Entre 4 e 6 de junho, ocorre, na cidade de São Paulo, o 39º Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil.
Contando com apenas 263 delegados, sendo que desses, 13 deles são delegados natos e os outros 250 delegados eleitos por critérios definidos pelas respectivas federações, o Congresso, organizado pela Contraf/CUT, se revela extremamente burocratizado, e a falta de participação de delegados e, principalmente, representantes da base da categoria (a maioria dos delegados é composta por diretores dos diversos sindicatos espalhados pelo País) dá o tom de quanto as direções sindicais, na atual etapa da luta dos trabalhadores, se encontram numa verdadeira paralisia no que diz respeito à mobilização da categoria.
Uma outra questão que chama a atenção são os temas das mesas de discussão, que ao todo são cinco. São mesas que discutem reivindicações genéricas: “os desafios da sociedade e dos trabalhadores”; “previdência”; “papel dos bancos públicos no desenvolvimento do país”; “saúde e condições de trabalho”; “igualdade de oportunidade”. Ao mesmo tempo, as reivindicações mais fundamentais da categoria, o que efetivamente mobiliza a categoria, foram esquecidas, como reajuste salarial; reposição de 100% das perdas salariais; fim terceirizações; estatização do sistema financeiros; piso salarial; a política de cargos e salários etc.
O Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil acontece num momento em que a categoria vem sofrendo uma gigantesca ofensiva reacionária dos banqueiros e, nos bancos públicos, a situação não é muito diferente.
A atual direção do Banco do Brasil, mesmo tendo uma presidência escolhida diretamente pelo governo Lula, não foge da política dos bancos privados no sentido da obtenção do lucro a qualquer preço, para satisfazer os interesses, no caso do Banco do Brasil, dos seus acionistas. Sempre é bom lembrar que, no mês de março passado, o Banco do Brasil distribuiu, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, a bagatela de R$12 bilhões, o que equivale a 40% do lucro total, em contrapartida, os funcionários, cerca de 85 mil trabalhadores, repartiram entre si 4% desse total, só que em partes desiguais (é claro), onde os figurões da empresa sempre ficam com a maior parte do bolo.
Todas essas falcatruas e vigarices promovidas pelos banqueiros só podem ser barrada pela intervenção firme e organizada dos trabalhadores através de suas organizações de luta. Os delegados do Congresso dos Funcionários do BB devem exigir dos seus dirigentes sindicais uma postura que efetivamente atenda aos interesses da categoria e, por meio das suas organizações, façam um plano de luta que mobilize de fato os trabalhadores bancários do Banco do Brasil para derrotar os banqueiros e lutar contra o arrocho salarial, as terceirizações, assédio moral, desemprego e, logicamente, pela estatização do sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores.