As eleições municipais em São Paulo deixaram claro que a escolha de Guilherme Boulos como candidato da esquerda foi um erro de todas as formas possíveis, inclusive estratégico. A insistência do PT em apoiar uma candidatura que não representa os interesses da classe trabalhadora resultou em um fracasso eleitoral, refletindo a crise política que o partido enfrenta ao tentar se adaptar ao regime burguês.
Boulos, apresentado como uma alternativa da esquerda, nunca foi um candidato do povo. Trata-se de uma figura artificial e desconectada dos interesses reais dos trabalhadores. O apoio do PT a sua candidatura foi uma tentativa de criar uma frente que, em última análise, não representava nem o próprio PT, muito menos a classe trabalhadora. Essa aliança foi, na verdade, um sintoma de uma esquerda que se distancia das massas e tenta, por meio de alianças frágeis, encontrar relevância.
O eleitorado, em grande parte, percebeu esse problema. Um exemplo disso foi a votação expressiva de cerca de 50 mil eleitores que, supostamente, teriam confundido o número 50, de Boulos, com o 13, do PT. Embora alguns analistas apontem isso como um erro técnico dos eleitores, a verdade é que se tratou de um voto de protesto. Muitos desses eleitores, embora identificados com o PT, não conseguiram apoiar a candidatura de Boulos, que consideram distante das tradições do partido. Esses eleitores preferiram anular seu voto ou expressar sua insatisfação de outra maneira, demonstrando que a candidatura de Boulos não conseguiu capturar o apoio da própria base tradicional da esquerda.
Em um cenário no qual a extrema direita está crescendo e se fortalecendo, a esquerda deveria estar buscando unificar suas forças em torno de uma política combativa e revolucionária. No entanto, o apoio a Boulos revela justamente o contrário: uma esquerda fragmentada, que não consegue oferecer uma alternativa real ao regime burguês e que se contenta com alianças eleitorais de conveniência. Essa política é fatal para qualquer tentativa de barrar o avanço do bolsonarismo, que continua a ganhar terreno enquanto a esquerda se divide e apoia candidaturas incapazes de mobilizar as massas.
O PT, ao apoiar uma candidatura como a de Boulos, revela sua própria fraqueza e falta de direção. O partido precisa urgentemente revisar sua estratégia, se quiser manter alguma relevância no cenário político brasileiro. Continuar a apostar em alianças frágeis e candidatos que não representam uma ruptura com o sistema apenas aprofundará sua crise interna e sua desconexão com as massas populares.