Nesta semana foi publicada uma pesquisa que apontava o Campeonato Brasileiro como sendo o sexto melhor ou mais forte campeonato nacional do mundo, ficando atrás da Premier League (Inglaterra), Serie A (Itália), Bundesliga (Alemanha), La Liga (Espanha) e Ligue 1 (França), respectivamente.
Esse levantamento foi realizado pela Opta, empresa especializada em estatísticas esportivas, não por um acaso, inglesa, e cuja proprietária é a DAZN Group que é uma empresa mundial de imprensa esportiva, também com sede na Inglaterra.
Mas o fato de serem ingleses a falarem que o futebol inglês é o mais forte, ou melhor, não é o único argumento capaz de desmoralizar essa pesquisa. A realidade do futebol brasileiro é que demonstra que o futebol do Brasil, e seu torneio nacional, é o melhor e mais difícil do mundo.
Só no transcorrer do último período tivemos uma série de eventos que demonstram que o futebol brasileiro continua sendo o melhor. Tivemos o caso Vinícius Júnior, que, com a camisa do Real Madrid, fez três gols no badalado Borussia Dortmund, e Raphinha, jogando pelo Barcelona, que também balançou três vezes as redes do poderoso Bayern de Munique.
Curiosa também foi a reação de todo o mundo do futebol com o retorno de Neymar aos gramados na última segunda-feira, dia 21/10, com a camisa do Al-Hilal. Com apenas 10 minutos de jogo, o homem meteu uma caneta e ainda quase fez um gol de canhota. A festa foi gigantesca, pelo mundo inteiro, e não foram poucos a dizer que o melhor do mundo estava de volta ao campo de futebol.
Ainda, um dado em especial tem feito muita gente pensar: a presença de jogadores que jogam no Brasil, convocados por Dorival, deixaram a Seleção Brasileira mais ofensiva, mais forte, e com mais brio. Foi assim que se deu na vitória contra o Peru (4×0) e contra o Chile (2×1) pelas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo. Não precisou ser da Causa Operária para chegar à conclusão que, jogando aqui, o jogador brasileiro é mais desenvolvido e muito mais pressionado que jogando fora. Ou seja, nestas terras se chega a um futebol mais apurado, mais desenvolvido.
Obviamente alguém irá falar dos craques todos que exportamos para os gringos, mais isso é o excedente de produção que também serve para apurar a qualidade do nosso futebol. Mas, de conjunto, a avaliação geral pesa sobre a atuação da própria Seleção Brasileira, um coletivo, que funciona melhor com os brasileiros que jogam no Brasil, pelo simples fato de que jogar aqui é mais difícil que na Europa, em todos os sentidos.
O rendimento dos botafoguenses Luiz Henrique e Igor Jesus na partida contra Chile e Peru comprovam essa tese. O mesmo vale para o rendimento deles e do próprio Gérson, do Flamengo, que dominou o meio-campo nas duas partidas. Foram os jogadores do Brasileirão que salvaram a seleção.
Também tem o caso Libertadores. Caminhamos para a quinta final consecutiva onde a presença de brasileiros é garantida. Na verdade, já é fato que será o sexto ano consecutivo em que um time brasileiro vai levantar a taça desse encarniçado e dificílimo campeonato. Flamengo (2019), Palmeiras (2020, 2021), Flamengo (2022), Fluminense (2023) e, agora, ou o Galo (MG) ou o Botafogo (RJ) será o campeão. É de se notar, também, a falta de prevalência de um único clube, o que revela a dificuldade do torneio, mas mostra a superioridade dos brasileiros, sem sombra de dúvidas.
Um pessimista haverá de suplicar para esta redação para não adiantarmos os resultados. Mas Peñarol e River Plate já podem se preparar para 2025. Fosse lá os anos de chumbo nesses países, quem sabe. O mundial da Argentina de 1978 nos mostrou que nem tudo no futebol é só futebol. Mas isso é outro assunto.
A dificuldade de um campeonato se mede, também, por seus campeões. Se há um monopólio dos que sempre ganham, é razoável se concluir que o campeonato, na verdade, é fraco, pois só um ou dois times ganham. E essa é a realidade dos campeonatos europeus. Vejamos os campeões dos últimos 10 anos desses campeonatos, os que estão acima do brasileirão em grau de dificuldade, de acordo com a empresa inglesa.
Se tomarmos, por exemplo, o Campeonato Francês (Ligue 1), veremos a prevalência do PSG (Paris Saint-Germain) como campeão nos últimos 10 anos, tendo vencido oito das dez temporadas da disputa. Quer dizer, no próximo campeonato já sabemos que o PSG deve “vencer”.
Já o espanhol pode ser disputado no par ou ímpar entre Barcelona e Real Madrid, com algumas participações do Atlético de Madrid, e é só. Seria mais fácil fazer um triangular entre os times, ou um “dois ou um”.
O “campeonato” alemão (Bundesliga) já acabou para sempre. Entreguem eternamente a taça para o Bayern de Munique e está tudo certo. Poupem os telespectadores do corre-corre horrendo do futebol alemão. O Bayern de Munique “venceu” 13 dos últimos 15 campeonatos disputados! Este ano venceu o Bayer Leverkusen, em um típico caso de milagre.
Já o Italiano (Série A), apesar de um pouco mais de concorrência, tem também uma prevalência (seis títulos em dez temporadas) do Juventus, sendo que o posto tem sido trocado lentamente com a Internazionale. Claro, tudo isso sem mencionar que os italianos ficaram de fora das copas de 2018 e 2022. Se o campeonato pode ser considerado “forte” é pela presença dos imigrantes.
No campeonato inglês (Premier League), o mais difícil, segundo a lista, o Manchester City domina com seis títulos de 10 disputados. Tendo se consagrado tetracampeão consecutivo em 2024, algo jamais visto no futebol brasileiro. Só o São Paulo de Muricy Ramalho chegou no tricampeonato consecutivo (2006, 2007 e 2008) e o Santos de Pelé (1963, 1964 e 1965).
No caso nacional, nos últimos 10 anos tivemos os seguintes campeões:
Cruzeiro (2014);
Corinthians (2015 e 2017);
Palmeiras (2016, 2018, 2022 e 2023);
Flamengo (2019, 2020); e
Atlético Mineiro (2021).
São cinco vencedores nos últimos 10 anos. E isso sem considerar a ascensão do Botafogo (RJ) que quase levou a taça em 2023 e está bem perto de fazê-lo em 2024, além de todas as reviravoltas dos campeonatos até chegar ao seu final. De longe é um campeonato mais difícil que os europeus.
Interessante que logo depois do Brasileirão, na lista inglesa, aparece em sétimo lugar o campeonato Belga como sendo o mais forte. Aqui fica um desafio mortal para o leitor: liste dois times belgas. Aliás, liste um. Calma, a redação deste diário irá ajudá-lo nessa difícil tarefa. Temos o inesquecível e tradicional Club Brugge K.V., campeão de seis dos últimos 10 torneios nacionais disputados.
A curiosidade mórbida nos leva ao oitavo lugar de campeonato mais difícil do mundo, segundo os ingleses da Opta. E o posto é ocupado pela Major League Soccer (Estados Unidos), o que dispensa qualquer apresentação. Tudo que se sabe é que Lionel Messi está lá, tentando mostrar que o bom jogo é praticado com uma bola redonda. No Cosmos? Não, sem Pelé o time desapareceu. Messi joga no Inter Miami, clube fundado em 2018.
Em grande medida, o brilho dos brasileiros na Europa é porque os campeonatos lá são mais fracos que o Brasileirão. O brasileiro “deita” (como se diz) na Europa. Aliás, qualquer jogador com 5% da habilidade de Neymar, por exemplo, faz e acontece no velho continente.
A diferença é que o grande capital do futebol está lá. Os banqueiros donos de times, empresários bilionários, as moedas mais poderosas do globo terrestre, enfim. Se a conta for essa, sim, o futebol europeu é mais “forte”. Mas se for pelo futebol praticado, o Brasileirão é mais forte, mais difícil e muito melhor.