Em breve, Alexandre de Moraes deixará de ser o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A um primeiro momento, a notícia deveria despertar muita alegria entre os defensores das liberdades democráticas, uma vez que “Xandão” se valeu de sua posição para praticar todo tipo de barbaridade à frente do tribunal. Em nome de uma suposta defesa do “Estado Democrático de Direito”, Moraes, agindo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), do qual também é membro, levou adiante uma sequência infindável de perseguições, das quais se destaca a suspensão de todos os perfis do Partido da Causa Operária (PCO) na Internet.
Diz o ditado popular que alegria de pobre dura pouco. E é verdade. Por mais maravilhosa que seja a ideia de um TSE sem a chefia de Alexandre de Moraes, o fato é que o fim de seu mandato coincide com uma mudança geral na política do imperialismo. Justo quando o mandato de Xandão está prestes a terminar, o imperialismo já não precisa mais de seus esforços. Na verdade, o que o conjunto da burguesia procura, neste momento, é trazer Moraes de volta aos bastidores, uma vez que sua figura acabou aumentando a polarização no País.
A opção da burguesia por descartar Moraes nada tem a ver com uma mudança dos capitalistas na forma como veem a liberdade de expressão. Pelo contrário. A tendência mundial é de impor uma repressão muito brutal contra todos os povos do mundo. A crise da dominação imperialista, testemunhada em acontecimentos como a guerra da Ucrânia e a Operação Dilúvio de al-Aqsa, levou o imperialismo a lançar mão de uma operação ampla para reprimir qualquer oposição à ordem vigente. Tal política pode ser facilmente comprovada na repressão aos estudantes norte-americanos.
A palavra de ordem do momento é “mais repressão e mais censura”. Sendo assim, por que, então, a burguesia não decidiu manter Xandão por mais tempo no TSE? Por um motivo simples: como o plano é aumentar ainda mais a repressão, é preciso fazer isso com maior disfarce, para evitar que a situação exploda.
Para isso, o imperialismo já tem o nome certo. No editorial Firmeza sem arbítrio, o jornal O Estado de S. Paulo rasga elogios à próxima presidente da Corte: Cármen Lúcia. Ou, como ficou conhecida por seus desafetos, Cármen Lúcifer.
Diz o Estadão:
“Ao combinar reputação inquestionável de defesa democrática com moderação e discrição no exercício de suas funções – conjugação saudável que pode livrar a instituição que presidirá do ativismo judicial e político indesejado –, Cármen Lúcia pode ser o nome certo para refazer um equilíbrio há muito perdido. Em outras palavras, promover o devido freio em práticas arbitrárias que têm inspirado a acusação de que Alexandre de Moraes vem instaurando uma espécie de ‘ditadura judicial’.”
O plano da burguesia aparece, aqui, de maneira cristalina. Cármen Lúcia aparecerá como a pessoa “moderada”, a pessoa que deve ser apoiada pelo conjunto da burguesia na atual etapa. Etapa que consistirá em uma dura repressão.
Vale lembrar que Cármen Lúcifer já tem um largo histórico de maldades contra o povo brasileiro. Em outro momento delicado da recente história nacional, lá estava ela cumprindo um papel chave. Logo após a derrubada do governo de Dilma Rousseff, tornou-se ministra do STF. A “moderada” teve um papel decisivo para a consolidação do golpe, dando todo o respaldo legal necessário para que Michel Temer (MDB) iniciasse a sua “ponte para o futuro”.