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Coluna

Burocracia quer lutar após fim da campanha salarial dos bancários

As derrotas que os bancários estão sofrendo nos últimos tempos é expressão dessa política de colaboração com os banqueiros

Todo mundo sabe que as organizações dos trabalhadores, como a central sindical, os sindicatos, confederações, federações etc., têm a tarefa de lutar pelas suas respectivas categorias e pelos trabalhadores em geral, todos os dias, no sentido de derrotar a sanha reacionária dos patrões.

Mas também se sabe que as campanhas salariais são um dos momentos mais importantes para que os trabalhadores se mobilizem para arrancar dos patrões suas legítimas reivindicações, onde, inclusive, são feitas preparações por meio de plenárias, congressos e conferências dos trabalhadores no sentido de organizar as mobilizações que estão por vir.

Na campanha salarial dos bancários, cuja data-base foi no mês de setembro, uma das pautas fundamentais da categoria diz respeito à questão da estabilidade no emprego e à demanda por mais contratações, já que, com a política dos banqueiros de demissão em massa e de substituição dos bancários por trabalhadores terceirizados, a categoria encolheu assustadoramente em número de trabalhadores.

Como dissemos, a campanha salarial é um dos momentos mais importantes para que os trabalhadores possam lutar por suas reivindicações. No entanto, o que se verificou foi a completa capitulação da direção do movimento, por meio da burocracia sindical, que dirige o movimento e, além de fechar um acordo que não garante os interesses dos trabalhadores, mas sim os dos banqueiros, derrotou mais uma vez os bancários, enterrando a campanha salarial. Os mesmos terão seus já miseráveis salários arrochados por mais dois anos. Além disso, abandonaram olimpicamente uma das pautas mais importantes para a categoria: a estabilidade no emprego e mais contratações.

Mas, como não falta óleo de peroba para esses burocratas, mal terminou a campanha salarial dos bancários e, após fecharem o “acordo” com os banqueiros por mais dois anos, anunciaram dados que revelam que as “vitórias” e “conquistas” da campanha salarial dos bancários, tão alardeadas por essa burocracia sindical, são histórias da Carochinha.

Segundo matéria no site do Sindicato dos Bancários de Brasília, cujo título é: “Com déficit de 121.871 empregos, Sindicato defende mais contratações na Caixa” (site Bancários DF, 24/09/2024), são apresentados elementos de um levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) que mostra um déficit de 121.871 empregados na Caixa Econômica Federal.

A pesquisa mostra que “nos últimos dez anos, o banco fechou 11.238 postos de trabalho, passando de 98.200 empregados em 2013 para 86.962 em 2023. Por outro lado, o número de clientes mais do que dobrou na última década, saindo de 71,7 milhões em 2013 para 152,5 milhões em 2023. Com isso, a relação de clientes por empregado passou de 730 clientes por empregado em 2013 para 1.753 clientes por empregado em 2023”. E continua: “Na Campanha Nacional 2024, mais contratações foram uma das principais reivindicações dos representantes dos trabalhadores da Caixa (grifo nosso). Foram apresentados dados sobre os afastamentos para tratamento de saúde por questões relacionadas diretamente ao trabalho (B91), que aumentaram de 401 afastamentos em 2014 para 524 em 2022, segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na comparação com os demais trabalhadores, a incidência de afastamentos dos empregados da Caixa chega a quase o dobro. No mercado de trabalho em geral, a incidência de afastamentos é de 3,1/1000 trabalhadores. Na Caixa, a incidência é de 6/1000″. (idem)

O que chama a atenção é que essa burocracia sindical acha que todo bancário é um otário, quando diz que “na Campanha Nacional 2024, mais contratações foram uma das principais reivindicações”, sendo que não moveram uma palha sequer no sentido de mobilizar e organizar os trabalhadores para um enfrentamento com os patrões. Se não fizeram nada em relação ao reajuste salarial, imagine na questão da estabilidade no emprego, que, vamos falar a verdade, passou completamente em branco nessa campanha salarial, sendo uma mera formalidade.

As derrotas que os bancários vêm sofrendo nos últimos tempos são a expressão dessa política de colaboração com os banqueiros. Uma política de pacto social não declarado ou assinado, mas que de fato consiste em engessar a categoria, abandonando os métodos tradicionais de luta (greves, manifestações, panfletagem etc.) em prol de intermináveis “mesas de negociações”, protestos inúteis, como atrasar a abertura das agências por uma hora, e plenárias virtuais, cujo real objetivo é confundir e esgotar os ânimos dos trabalhadores.

A categoria bancária, e não apenas a da Caixa Econômica, vem sofrendo sistematicamente com a política dos banqueiros de demissão em massa. Uma categoria que, até pouco tempo atrás, chegou a ter um contingente de mais de 700 mil trabalhadores, hoje está reduzida para apenas 450 mil. E esse número reduzido de funcionários é para atender uma população com mais de 200 milhões de habitantes em mais de 5 mil municípios. Não é por acaso que a categoria bancária está no topo do ranking de adoecimento por motivos laborais.

Toda essa triste experiência que os bancários têm tido com seus dirigentes — o enorme arrocho salarial, as demissões, o fracionamento das campanhas salariais — mostra a necessidade de preparar e organizar uma forte reação contra a ofensiva reacionária dos patrões, respondendo a seus planos com um programa de lutas que reafirme as reivindicações e expresse conscientemente os interesses dos bancários.

É necessário romper com a política de sucessivos fracassos e derrotas impostos pela atual direção do movimento sindical à frente das organizações de luta da categoria. É preciso organizar uma frente classista, independente e de luta, no sentido de lutar por uma nova direção para suas organizações.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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