Previous slide
Next slide

Política Internacional

Capacho dos EUA, União Europeia não reconhece reeleição de Maduro

Fazendo coro com o governo norte-americano, União Europeia não reconhece eleições venezuelanas e declara Edmundo González presidente

Neste domingo (4), a União Europeia (UE) declarou que não reconhece os resultados das eleições na Venezuela, as quais resultaram na reeleição do presidente Nicolás Maduro para um mandato de seis anos. Segundo o CNE, Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, Maduro foi vitorioso com 51,95% dos votos contra 43,18% de Edmundo González.

“A União Europeia continua a acompanhar os acontecimentos na Venezuela com grande preocupação. Relatórios de missões internacionais de observação eleitoral afirmam claramente que as eleições presidenciais de 28 de julho não atenderam aos padrões internacionais de integridade eleitoral”, afirma trecho da declaração publicada no sítio do Conselho da União Europeia.

Mostrando todo o capachismo do bloco ao governo norte-americano, outra parte da declaração mostra – assim como fez o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken – que a UE reconhece a suposta vitória de Edmundo González Urrutia. “Cópias dos registros de votação eleitoral publicados pela oposição e revisados ​​por diversas organizações independentes indicam que Edmundo González Urrutia parece ser o vencedor das eleições presidenciais por uma maioria significativa”, continua o documento.

Ainda assim, a declaração da UE se diz preocupada “com o número crescente de detenções arbitrárias e o assédio contínuo da oposição”. “A União Europeia apela às autoridades venezuelanas para que ponham fim às detenções arbitrárias, à repressão e à retórica violenta contra membros da oposição e da sociedade civil, e para que libertem todos os presos políticos”, afirma.

Para contestar a vitória de Maduro, todos os países e blocos imperialistas estão utilizando o que chamam de registros de votação eleitoral publicados pela oposição e revisados por “diversas organizações independentes”. Segundo essas organizações “independentes”, Urrutia obteve 67% dos votos (7.156.462 votos), enquanto Maduro recebeu 30% (3.241.461 votos). A oposição alega ter 81,7% dos boletins de urnas, totalizando 24.532 das 30.026 mesas de voto instaladas em 15.700 centros de votação.

Por outro lado, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades da Venezuela neste sábado (3) para manifestar seu apoio ao presidente venezuelano reeleito no último dia 28 de julho. Os chamados de mobilização têm sido feitos pelo próprio Maduro e os “Colectivos”, grupos paramilitares e populares que estão dispostos a lutar para defender o regime chavista e barrar a ofensiva golpista no país.

 

 

Mobilização nas ruas em defesa de Maduro
Grande manifestação em defesa e apoio à Maduro na Venezuela

Já o governo brasileiro se encontra extremamente pressionado em relação ao tema. De um lado, um país vizinho aliado e denunciando uma clara tentativa de golpe do imperialismo contra o povo venezuelano. Do outro, o presidente dos EUA ligando para Lula com intenção de aliar o governo do Brasil com a posição do imperialismo contra Maduro.

Em uma nota conjunta entre Brasil, México e Colômbia, os governos felicitaram a ampla participação da população venezuelana nas últimas eleições e disseram estar acompanhando com a atenção. “As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados”, diz trecho da nota.

A nota dúbia divulgada pelos três governos foi elogiada tanto por Maduro, quanto pela principal liderança da oposição venezuelana, María Corina Machado. Maduro classificou o comunicado, divulgado na quinta-feira (1º), como “muito bom”. “Emitiram um comunicado muito bom, muito bom. Parabenizo o presidente Petro, Lula e López Obrador. Agradeço por toda a Venezuela”, disse.

Corina, por sua vez, afirmou o seguinte:

“Como venezuelana, fico muito agradecida pela resposta de alguns governos, de alguma maneira próximos a Maduro – como Brasil, Colômbia e México -, e que assumiram posições muitos firmes para que a verdade eleitoral seja conhecida. Agradeço a posição nítida do governo do Brasil e do presidente Lula, ao exigir que se divulguem os boletins, um a um.”

Nesta segunda-feira (5), Emmanuel Macron, presidente francês, ligou para o presidente Lula para também elogiar a nota sobre as eleições na Venezuela. Segundo o Palácio do Planalto, na conversa, Lula chegou a reiterar o compromisso brasileiro com a busca de uma “solução pacífica” entre as partes, reforçando que é necessário respeitar a soberania do povo venezuelano.

Também na segunda-feira (5), o Brasil decidiu assumir formalmente a custódia das embaixadas da Argentina e do Peru em Caracas. “O Governo da República Bolivariana da Venezuela e o Governo da República Federativa do Brasil informam que chegaram a acordo para que a custódia dos locais das Missões Diplomáticas da República Argentina e da República do Peru, incluindo seus bens e arquivos, bem como a representação de seus interesses e de seus nacionais em território venezuelano, sejam representadas, a partir de 5 de agosto de 2024, pela Embaixada da República Federativa do Brasil em Caracas”, diz nota conjunta.

Na semana passada, uma bandeira brasileira já havia sido hasteada na embaixada da Argentina. O pedido para o Brasil fazer a custódia teria sido feito pelos dois países vizinhos. Nesta segunda-feira, o presidente brasileiro chegou ao Chile, onde se encontrou com o presidente Gabriel Boric para tratar de vários assuntos, entre eles, as eleições da Venezuela. É importante lembrar que Boric, considerado o representante da “nova esquerda” latino-americana, foi uma das primeiras pessoas a sair a público para atacar o processo eleitoral do país vizinho logo após o termino das votações e ficar ao lado do imperialismo.

Edmundo González se declara presidente e exige golpe militar e policial contra Maduro

Por meio de comunicado publicado em sua conta oficial no X (antigo Twitter), Edmundo González se proclamou, nesta segunda-feira (5), presidente da Venezuela. “Nós ganhamos esta eleição sem qualquer discussão […] Prossiga, de imediato, a proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República”, diz a nota assinada por ele e por María Corina Machado.

No documento, o fantoche da CIA na Venezuela também pede que o exército e a polícia venezuelanos se levantem contra o governo Maduro e tirem o presidente democraticamente reeleito do poder à força. González ainda “oferece garantias a quem cumprir com seu dever constitucional” de golpear o presidente venezuelano.

“Membros das Forças Armadas e dos corpos policiais, atendam aos seus deveres institucionais, não reprimam o povo, acompanhem-no”, afirmam os golpistas.

Cabe ressaltar que, para “provar” suas alegações, González utiliza os resultados obtidos pelo Centro Carter, instituto de pesquisa financiado pelo imperialismo norte-americano, no que diz respeito às eleições do dia 28 de julho:

“Vocês sabem que temos as provas irrefutáveis da vitória. O relatório do Centro Carter é demolidor sobre as condições e o resultado eleitoral, enquanto Maduro tenta fabricar alguns resultados quando, além disso, o prazo legal para a publicação dos mesmos já expirou.”

Confira, abaixo, a nota na íntegra conforme tradução feita pelo Diário Causa Operária (DCO):

Venezuelanos, cidadãos militares e funcionários policiais,

Venezuela e o mundo inteiro sabem que nas eleições do passado 28 de julho nossa vitória foi esmagadora. Desde o mais humilde cidadão, testemunha, membro de mesa, oficial das Forças Armadas, polícia, até os organismos internacionais e governos, todos sabem. Com as atas em mãos, o planeta viu e reconheceu o triunfo das forças democráticas.

Fizemos a nossa parte. Realizamos a mais formidável mobilização cívica para que a vitória eleitoral fosse incontestável. É um triunfo obtido com enorme energia e firmeza, e fizemos isso em paz. Obtivemos 67% dos votos, enquanto Nicolás Maduro conseguiu 30%. Essa é a expressão da vontade popular. Vencemos em todos os estados do país e na quase totalidade dos municípios. Desta realidade são testemunhas todos os cidadãos, incluindo os membros do Plano República.

No entanto, Maduro se recusa a reconhecer que foi derrotado pelo país inteiro e, diante do legítimo protesto, lançou uma brutal ofensiva contra dirigentes democráticos, testemunhas, membros de mesa e até mesmo contra o cidadão comum, com o propósito absurdo de querer ocultar a verdade e, ao mesmo tempo, tentar encurralar os vencedores.

Fazemos um apelo à consciência de militares e policiais para que se coloquem ao lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa violação massiva de direitos humanos, o alto comando se alinha com Maduro e seus interesses vis. Enquanto vocês estão representados por esse povo que saiu para votar, por seus companheiros das Forças Armadas Nacionais, por seus familiares e amigos, cuja vontade foi expressa no dia 28 de julho e vocês conhecem.

Estamos conscientes de que em todos os componentes das Forças Armadas Nacionais está presente a decisão de não reprimir os cidadãos que de forma pacífica reivindicam seus direitos e sua vitória. Os venezuelanos não são inimigos das Forças Armadas Nacionais. Com essa disposição, os chamamos a impedir as ações de grupos organizados pela cúpula madurista, uma combinação de esquadrões militares e policiais e grupos armados à margem do Estado, que golpeiam, torturam e também assassinam, sob o amparo do poder maligno que representam. Vocês podem e devem parar essas ações imediatamente. Urgimos a impedir o desenfreio do regime contra o povo e a respeitar, e fazer respeitar, os resultados das eleições de 28 de julho. Maduro deu um golpe de Estado que contraria toda a ordem constitucional e quer os tornar seus cúmplices.

Vocês sabem que temos as provas irrefutáveis da vitória. O relatório do Centro Carter é demolidor sobre as condições e o resultado eleitoral, enquanto Maduro tenta fabricar alguns resultados quando, além disso, o prazo legal para a publicação dos mesmos já expirou.

Membros das Forças Armadas e dos corpos policiais, atendam aos seus deveres institucionais, não reprimam o povo, acompanhem-no.

Igualmente, pedimos a todos os venezuelanos que têm mães, pais, filhos, irmãos, parceiros que são membros das Forças Armadas Nacionais ou funcionários policiais, que lhes exijam não reprimir, que desobedeçam ordens ilegais e que reconheçam a Soberania Popular, expressa nos votos do domingo, 28 de julho.

O novo governo da República, eleito democraticamente pelo povo venezuelano, oferece garantias a quem cumprir com seu dever constitucional. Além disso, destaca que não haverá impunidade. Este é um compromisso que assumimos com cada um dos venezuelanos.

Nós ganhamos esta eleição sem qualquer discussão. Foi uma avalanche eleitoral, cheia de energia e com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a todos nós fazer respeitar a voz do povo. Prossiga, de imediato, a proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República.

Caracas, 5 de agosto de 2024

Edmundo González Urrutia Presidente Eleito da Venezuela

María Corina Machado Líder das forças democráticas da Venezuela

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.