Apesar do Hamas ser o principal partido político do povo palestino, e as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam o principal exército desse povo martirizado na luta contra a ditadura nazista de “Israel”, há outros partidos e organizações armadas que também fazem parte da resistência palestina. Um desses partidos é a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP).
O presente artigo é sobre seu braço armado, as Brigadas do Mártir Omar Al-Qasim, também conhecidas como Batalhões da Resistência Nacional Palestina (ou Brigadas de Resistência Nacional), nome que recebeu na época da Segunda Intifada, quando se organizou efetivamente como uma brigada a serviço da frente.
A FDLP foi fundada no ano de 1968 por Naief Hawatmé, como um racha da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), ambos partidos que se declaram marxistas.
Foi no ano seguinte, em 1969, que as Brigadas no Mártir Omar Al-Qasim foram fundadas, também por Hawatmé, sendo seu nome uma homenagem a Omar Mahmoud al-Qasim, militante palestino nascido em 1941 e membro do Comitê Central da FDLP.
Segundo informações do portal The Palestinian Museum Digital Archive, Al-Qasim era conhecido por lutar pelos direitos dos prisioneiros palestinos, sendo uma das principais lideranças no seio do movimento pela libertação dos presos. Um teórico erudito e um intelectual, sua militância permanece sendo um legado para muitos ativistas palestinos pelos direitos dos presos. Foi em razão de sua luta política contra o sionismo que ele foi preso em 1967, sendo assassinado nos cárceres israelenses no ano de 1989. Um verdadeiro mártir do povo palestino.
Tendo em vista que a FDLP era um partido pequeno, durante muitos anos sua atuação na luta armada se deu através de pequenas unidades de guerrilheiros palestinos, os chamados fedaim. Apesar disto, seus combatentes deram valorosas contribuições na luta contra “Israel”.
Cita-se como exemplo a atuação da frente na Guerra Civil do Líbano. Nessa época, já avançado em sua organização, os combatentes da frente se organizaram nas Forças Armadas Revolucionárias, que forneceram cerca de 2.500 homens para atuar junto à resistência palestina contra os maronitas e os sionistas. Assim, era, no início da guerra, o terceiro maior grupo armado dentro da resistência palestina, atrás apenas do Fatá e da As-Sa’iqa (Vanguarda da Guerra de Libertação Popular – Forças Relâmpago).
Segundo a Enciclopédia Interativa da Questão Palestina, durante a Guerra Civil do Líbano, as Brigadas “lutaram em batalhas para defender a resistência palestina na Jordânia”. Igualmente, lutaram “na Invasão Israelense ao Líbano em 1982, e na ‘Guerra dos Acampamentos’”.
Explicando sucintamente seu método de atuação, a Enciclopédia expõe que “ao longo da história da FDLP, os seus combatentes realizaram operações de alto nível nas profundezas da Palestina ocupada, lançadas a partir de ‘pontos de ancoragem’ que foram estabelecidos na Jordânia, nas Colinas de Golã e Sul do Líbano”. Nesse sentido, também atuaram ao longo dos anos para “repelir os ataques militares israelenses na Faixa de Gaza”.
Apesar de, a partir da década de 1980, a FDLP ter procurado se envolver mais na luta política, a resistência armada nunca foi deixada de lado. Tanto é assim que durante a Primeira Intifada (1987 – 1993), a frente formou unidades armadas com o nome de Forças da Estrela Vermelha.
Foi então no ano 2000, com a Segunda Intifada, que os combatentes armados da frente foram organizados efetivamente em um braço armado do partido, que ficou conhecido como Brigadas da Resistência Nacional Palestina.
Permaneceu sendo um agrupamento militar pequeno, mas seus combatentes nunca deixaram de atuar contra a ditadura de “Israel” e em defesa do povo palestino, seja em Gaza ou na Cisjordânia.
Então, em 7 de outubro de 2023, sob liderança das Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas e principal exército do povo palestino, as Brigadas do Mártir Omar al-Qasim participaram da Operação Dilúvdio de al-Aqsa. Não se sabe ao certo quantos de seus militantes atuaram, mas certamente foi uma contribuição importante. A participação das Brigadas foi declara por Abu Khaled, comandante militar e porta-voz do grupo.
Desde então, as al-Qasim segue combatendo as tropas sionistas, tanto na Faixa de Gaza, quanto na Cisjordânia, valendo listar alguns de seus feitos mais recentes contra as forças de ocupação:
- Numa operação conjunta com as Brigadas Al-Qassam e Saraya Al-Quds, bombardearam três grupos de soldados israelenses e seus veículos com morteiros em Biyara Saqallah, a leste do bairro de Al-Zaytoun;
- Entraram em confrontos com forças israelenses, disparando RPGs contra veículos que penetraram no bairro de Khan Younis e Al-Zaytoun na Cidade de Gaza;
- Dispararam RPGs contra veículos do exército israelense a noroeste do bairro Al-Amal, na cidade de Khan Younis, causando danos diretos;
- Detonaram um dispositivo explosivo e dispararam um RPG contra veículos do exército israelense nas proximidades do sitiado Hospital Nasser, a oeste da cidade de Khan Younis.