Na última semana, em um movimento que representa mais um passo da guinada à direita na política externa brasileira, o assessor especial Celso Amorim reafirmou a negativa do governo à entrada da Venezuela nos BRICS. Em declarações recentes, Amorim alegou que o Brasil não apoia o ingresso do país vizinho no bloco devido a uma “quebra de confiança” por parte do governo Maduro, que, segundo ele, “fez promessas que nunca cumpriu” em relação à entrega das atas da eleição presidencial de julho.
Essa justificativa, que se distancia de questões democráticas e se concentra na “confiança” ou na falta dela, mascara a verdadeira motivação do governo brasileiro: uma rendição completa às pressões do imperialismo. Sob uma fachada de pragmatismo e interesse nacional, o governo Lula se afasta dos seus aliados históricos e alinha sua política externa aos interesses daqueles que há décadas impõem sanções e embargos que destroem as economias dos países oprimidos.
Ao contrário do esperado de um governo que se autodenomina progressista, o Brasil, em vez de fortalecer laços com nações que resistem à dominação norte-americana, se curva diante das exigências imperialistas. A decisão de barrar a Venezuela, um dos países que mais têm sofrido com as sanções econômicas dos EUA e o isolamento imposto pela ordem global, não apenas enfraquece o bloco dos BRICS, mas também compromete a soberania latino-americana em benefício das potências ocidentais.
Amorim ainda argumentou que a entrada de novos membros no BRICS deveria ser “muito bem estudada” e que é preciso uma “concepção estratégica das admissões”. Essa postura revela, na verdade, um medo profundo de assumir um posicionamento firme e de desafiar a ordem global dominada pelo imperialismo. Em um momento de escalada de tensões globais, com uma iminente ameaça de guerra mundial, seria essencial que o Brasil fortalecesse suas alianças com países como a Venezuela, que representam uma resistência concreta ao avanço das potências ocidentais.
A escolha do governo brasileiro de virar as costas para a Venezuela coloca em risco a soberania dos povos latino-americanos e abre precedentes perigosos. Na prática, essa postura abandona o povo venezuelano, já devastado por uma crise econômica intensificada por embargos, à mercê do imperialismo. A capitulação do Brasil nesse episódio evidencia uma política externa baseada em fraqueza e covardia, que prioriza o alinhamento com os interesses das potências imperialistas em vez de apoiar os países oprimidos que resistem.
Ao recusar o ingresso da Venezuela nos BRICS, o governo Lula compromete não apenas a independência do Brasil, mas também a própria integridade do bloco como uma alternativa à hegemonia dos EUA.