A imprensa tem demonstrado um grande empenho em atacar os trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos, em especial, o portal Poder 360, que publicou matérias questionando a concessão de uma bonificação que chamou-se “vale peru” aos ecetistas e a abertura de concursos públicos para a contratação de empregados em 2024 mesmo diante de um “rombo” de R$ 2 bilhões. Evidentemente que essa política faz parte de uma ampla campanha pela privatização dos Correios, a redução de gastos com salários e de pessoal trata-se da preparação para deste importante patrimônio do povo brasileiro.
Segundo as publicações dos dias 8 e 13 de dezembro, o Correios vai desembolsar um valor de R$ 200 milhões com o “vale peru”, uma bonificação de R$ 2.500 para cada dos 84.700 empregados da empresa, e também vai contratar cerca de 3.500 novos funcionários com salários entre R$ 2.429 a R$ 6.872. A informação deveria ser motivo para os trabalhadores comemorarem, exceto pelos salários ainda muito insuficiente e pelos ataques promovidos principalmente pelos governos golpistas nos últimos anos, mas o conselho editorial do Poder 360 demonstrou certa insatisfação em função das despesas.
O problema destacado pelo portal diz respeito ao déficit de R$ 2 bilhões que o Correios deve apresentar neste ano, além disso haveria 122 imóveis com ação de despejo e outros 127 com contratos a vencer. Mas o que os trabalhadores têm a ver com esse problema? Não há nenhuma consideração sobre a situação desses trabalhadores, além de não acontecer contratações desde 2011 que implica no acúmulo de trabalho, os mesmos estão com salários e benefícios congelados nos últimos anos. Nenhuma consideração sobre serviços de transportes e agências terceirizadas que geram lucro para setores privados.
Para o Poder 360, os trabalhadores devem ser sacrificados para pagar as contas dos Correios. Se a valorização e a contratação de novos empregados não implica supostamente na reversão dos resultados da empresa, então qual seria a solução? O ideal seria o Correios abrir mão de uma fatia do mercado para empresas como a Amazon, Magazine Luiza, entre outras concorrentes? Evidentemente, não.
A imprensa em geral defende a entrega total dos Correios como o governo Bolsonaro buscou realizar antes do término de seu mandato mesmo com resultados positivos. Isso demonstra que o déficit referido como rombo não é o problema central. A insatisfação diante do aumento de gastos com empregados está em oposição aos cortes. O abandono dessa política significa o abandono do projeto de privatizar os Correios, uma vez que se trata de uma medida que antecede as privatizações, ou seja, “enxugar” as despesas é uma preparação para a entrega de estatais.
Os ecetistas não devem se calar diante de tal campanha criminosa. Mesmo que todas as acusações que a imprensa sobre corrupção e má administração, os trabalhadores não devem aceitar jamais o roubo desse patrimônio, que implicará em ataques às condições dos mesmos para aumentar os lucros dos capitalistas. É preciso defender melhores salários e o controle do Correios pelos próprios empregados.