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Estados Unidos

Blinken no Oriente Médio: EUA tentam reagrupar forças

Diante da reviravolta que foi o ataque iraniano a “Israel” no dia 14 de abril, o imperialismo reorganiza suas alianças em uma região onde se vê cada vez mais enfraquecido

O ataque retaliatório do Irã a “Israel”, no dia 14 de abril, mudou completamente a correlação de forças no Oriente Médio. O Irã se mostrou como a principal força militar da região, capaz de atingir diretamente não só o território controlado pelos sionistas, mas todas as bases militares dos EUA. Foi um ponto de virada, o Irã se tornou, evidentemente, a força mais poderosa na região. O imperialismo, portanto, precisava reorganizar sua presença. Por isso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, foi mandado mais uma vez ao Oriente Médio.

Além de “Israel”, o principal país que os EUA precisam controlar é a Arabia Saudita. O maior país em território, que possui a maior reserva de petróleo e que define a orientação política geral das sete monarquias que existem na região. Pouco foi divulgado das reuniões de Blinken com os membros do governo saudita. Apenas se divulgou os tópicos da reunião, a normalização de relações com “Israel” e a postura do país sobre a guerra na Faixa de Gaza.

O The Guardian divulgou, na quarta-feira (1º), que os EUA e a Arábia Saudita formularam uma série de acordos sobre “segurança e troca de tecnologia, inicialmente destinados a fazer parte de uma resolução maior para o Oriente Médio que engloba ‘Israel’ e os palestinos”. Os acordos incluiriam o setor de defesa, assistência norte-americana no desenvolvimento do setor de energia nuclear civil e cooperação extensiva em tecnologias avançadas como inteligência artificial. “Israel” se uniria em um pacto trilateral caso as negociações de normalização tenha sucesso.

Os sauditas têm um pé em cada canoa

A Arabia Saudita, diante da crise do imperialismo na região, já vinha pendendo para o lado do Irã. Primeiro, eles reataram laços com o país, depois aderiram aos BRICS, por fim, reataram relações com o governo do Iêmen, tudo isso no ano de 2023. O imperialismo, vendo esse deslocamento dos sauditas, ofereceu ofertas cada vez melhores. Seu grande trunfo era a normalização com “Israel”, isto é, garantir uma aliança ao estilo do que existe com o Egito desde o ano de 1979. Esse acordo, que ainda avançava, foi o grande derrotado pelo Hamas. Os EUA, no entanto, ainda tentam controlar os sauditas.

Pouco após a viagem de Blinken ao país, foi divulgado que a Arábia Saudita está prendendo indivíduos que criticam “Israel” pelo genocídio em Gaza pela Internet. Segundo o relatório, divulgado pela Bloomberg, não só os sauditas, mas também os governos do Egito e da Jordânia temem que alguns setores transformem as mobilizações em defesa da Palestina em uma grande mobilização contra os regimes reacionários árabes, ao estilo do que aconteceu em 2011.

Dentre os presos na Arábia Saudita estão um executivo ligado ao projeto Visão 2030 do país que foi detido devido a suas opiniões sobre a Palestina, consideradas “incendiárias”. Outro foi um jornalista que disse que a ocupação sionista “nunca deve ser perdoada”. Outra pessoa presa pediu o boicote aos restaurantes de fast food norte-americanos na Arábia Saudita. É esperado que o medo em relação aos protestos cresça, mas o momento em que ocorrem as prisões, pouco após a visita de Blinken, indica a intervenção israelense na situação política.

Como afirmou Jane Kinninmont, diretora de Política e Impacto da European Leadership Network: “se eles quiserem mudar sua política e ir visitar Israel e ter israelenses vindo para Riade [capital saudita], quando a guerra estiver diferente, então eles não querem que haja um tipo de movimento pró-Palestina estabelecido que estaria protestando contra esse tipo de coisa“. Fato é, a monarquia saudita, neste momento, caminha entre o seu antigo aliado, o imperialismo, e nova potência regional, que está do outro lado do mar, a República Islâmica do Irã.

A viagem de Blinken

Depois da viagem a Riade, Blinken visitou a Jordânia e se encontrou com o rei Abdulá II. A Jordânia é uma das principais aliadas dos EUA na região. Durante o ataque iraniano, inclusive, a força aérea jordaniana ajudou a interceptar os VANTs (veículos aéreos não identificados) para defender “Israel”. Toda a imprensa divulgou que o principal tópico de discussão era a ajuda humanitária a Gaza, mas isso faz parte do jogo do imperialismo: armar “Israel” com milhares de toneladas de bombas enquanto garante a entrada de um pouco de ajuda humanitária. A Jordânia é o país mais domesticado da região, e os EUA o visitaram para acertar a sua política.

A viagem também deu lugar a encontros indiretos. Dias depois de encontrar Blinken, o Príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, se reuniu com o presidente da Palestina Mahmoud Abbas. Aqui fica clara a manobra do imperialismo, o governo reacionário da Arábia Saudita seria uma das pernas de sustentação da Autoridade Palestina, a essa altura do campeonato um verdadeiro cadáver político. Ela seria apoiada também pela própria Jordânia e pelo Egito.

Além disso, houve movimentação dos Emirados Árabes Unidos (EAU). O ministro das Relações Exteriores dos EAU, Abdulá bin Zaied, se reuniu com o líder do partido de oposição israelense Yesh Atid, Jair Lapide. Este havia se encontrado, pouco antes, com Antony Blinken. Aqui, aparece mais um ponto da articulação, os governos reacionários árabes trabalhariam com a oposição a Netaniahu. OS EAU já normalizaram as relações com “Israel” em 2020 e são, possivelmente, o mais direitista de todos os governos da região. Ao mesmo tempo, sua posição é semelhante a dos sauditas, também aderiram aos BRICS.

A visita de Blinken a “Israel” é a mais complexa de todas, pois envolve diversas figuras importantes do regime político. Mas vale ressaltar o encontro com Lapide, líder da oposição. Isso em um momento em que Netaniahu aparenta estar em sua maior crise, sofrendo pressão de todos os lados. Ao mesmo tempo, até o candidato à presidência dos EUA, Donald Trump, parece estar migrando para o apoio à oposição. Isso pode indicar que o imperialismo já prepara a transição de governos.

No entanto, é preciso deixar claro que os planos do imperialismo podem muito bem falhar catastroficamente. Afinal, é isso que vem acontecendo desde que o Talibã venceu a guerra em 2021. No Oriente Médio, especificamente, desde o lançamento da Operação Dilúvio de al-Aqsa pelo Hamas, os EUA tem sido derrotados constantemente. Os planos podem ser feitos, mas não quer dizer que serão vitoriosos diante da luta de um Eixo da Resistência cada vez mais poderoso.

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