“Siga o dinheiro” é uma máxima da política. Se um grupo ou indivíduo investe e patrocina a campanha de um político burguês, não é por bondade ou crença de mundo. Outro bordão antigo que ajuda a compreender a situação é “diga-me com quem andas, que te direi quem és”. Em 2022, o Diário Causa Operária divulgou o investimento em peso do Itaú na campanha de Sônia Guajajara (PSOL) à presidência. Anteriormente, o mesmo Diário divulgou escândalos que envolviam Guilherme Boulos (PSOL) ao NED, fundações de George Soros e também aos bancos.
Por meio da plataforma de consulta pública do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a equipe do Diário Causa Operária levantou informações sobre a campanha de Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo, apoiada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com quase 30 milhões de reais, constatando uma série de relações do político com os bancos, ONGs imperialistas e famílias de grandes banqueiros.
Assim como ocorreu com a índia de estimação do PSOL, Sônia Guajajara, em 2022, a candidatura de Boulos recebeu uma bagatela de R$50.000,00 da sra. Beatriz Sawaya Botelho Bracher, filha de Fernão Carlos Botelho Bracher, um capitalista de primeira categoria fundador do banco BBA, que foi adquirido pelo Itaú, garantindo o cargo de vice-presidente no Itaú a Fernão. Durante o governo Sarney, foi presidente do Banco Central e vice-presidente do Bradesco.
Não se pode considerar a relação entre doações financeiras e campanhas eleitorais como um simples apoio monetário. Ao contrário, esse tipo de contribuição frequentemente envolve uma troca implícita: “eu te ofereço recursos em troca de favores”. Essa dinâmica se revela como uma confirmação de confiança e uma forma de garantia de que os interesses do financiador serão atendidos.
Nesse contexto, o PSOL tem se tornado, em certa medida, dependente do apoio financeiro de instituições bancárias, como o Itaú, que há anos investe em suas campanhas. Essa relação indica um reconhecimento por parte do setor financeiro da ideologia e das práticas da sigla, o que levanta, no mínimo, graves preocupações e suspeitas sobre a autonomia do partido em relação às pressões do capital. Voltando à Beatriz, vale lembrar que a mesma realizou doações de R$220.000,00 em 2022 para candidaturas da Rede, de Marina Silva, enquanto membros de sua família ou que compõem o quadro de diretores das mesmas empresas doaram para PSDB e PMDB.
Consultando a divulgação de contas do TSE, outra peculiaridade acontece, constatando-se três senhoras com um sobrenome incomum, porém comum entre elas: Moreau. Daniela Maria Moreau doou R$300 mil, Mariana Moreau colaborou com R$200 mil e Gisela Moreau, mais mão de vaca, igualou a contribuição de Beatriz Bracher, somando na candidatura do psolista com apenas R$50 mil. Doando, juntas, mais de meio milhão, as boas senhoras pertencem à família que já comandou o Banco da Bahia, responsável pelo fornecimento de crédito para latifundiários do Nordeste brasileiro. Além de boas filhas, as três são sócias em diversos empreendimentos na área dos latifúndios.
No caso de Mariana, acostumada à vida de elite, possui empreendimentos no ramo da cultura e foi casada com o músico Arnaldo Antunes por 15 anos. Sua bondade, porém, não é de hoje. Doou R$150 mil para o então psolista Marcelo Freixo em 2022, quando ainda era do PSOL e possuía um apoio implícito à direita, não explícito como nesta eleição, em que compôs chapa com Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro, mesmo contra seu aliado histórico Tarcísio Motta (PSOL).
Já Gisela, que contribuiu de forma singela com R$50 mil, não deve ter sua benevolência posta em xeque, pois doou, também, a mesma quantia de R$50 mil para o candidato burguês da Rede de uma cidade no Amazonas. Por falar em Amazônia, financiou, também, a candidatura de índios de enfeite do PSOL ao longo do Amazonas. Por pertencer a uma família de banqueiros relacionados aos ruralistas, porém, não financiou nenhuma candidatura de índios que estejam em confronto com latifundiários ou busquem seus pedaços de terra, por viverem como verdadeiros moradores de rua no campo. Na última eleição, doou também para Freixo, no Rio de Janeiro, e para Alessandro Molon (PSB), no Rio de Janeiro, na candidatura ao senado que visava confrontar o acordo realizado pelo PSB, atualmente de Freixo, Dino e o golpista agressor de professores Geraldo Alckmin, com o Partido dos Trabalhadores. Para fechar a família, Daniela também havia doado anteriormente para a campanha de Freixo, no Rio de Janeiro.
Outro nome que aparece é o do empresário Marcos Augusto Guerra, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), do qual também fazem parte grandes capitalistas como Luiza Trajano (Magalu) e dezenas de golpistas. Como consta na sua descrição no site do CDESS, ele possui “três décadas de experiência em comércio e relações internacionais”, sendo “conselheiro e apoiador da ONG “Desengarrafando Mentes”, que se dedica a questões sociais e ambientais junto as comunidades do litoral norte de São Paulo”. Louvável, ainda mais quando se vai a fundo do financiamento e apoio da “Desengarrafando Mentes”, que possui como “parceira” (nome bonito que os capitalistas dão para “financiadora”) a ONG “SOS Mata Atlântica”, aí sim financiada, explicitamente, pela Embaixada da França, Embaixada do Canadá e dezenas de empresas ligadas ao imperialismo.
Ao longo de sua campanha, Boulos pode ser visto com figuras abjetas como Geraldo Alckmin, que ocupa de forma repugnante a cadeira de vice-presidente da República, e outras dezenas de golpistas. A vice de sua chapa, por sua vez, era a abjeta Marta Suplicy, ex-petista que governou junto aos bancos e, durante o golpe, desfiliou-se do Partido para votar a favor da destituição da presidenta Dilma, ocupando cargos no governo do golpista-mor Michel Temer (MDB) e, até voltar para o PT neste ano, cargos também na prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), que fez de tudo em São Paulo para associar sua imagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Se o ditado “diga-me com quem andas, que te direi quem és” não surtir efeito, “siga o dinheiro”, conforme revelado por este artigo, pode elucidar um pouco mais de quem é o senhor Guilherme Boulos e a quais senhores ele serve.