O governo Lula segue refém da burguesia nesse terceiro mandato. Uma das questões em que isso fica bem evidente é em relação ao Banco Central. O atual presidente é Roberto Campos Neto, um homem do imperialismo indicado pelo ex -presidente Jair Bolsonaro.
Uma vez que está em vigor desde 2021 a lei que determina a independência do Banco Central, o mandato do presidente do banco não coincide com o mandato do presidente da república. Lula agora tem a chance de botar no cargo alguém de sua confiança.
Porém, o presidente indicará um nome fraco para o cargo, Gabriel Galípolo, que ao que tudo indica não enfrentará a burguesia da forma que será necessária para que a política do Banco Central sirva aos interesses da população.
Galípolo é visto pela burguesia como um sujeito moderado, não associado ao PT, alguém que consegue dialogar com o chamado mercado e a presidência da república. Ou seja, uma pessoa que fará as vontades da burguesia, sem jamais entrar em conflito com ela.
Além disso, argumentam que apesar de Galípolo defender uma política desenvolvimentista e ter se manifestado contra o teto de gastos, em determinadas situações pode ser favorável a privatizações.
Antes de integrar o governo Lula, Gabriel Galípolo esteve em 2007 no governo do tucano José Serra em São Paulo como chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos. Em 2008 foi diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do estado de São Paulo.
Entre os anos de 2017 e 2021 foi presidente do banco Fator, instituição especializada em privatizações e parcerias público- privadas, onde participou da privatização Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Sendo assim, a oposição ao teto de gastos e a política desenvolvimentista defendida por Gabriel, parecem fazer parte mais de sua vida acadêmica e intelectual do que com sua prática até o momento, uma vez que integrou o governo do PSDB em São Paulo e conduziu os estudos para a privatização de um serviço básico para a população do Rio de Janeiro.
As pressões da burguesia já aumentaram no último período, devido ao aumento do PIB em 3%, o mercado financeiro pressiona para o aumento de juros básicos. Isso significa maiores perdas para a população pobre e a continuidade da política de favorecimento dos banqueiros internacionais através da dívida pública.
Guido Mantega, ex -ministro da Fazenda e atual conselheiro de Lula, defende a entrada de Galípolo na presidência do Banco Central e aconselha Lula a criticar menos a atual presidência do órgão, para evitar retaliação do mercado.
O que podemos esperar é uma presidência nada combativa do Banco Central e a continuidade da política neoliberal já praticada devido à pressão dos capitalistas. Galípolo pelo seu histórico não indica que defenderá os interesses da população brasileira. Diante da pressão gigantesca dos banqueiros, ele tende a ser uma espécie de Campos Neto com um verniz um tanto esquerdista.