Desde outubro, intensas batalhas vêm ocorrendo ao longo do front da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Em novembro, o exército russo avançou no ritmo mais acelerado desde o início da operação militar especial, capturando mais de 1.500 quilômetros quadrados. Atualmente, há oito seções do front nas quais o exército russo está avançando.
Kursk
Os combates continuam na região de Kursk e, apesar das grandes dificuldades enfrentadas pelo exército ucraniano em outras áreas do front, Quieve continua enviando reforços para Kursk. Segundo fontes imperialistas e ucranianas, soldados norte-coreanos teriam sido enviados para a região como suporte ao exército russo. Entretanto, a informação foi desmentida – nenhum soldado foi encontrado até o momento.
Em uma declaração feita pelo presidente russo, Vladimir Putin, em 24 de outubro, a região assistiu ao primeiro cerco às forças ucranianas desde a Batalha de Mariupol (2022). Centenas de soldados das Forças Armadas da Ucrânia foram cercados nos arredores do bosque de Olgovskaya. Um mês depois (20 de novembro), Putin afirmou que as forças ucranianas já haviam sido retiradas da área.
Nesta semana, houve uma intensificação das batalhas em Kursk. A região é uma das últimas em que o exército ucraniano ainda consegue contra-atacar, manter suas posições e, ocasionalmente, avançar. Isso ocorre porque Quieve considera o controle da região essencial para ganhar vantagem nas negociações com a nova administração norte-americana, dadas as diversas declarações de Donald Trump sobre encerrar “em um dia” a guerra.
Pokrovsk
A região metropolitana de Pokrovsk é a segunda maior área urbana no Donbass ainda sob controle ucraniano, juntamente com o centro urbano de Slaviansk-Kramatorsk. Pokrovsk é estratégica, pois a cidade é um centro logístico crucial para o abastecimento das forças ucranianas ao longo de todo o front sul, além de sua grande densidade populacional – 200.000 pessoas antes da guerra.
Ao final do inverno (verão russo), as forças russas passaram a considerar Pokrovsk uma prioridade militar. Entretanto, após a cidade de Novogrodovka ter sido capturada praticamente sem resistência, o avanço em direção a Pokrovsk estagnou. O exército russo avançou majoritariamente pela principal ferrovia da região, deslocando-se de Avdeevka para Novogrodovka.
A cidade de Selidovo resistiu durante dois meses, mas, após ser cercada de norte a sul pelo exército russo, acabou sendo tomada sem grandes combates urbanos. Atualmente, após uma breve pausa, o exército russo retomou seu avanço em direção a Pokrovsk, contornando o flanco sul da cidade.
Desde o final de novembro, as forças russas avançaram ainda mais, rompendo as linhas defensivas ucranianas perto de Novotroitskoye. Seguindo por uma ferrovia no sul, que conduz diretamente a Pokrovsk, os russos estão atualmente posicionados entre 10 e 11 quilômetros da cidade.
Os civis – 60.000 pessoas antes da guerra – já foram evacuados da cidade de Pokrovsk. O fornecimento de gás e energia também foi cortado. Quieve tentará manter sua posição na região, pois, assim como Kursk, considera Pokrovsk estratégica para as negociações com os americanos.
Kurakhovo
A operação na região de Kurakhovo é a maior desde Mariupol, envolvendo dois grupos de tropas e abarcando uma área de 1.200 quilômetros quadrados. Apesar de não ser uma região estratégica, a magnitude de sua área é significativa. A título de comparação, a área da operação em Avdeevka tinha menos de um décimo da de Kurakhovo, e o infame “moedor de carne de Bakhmut” abrangia um quinto de sua dimensão.
As batalhas na região começaram logo após a queda de Ugledar, no início de outubro. As forças russas avançaram em diversas direções: do norte, em direção ao reservatório; da linha de frente, através de Ostroye-Ostrovskoye; do sul, através de Bogoyavlenka; e ao longo de uma frente mais ampla, de Yasnaya Polyana a Konstaninopol, sendo esta última importante para o cerco de Velikaya Novoselka.
Na última semana, as tropas de Moscou tomaram o controle de toda a margem norte do reservatório e da aldeia de Starye Terny, juntamente com a barragem, o que lhes conferiu controle total de fogo sobre as áreas residenciais e a zona industrial a oeste, onde se encontra uma central térmica. Além disso, as tropas russas estão empurrando os ucranianos para fora da área do rio Sukhie Yaly, ao sul da cidade. Algumas fontes sugerem que o cerco à cidade de Kurakhovo é iminente.
Entretanto, as forças ucranianas mantêm-se firmes em suas posições ao longo do rio, já que, se perderem o controle dessa área, a cidade cairá em poucos dias.
Velikaya Novoselka
A região de Velikaya Novoselka é relativamente grande, com uma população de aproximadamente 6.000 pessoas. A área é controlada por diversas forças ucranianas, incluindo meia dúzia de brigadas das Forças Armadas da Ucrânia, unidades de defesa territorial, a Guarda Nacional e algumas unidades da marinha.
Em 2023, esta foi uma das principais regiões da contraofensiva ucraniana. Durante quatro meses, as tropas de Quieve avançaram 6 quilômetros ao sul de Velikaya Novoselka, em direção ao povoado de Urozhaynoye. Porém, as forças russas avançaram cerca de 20 quilômetros no flanco oriental apenas no último mês.
No fim de novembro, as forças russas avançaram inesperadamente para a rodovia perto de Razdolnoye, ao norte de Velikaya Novoselka. Utilizando uma das principais táticas do exército russo, as tropas de Moscou flanquearam e cercaram a região, garantindo o controle das comunicações. Combinada com a pressão contínua na frente, essa estratégia esgotou rapidamente os recursos ucranianos.
Relatos indicam que as Forças Armadas da Ucrânia enviaram uma brigada mecanizada de reserva para reforçar os flancos em torno de Velikaya Novoselka. Apesar de não confirmado, é sabido que os ucranianos conseguiram lançar uma série de contra-ataques, repelindo com êxito o avanço das tropas russas na aldeia de Novy Komar e aliviando parte da pressão no flanco norte de Velikaya Novoselka.