Os 34º e 39º Congressos dos Trabalhadores do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, respectivamente, marcados para acontecer no próximo dia 04 de junho em São Paulo, se realizaram num momento marcado pelo arrocho salarial, alto índice de desemprego e crescimento inflacionário. A defasagem salarial, que antes da campanha do ano de 2022, já era enorme e tende a se aprofundar, uma vez que o acordo feito abriu mão das perdas acumuladas dos últimos períodos, que ultrapassam 30%.
Além disso, o conjunto de medidas baixadas pelo governo para tentar “conter” a inflação, vem trazendo – e a tendência é aprofundar – a degradação de todas as condições de vida da classe trabalhadora.
A profundidade da crise, que não é conjuntural, mas está na raiz da própria estrutura da sociedade capitalista, faz com que, passado um ano do início do atual governo, a economia continua com seu caráter instável: a inflação, com todo o arrocho, desemprego, desindustrialização etc.
Essa situação, aliada à pressão do imperialismo, ou seja, os banqueiros internacionais, para o pagamento dos juros da dívida pública, coloca a agudização de todas as contradições econômicas, sociais e políticas no próximo período.
Realizar os Congressos sem discutir nada disto é a proposta das direções do movimento sindical dos bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, uma vez que na pauta da sua convocatória não consta nem mesmo o balanço do fracasso da campanha salarial de 2022 que, inclusive consideram que foi uma significativa vitória, sendo que os salários dos bancários continuam congelados desde então, já que nem a inflação do período, no caso de dois anos, foi dado pelos banqueiros.
Além disso, dos diversos pontos temários, vários deles tratarão da estrutura empresarial dos Bancos (redução e adequação de metas; solução dos problemas que afetam as condições de trabalho; etc.).
Fica claro que a intenção é fazer destes Congressos um teatro, tendo como personagens principais parlamentares, personalidades, candidatos a algum cargo eletivo, etc., e os coadjuvantes seria a categoria bancária. Para uma trupe tão seleta, discutir temas como arrocho salarial, desemprego, frente ampla, crise capitalista, etc., poderá trazer incômodos.
A atual etapa de crise econômica irá se deparar com um enorme retrocesso político no interior do movimento sindical (crise de direção), com uma cegueira brutal de setores da esquerda que não tem uma política para impulsionar uma perspectiva independente da classe trabalhadora diante da situação. Pelo contrário, torna-se cada vez mais conservadora, expressando sua crença nas instituições do regime burguês (mesmo as mais reacionárias como a Polícia, a Justiça, a imprensa capitalista, etc.) e tende a se chocar (como se deu em todas as etapas de ascenso) com as necessidades dos trabalhadores de reagir à ofensiva dos capitalistas e do imperialismo em crises.
É necessário que os congressos dos trabalhadores do BB e da Caixa discutam e armem todos para travar as duras lutas que virão. Armar os bancários do ponto de vista político e sindical para a atual situação e fazer um amplo debate de esclarecimento e aprovar um plano de trabalho verdadeiramente de luta, já que a atual política das direções está numa completa contradição das tendências de luta dos trabalhadores.