Dando continuidade às séries de matérias sobre a Campanha Nacional da Categoria bancária, esta edição traz uma importante reivindicação dos movimentos dos trabalhadores em relação ao sistema financeiro e à necessidade de sua estatização.
Totalmente ao contrário do que afirma as campanhas publicitárias dos banqueiros e os grandes capitalistas nacionais e internacionais, são eles os verdadeiros parasitas do dinheiro público.
Vemos frequentes denúncias de corrupção, de concorrência fraudulenta, onde a iniciativa privada obtém ganhos fáceis desviando dinheiro do povo para seus bolsos.
Esse parasitismo capitalista tem seu ponto máximo no capital financeiro. São os banqueiros que mais lucram na sociedade e que absolutamente nada produzem para essa mesma sociedade. É essa situação que dá vigência à luta pela estatização do sistema financeiro, sob o controle dos trabalhadores.
Em contrapartida, vemos empresas estatais e instituições públicas com déficits monstruosos em função da política de transferência do dinheiro público para salvar os grandes capitalistas e banqueiros, cobrindo sempre seus rombos financeiros.
Os banqueiros do setor privado ditam descaradamente a política para os bancos estatais. No governo Bolsonaro, foi instituído o Banco Central “independente”, que impõem uma taxa de juros exorbitante e, consequentemente, aumenta a dívida pública, que faz com que quase 75% do orçamento federal vá parar nas mãos dos banqueiros, inviabilizando o desenvolvimento do País.
A importância do controle dos trabalhadores
Todas essas falcatruas promovidas pela “iniciativa privada” não apenas em suas próprias empresas (concordatas frias e falências fraudulentas) como também no interior das estatais (desvio de verbas etc.) só podem ser bloqueadas pela intervenção firme e organizada dos trabalhadores.
No que diz respeito à luta pelas suas reivindicações mais imediatas (salário, estabilidade no emprego etc.), os trabalhadores devem ser orientados a construírem e consolidarem comissões por empresas, eleitas a partir de cada local de trabalho. Um verdadeiro controle das empresas só é possível a partir dessas comissões eleitas da forma mais direta possível, com mandatos revogáveis, e totalmente desburocratizadas e desatreladas dos interesses patronais. A essas comissões, cabe a tarefa de se instalar nas empresas como um poder paralelo, que, a partir daí, estabeleça um verdadeiro controle sobre empresa, determinando receitas e despesas, os negócios a serem efetuados, eliminando, assim, as maracutaias que os patrões estão acostumados a aplicar.
Uma das formas de se iniciar a luta pela construção do poder das comissões por empresa é através de uma vigorosa campanha pelo estabelecimento e constituição das Cipas, que, apesar de serem comissões paritárias entre patrões e empregados e, portanto, submetidas a limites decisivos; representam um passo importante para o controle e a vigilância dos trabalhadores sobre a situação de saúde e de segurança dentro dos bancos.
A constante pressão da luta dos bancários fez com que alguns bancos estatais instituíssem a eleição de “representantes dos funcionários” para a administração desses bancos (Banco do Brasil e Caixa). Porém, essas representações na empresa pelos funcionários não passam de uma miragem em que a função desses representantes é restrita, imposta por lei, nas deliberações que configurem “conflito de interesse”. Ou seja, exercem o papel de uma figura decorativa, não tendo nenhuma função para as lutas dos trabalhadores.
Ao engodo dos representantes nos Conselhos Administrativos, os trabalhadores das estatais devem responder exigindo o reconhecimento de suas comissões eleitas por locais de trabalho, exigindo a abertura da contabilidade aos legítimos representantes do funcionalismo e lutando por um verdadeiro controle dos trabalhadores.
No Brasil, os bancos nunca registraram tantos recordes de lucros. Lucros astronômicos à custa do trabalho da esmagadora maioria da população transferidos para uma ínfima minoria, todo este montante de dinheiro é investido fora do País, contrário aos interesses nacionais.
A estatização dos bancos, o controle sobre o Banco Central, bem como a expropriação de empresas estratégicas para a economia brasileira, como a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobrás, Eletrobrás, portos, aeroportos etc.; são garantias do controle estatal sobre a economia contra o capital especulativo privado. Os trabalhadores devem exigir a estatização total do sistema financeiro e controle dos bancos pelos trabalhadores como medida efetiva contra a crise financeira.