasileiros, especialmente o principal deles, Neymar, elegeu, em coluna para o Uol publicada logo após a final, o “herói” do time campeão: o treinador português, Artur Jorge. 

“Vimos uma aula tática do treinador Artur Jorge”, destaca Casagrande. O “técnico do Botafogo deu um verdadeiro nó tático em Gabriel Milito”, complementou. “O trabalho de Artur Jorge foi, sem dúvida, o principal diferencial nesta final (…) Claro, todos os jogadores foram brilhantes, mas, no momento de maior dificuldade, o treinador mostrou por que é tão respeitado e a confiança que sua equipe deposita nele”, concluiu.

Casagrande é um entusiasta dos treinadores estrangeiros, dos jogadores estrangeiros, dos dirigentes estrangeiros. Numa final dominada por brasileiros, em que o atacante Luiz Henrique, do Botafogo, marcou um gol e criou um pênalti que resultou no segundo gol do time carioca; numa competição em que o artilheiro (Júnior Santos, do Botafogo) e o vice-artilheiro (Paulinho, do Atlético-MG) foram brasileiros, Casagrande apontou como destaque… o treinador português. 

Casagrande é um dos porta-vozes daquilo que Nelson Rodrigues chamou de “complexo de vira latas”. Sua função é propagandear opiniões que veiculam a ideia da inferioridade brasileira, a inferioridade do jogador e do treinador brasileiros. Para a manutenção da dominação de classe sobre outra, é fundamental estimular a ideia e o sentimento, no seio dos dominados, de sua inferioridade. Parabéns, Casagrande! Você tem feito um grande trabalho nesse sentido.

E parabéns, Botafogo, pelo título de campeão da América!

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