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Economia

Banqueiros: ‘Lula, ou é corte ou é forca’

Editorial do Estado de S. Paulo indica um aumento ainda maior nos juros, para asfixiar a economia nacional, caso Lula não aplique ajuste fiscal um severo

No último domingo, 10 de novembro, o diário pró-imperialista O Estado de S. Paulo publicou um editorial intitulado “Inflação mais alta e mais disseminada”. A peça é material da campanha do imperialismo para impor mais uma medida de espoliação dos trabalhadores no Brasil.

O Estado e seus patrocinadores têm por objetivo um corte de gastos do governo federal nas áreas sociais, atingindo em especial os mais pobres, em benefício do capital financeiro, dos bancos. Examinemos os argumentos do jornal:

A apuração do IPCA de outubro, além de confirmar a tendência de estouro da meta inflacionária neste ano, mostrou que a escalada de preços está ocorrendo de forma mais intensa e disseminada do que o previsto. O alerta embutido na piora do comportamento dos preços é de que o ritmo de alta dos juros tende também a acelerar – como, aliás, ocorreu na recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Se o governo não apresentar de imediato medidas capazes de contrabalançar expectativas, deverá se defrontar com uma política monetária ainda mais restritiva.

A meta inflacionária, em primeiro lugar, tem por objetivo, supostamente, a estabilidade da economia, o que garantiria um melhor ambiente para a realização de investimentos. De fato, a taxa inflacionária em parte é um indicativo disso, contudo, a restrição da taxa inflacionária através das chamadas metas, definidas pelo capital financeiro, busca garantir os retornos de empréstimos, que, caso contrário, podem ser quitados pela emissão de moeda.

Mais que isso, uma alta inflacionária não quer dizer, necessariamente, uma diminuição nos padrões de vida da população caso, por exemplo, os salários acompanhem a taxa inflacionária. Vejamos agora o dito quanto aos juros.

Segundo o editorial do Estado de S. Paulo, uma alta inflacionária indicaria uma tendência de alta também nos juros, é o que afirma, citando decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), e em seguida aponta uma possível política mais restritiva. Na realidade, as altas inflacionárias devem ser combatidas, pelo contrário, com a redução na taxa de juros.

Ora, é óbvio, se a inflação aumenta, o poder de compra e investimento diminui, o consumo diminui. Logo, é preciso aquecer a economia, aumentar a produção e dinamizar a economia para valorizar a moeda nacional.

Com menores taxas de juros, o estímulo ao investimento no setor produtivo é maior, o que contrapõe a tendência destrutiva que ocasiona na alta inflacionária. Abordando o problema desta forma, fica claro ao leitor que a colocação final do parágrafo que citamos é, na realidade, não uma colocação técnica, segundo alguma lei econômica, do Estado.

É uma ameaça ao governo federal, em especial a Lula. Uma ameaça de asfixia ainda maior da economia nacional, como já vem sendo praticado, a exemplo da decisão do Copom citada no artigo.

Na sequência, um trecho citando números da inflação em variedade, o que não diz nada em si mesmo. Utilizando uma “argumentação embasada/difícil” ao apresentar dados que não significam coisa alguma de maneira isolada como colocado, o Estado pretende enganar os leitores para que apoiem uma política de destruição econômica do Brasil, em benefício do imperialismo. E a farsa do argumento apresentado é reconhecida pelo próprio jornal:

É certo que muitos fatores que contribuem para o desempenho da inflação independem de motivos internos, como a geopolítica mundial, os efeitos climáticos e a oscilação de preços das commodities.

O interessante vem após:

Mas fatores domésticos têm peso significativo, e a disposição do governo em buscar e manter o equilíbrio das contas públicas talvez seja o mais importante deles.

Aqui a razão do artigo, o “equilíbrio das contas”, nome fantasia para cortes nas áreas sociais e econômicas, como saúde, educação, assistência social, geração de empregos e desenvolvimento.

Dito isso, o governo Lula da Silva está devendo ao País o convencimento de seu compromisso com o orçamento fiscal. Mas o adiamento injustificável do pacote de cortes de gastos diz justamente o contrário, assim como alguns sinais despropositados emitidos pelo governo. Chamou a atenção, por exemplo, notícia atribuída ao Ministério das Minas e Energia (MME) dois dias antes da divulgação do IPCA dando como certo que, em dezembro, a bandeira tarifária de energia elétrica será verde.

Talvez por coincidência o aumento no serviço de energia elétrica foi isoladamente o que mais pesou no IPCA. A alta foi de 4,74% em outubro, mês em que vigorou a bandeira vermelha patamar 2, o mais alto.

O governo, em outras palavras, mesmo frente à pressão do imperialismo, resiste em aplicar o programa neoliberal, e é isso o que dá motivo ao editorial do Estado de S. Paulo. O veículo burguês vai além e critica uma previsão do Ministério de Minas e Energia de redução nos preços da energia elétrica, com um argumento sobre as chuvas. A questão é uma tolice. O preço da energia elétrica deve ser controlado pelo governo para estimular o desenvolvimento econômico do País, e para garantir a dignidade da população. Segundo o jornal, porém, o preço seria algo natural, fruto única e exclusivamente de ciclos de chuvas:

Diante de um cenário climático caótico, é difícil prever o que ocorrerá no fim deste ano. Ademais, a definição da bandeira tarifária cabe à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com a análise de parâmetros hídricos específicos, e não ao MME, que vem travando uma briga de foice com o órgão regulador. A retirada do adicional em dezembro, se ocorrer, por certo trará alívio inflacionário, mas não pode vir à custa da segurança energética.

Aqui temos a contraposição do próprio Estado de S. Paulo. Se o preço da energia é fruto de ciclos de chuvas, por que haveria uma briga em torno dele? É óbvio, o preço é político, e o ministério busca reduzir a inflação. Uma baixa no custo da energia é não apenas um alívio para os trabalhadores, mas um estímulo a todo o setor produtivo no País.

Ora, e a segurança energética? Trata-se de outra farsa. Não é a política do imperialismo, nem do Estado, seu servo, a segurança energética do Brasil.

Um exemplo disso é a oposição ferrenha do próprio jornal, e a campanha constante por meio de todo o arsenal da imprensa pró-imperialista “nacional”, contra a Petrobrás, contra a construção de refinarias no Brasil, contra o desenvolvimento nacional em qualquer área. A campanha imperialista de sabotagem econômica continua:

Intervenções desnecessárias como esta são constantes e aumentam a percepção de que no governo Lula há uma crença generalizada de que qualquer condição pode ser criada artificialmente para se chegar ao objetivo desejado. Se o governo quer aumentar o crédito e o consumo, que o Banco Central baixe os juros; se quer elevar gastos, que se retirem alguns itens do limite de despesas; se quer mais investimentos em serviços públicos, que se obrigue empresas privadas a fazê-los.

O comportamento dos preços está deixando claro que não é assim que a banda toca. Há um espalhamento inflacionário maior e as altas já alcançam 62% dos produtos pesquisados.

É necessário compreender que não há uma diferença real entre o que seria natural ou artificial segundo o Estado. A taxa de juros como aplicada é uma medida de recessão, de destruição econômica. A restrição orçamentária é uma garantia de que os trabalhadores não serão atendidos enquanto o capital financeiro não decidir que já sugou o bastante a produção nacional.

E o ponto sobre obrigar as empresas privadas a prestar serviços, se assemelha na realidade a uma manobra para contornar os limites orçamentários. O comportamento dos preços, apontado cinicamente pelo Estado, ocorre em grande medida como fruto da política imposta pelo imperialismo e defendida pelo jornal contra o programa eleito para o governo federal, expresso na figura de Lula.

O artigo termina com a mesma ameaça que antes:

Se não mudar rápido de rota e entregar o prometido pacote fiscal, o governo vai colher taxas de juros ainda mais elevadas.

É um anúncio de guerra econômica contra o governo. É preciso reagir. Lula precisa chamar os trabalhadores e defender uma política voltada para a classe operária.

Caso se mantenha na mesma rota, será esganado pela burguesia, enquanto os trabalhadores se desmoralizam pela inação do que esperavam que fosse seu governo. Até que exploda a situação política, fruto da destruição econômica exacerbada.

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