Em um movimento previsível, a imprensa burguesa brasileira lançou-se numa defesa total da candidata democrata Kamala Harris na eleição presidencial dos Estados Unidos, promovendo-a como uma “opção moderada” e “mais segura” para o futuro do país e do mundo.
Mas qual é a verdadeira razão por trás desse apoio? Mais do que qualquer preocupação com a “democracia”, a defesa de Kamala é, na realidade, uma defesa da continuidade da política brutal e imperialista do governo Biden, do qual Harris é vice-presidente e, portanto, sua legítima herdeira.
Analisando o editorial de O Estado de S. Paulo, intitulado O mundo prende a respiração, percebe-se como a defesa de Harris é feita. O jornal admite que Kamala é uma candidata “fraquíssima”, mas argumenta que sua eleição é crucial para garantir “estabilidade” em um momento de extrema “indefinição”.
Para o Estadão, o que está em jogo é a continuidade da política externa dos EUA, e Harris é a escolha preferida para manter essa política, que, sob Biden, se consolidou como uma contraofensiva genocida contra os oprimidos ao redor do mundo. A imprensa aqui age como um cão de guarda, zelando pela manutenção da ordem internacional imperialista.
Trata-se de uma tentativa de garantir a continuidade da política de um governo que, na Faixa de Gaza, deu carta-branca para e financiou o genocídio do povo palestino. Na Europa, Harris, como continuidade do governo Biden, defende o prolongamento da guerra contra a Rússia na Ucrânia, arriscando escalar o conflito para um nível nuclear.
E essa política de agressão não se limita ao Oriente Médio e à Europa. Com o governo Biden-Harris, os EUA intensificaram suas hostilidades contra o Irã, pressionando por uma política de isolamento e ameaça de guerra total, ao mesmo tempo em que reforçam sua postura agressiva em relação à China, numa tentativa de cercear o desenvolvimento econômico e a soberania de Pequim. Harris, com sua retórica “moderada,” representa justamente a continuidade dessa ofensiva imperialista, sendo a linha de frente de uma política que aposta em golpes de Estado para assegurar a dominação imperialista, seja na América Latina, na Ásia ou no Leste Europeu.
Para o jornal O Globo, a defesa de Kamala Harris é ainda mais reveladora. No artigo de Merval Pereira, intitulado A eleição mais importante, o jornalista declara que uma vitória de Trump levaria o mundo “a uma espiral de violência” e, por isso, considera Harris uma opção de “esperança”. O discurso de Merval é uma manobra clássica da imprensa burguesa, que utiliza o medo para justificar o apoio a um verdadeiro monstro. A “esperança” que Harris representa para Pereira é, na verdade, a manutenção de uma política de golpes, intervenção militar e genocídio.
Ao promover Kamala Harris como candidata da “estabilidade” e da “democracia”, a imprensa burguesa brasileira expõe, mais uma vez, sua verdadeira face: um agente do imperialismo, sempre pronta para proteger os interesses da burguesia internacional e das potências imperialistas. Não há “democracia” ou “segurança” que justifique o apoio a uma política genocida.
A postura da imprensa brasileira em relação a Kamala Harris escancara seu verdadeiro papel: não de uma imprensa nacional, mas de uma imprensa estrangeira que atua em solo brasileiro, comprometida com os interesses do imperialismo e não com os do povo brasileiro. Tal como afirmou Vladimir Putin em uma entrevista a Tucker Carlson, concorrer com o imperialismo no campo da propaganda é praticamente impossível, pois este possui uma capacidade de corrupção sem igual, que lhe permite estabelecer e sustentar seus veículos de influência em todas as partes do mundo.
Assim, a defesa de Kamala Harris pela imprensa brasileira revela mais do que uma simples preferência política; mostra o papel dos grandes meios de comunicação como instrumentos do imperialismo. Essa é a imprensa que temos: uma verdadeira cadela do imperialismo, instalada em nosso território para servir a interesses que nada têm a ver com os interesses dos brasileiros.