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América do Sul

Bolivianos retomam bloqueio de rodovias contra golpe de Luis Arce

Contra o "sequestro de nosso irmão Evo Morales", trabalhadores e camponeses bolivianos voltam a fechar rodovias contra novo assédio golpista do governo Arce

Após uma breve suspensão, a mobilização dos trabalhadores bolivianos iniciadas em julho, voltou a ocupar e bloquear as rodovias do país desde o último dia 14, em manifestações com objetivo de “proteger a liberdade, a integridade e [contra] o sequestro de nosso irmão Evo Morales”, conforme declarou o Pacto de Unidad, entidade organizadora do protesto. O bloqueio foi intensificado após a retomada da perseguição judicial contra Morales, agora acusado de estuprar uma menina menor em 2016, enquanto ainda era presidente da Bolívia. A acusação surge em um momento crítico de acirramento da crise política entre o presidente Luis Arce e Morales, principal líder popular do país e provável oponente de Arce nas eleições presidenciais bolivianas de 2025.

Os bloqueios ocorrem em pontos estratégicos das estradas bolivianas, paralisando rotas importantes que conectam regiões como Cochabamba, La Paz, Sucre e Santa Cruz. Os trabalhadores e camponeses exigem que Luis Arce ponha um fim à perseguição contra Morales e também buscam soluções para a crise econômica que atinge a Bolívia. Em Parotani, confrontos entre manifestantes e a polícia já foram registrados, com agentes usando gás lacrimogêneo para dispersar os protestos.

Morales, que desempenhou um papel central na eleição de Luis Arce, ao indicá-lo como sucessor, vê-se agora envolvido em uma disputa feroz com o atual presidente, que, desde o início de seu mandato, deixou claro que governaria sob a orientação do imperialismo. A acusação de estupro contra Morales, que já havia sido arquivada pela Justiça em 2020, é interpretada pelos seus apoiadores como uma manobra política para afastá-lo de cena e desarticular as forças populares que ainda o apoiam.

O presidente Arce, por sua vez, afirmou que não cederá às pressões de “aqueles que querem incendiar o país para se proteger de acusações pessoais”, referindo-se a Morales. Em discurso, o atual mandatário declarou que o governo está comprometido em manter a estabilidade econômica, mesmo diante das manifestações que bloqueiam o país. Além disso, ressaltou que a crise econômica global está impactando as economias regionais e que o governo está tomando as medidas necessárias para garantir a estabilidade interna.

Ainda assim, a insatisfação popular se aprofunda, principalmente entre as bases que historicamente apoiaram Morales e agora veem o atual governo como um traidor dos interesses populares. A luta pela liberdade de Morales se entrelaça com as demandas por melhores condições de vida e solução para a crise econômica que se agrava a cada dia. O Pacto de Unidad, que lidera as mobilizações, insiste que Arce só será ouvido se ele comparecer pessoalmente aos bloqueios e se comprometer a atender as reivindicações dos trabalhadores.

Enquanto Morales enfrenta um cenário político conturbado, a ex-presidente golpista Jeanine Áñez começou a ser julgada por seu papel na crise de 2019, que culminou na renúncia de Morales. Presa desde 2021, Áñez foi levada ao tribunal sob forte esquema de segurança, cercada por agentes antidistúrbios. O julgamento da golpista, assim como de outros envolvidos no golpe, como o governador suspenso de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, traz à tona as feridas ainda abertas da crise política que abalou a Bolívia há quatro anos.

Camacho, acusado de terrorismo por liderar as manifestações que forçaram a renúncia de Morales, enfrenta uma possível pena de 20 anos de prisão. Áñez, por sua vez, já havia sido condenada a 10 anos de prisão por se autoproclamar presidente de forma ilegal, após o golpe de 2019. Seus advogados, no entanto, tentam anular o processo, alegando que ela deveria ser julgada por um tribunal de responsabilidade, já que ocupava a Presidência do país.

As ruas em frente ao tribunal em La Paz se tornaram palco de manifestações entre apoiadores do MAS e parlamentares da oposição, com insultos como “assassinos” e “violadores” sendo trocados, em referência às acusações contra Evo Morales.

A crise econômica que atinge a Bolívia também é um fator crucial para entender o cenário atual. A inflação, a escassez de combustíveis e alimentos, e o contrabando de produtos para países vizinhos pressionam ainda mais a economia nacional. O governo de Arce, em uma tentativa de controlar a situação, suspendeu temporariamente as tarifas de importação de arroz e outros produtos essenciais, mas as medidas são insuficientes para conter o descontentamento popular.

A desvalorização da moeda, a falta de dólares no mercado e a redução da produção agrícola devido a desastres naturais, como secas e incêndios, agravam a crise alimentar no país. O aumento do preço dos alimentos básicos, como o arroz, gerou uma onda de protestos, com comerciantes e trabalhadores saindo às ruas para exigir soluções imediatas. A política de Arce, que deveria ser uma continuação do governo popular de Morales, está cada vez mais subjugada aos interesses do imperialismo, que busca saquear os recursos bolivianos, principalmente o lítio, essencial para a indústria tecnológica.

O cenário é de um golpe em marcha, cujo objetivo não é outro, mas remover Morales de cena para facilitar a pilhagem dos recursos naturais da Bolívia, enquanto mantém o país sob o controle do imperialismo. A tentativa de prisão de Morales é uma manobra importante para os dois propósitos, visando enfraquecer a resistência popular e aprofundar a ditadura imperialista no país.

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