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Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e faz parte da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

Burocracia Sindical enterra a Campanha Salarial dos Bancários

Os bancários amargaram mais uma derrota durante essa última campanha salarial. O desfecho da campanha deixou, mais uma vez, os trabalhadores de mão e pés atados por mais dois anos

A posição adotada pelo Comando Nacional dos Bancários da assinatura do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT), válido por dois anos, no dia 10 de setembro, encerrando a Campanha Salarial da Categoria, significou na realidade, não um recuo diante de eventuais propostas apresentadas pelos patrões, mas o sepultamento definitivo de uma campanha salarial que já estava morta desde o seu início, em função da política de colaboração adotada pelas principais direções sindicais bancárias, a Articulação Sindical, que se encontra à frente tanto da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro) quanto da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e em menor medida pela CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil) dirigida pelo PCdoB.

A categoria dos bancários reúne cerca de quatrocentos e cinquenta mil trabalhadores espalhados por todo o País, um setor vital do capitalismo nesta etapa de predomínio do capital financeiro.

Em diversas oportunidades essa categoria foi à luta, desencadeando combativas greves que, inclusive, nos anos oitenta, exatamente em março de 1987, chegaram a parar todo o sistema financeiro nacional, causando, por consequência, a paralisação da Bolsa de Valores, das operações de câmbio, etc., numa greve de 9 dias, cuja a reivindicação era uma aumento de 100%. Mobilização essa que deixou os banqueiros e governo de cabelos em pé e, mesmo com todas as ameaças, polícia, cacetete, cães policiais, etc. acabaram sendo obrigados a aceitar todas as exigências dos trabalhadores. 

A atual campanha recém encerrada, esteve marcada desde seu início pela política de bloqueios dessas direções majoritárias que, ao invés de levantar as principais reivindicações efetivas da categoria como a reposição integral das perdas salariais (cerca de 30%), piso salarial do Dieese (R$6.680,00), estabilidade no emprego, plano de cargos e salários; ao invés de se apoiarem nas reivindicações mais sentidas da categoria, colocando-a em movimento contra os banqueiros, a política adotada pela burocracia sindical foi de levantar palavras de ordem genéricas do tipo: “se tem lucro, tem que ter valorização”; “Juntos somos mais forte”, etc. e tal, ou seja, uma campanha distracionista cuja a denúncia sugere para que os banqueiros não sejam tão gananciosos (como se não fosse da natureza dos capitalistas ser gananciosos) e que os mesmos teriam uma dívida com a sociedade, com a democracia e com os trabalhadores.

A proposta dos banqueiros, defendida e aceita caninamente pela burocracia sindical, de 4,64% (INPC + 0,5% “ganho real”) para 2024 e 0,6% de “ganho real” em 2025, no entanto, fica longe de atender às limitadas reivindicações impostas pelas direções do movimento e mais distante ainda das necessidades da categoria e das imensas possibilidades dos banqueiros, o setor patronal que mais ganhou dinheiro nos últimos anos no País, graças à política econômica neoliberal desde o famigerado governo de FHC (PSDB).

A burocracia sindical, mais uma vez, repetiu a farsa da última campanha salarial. Aprovou mais uma vez um índice fajuto de reajuste de INPC + 5% de “ganho real”, ou seja, pedem pouco para receber nada, quando a categoria vem amargando reajustes de 1,5% de “ganho real” e, detalhe, em dois anos. Se justificam que “foi uma das campanhas mais difíceis dos últimos anos… a conjuntura que os trabalhadores estão inseridos com a Reforma Trabalhistas, terceirização, uma série de desregulamentações dentro do sistema financeiro; ultratividade”, etc. e afirmam que é impossível arrancar o que os banqueiros roubaram dos trabalhadores bancários, até mesmo a defesa forma do poder de compra dos salários, para no final das contas aprovarem um índice que não há ganho acima da inflação e muito menos repõe as perdas salariais, ou seja, para favorecer os banqueiros pedem pouco para que a categoria saia sem nada. 

Esse valor não significa, portanto, um aumento real, nem evidentemente, repõe as perdas salariais que os trabalhadores tiveram ao longo dos últimos períodos. Mas, mais importante é considerarmos a realidade das estatísticas da inflação. Essa é calculada de acordo com uma média. Essa média, no entanto, iguala elementos que são desiguais no orçamento do trabalhador. O caso dos alimentos é significativo, já que esses tiveram aumento muito maior do que outros produtos e eles constituem boa parte dos gastos do trabalhador. Isso sem falar nos aumentos da energia elétrica, gastos com a saúde, transporte, aluguéis, etc. Se considerarmos todas essas questões, não apenas o “aumento” médio conseguido foi irrisório, como nem sequer se pode considerar que houve aumento.

Os bancários amargaram mais uma derrota durante essa última campanha salarial. O desfecho da campanha deixou, mais uma vez, os trabalhadores de mão e pés atados por mais dois anos, diante dos banqueiros, que certamente diante do aprofundamento da crise nacional e internacional, aprofundar os seus ataques contra os trabalhadores, com mais demissões (que já está acontecendo com recentemente no Banco Itaú/Unibanco), arrocho salarial, aumento do assédio moral em função de metas, etc.

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