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Ásia

Banqueiro e Nobel da Paz: quem é o novo premiê de Bangladexe

Um banqueiro formado nos EUA com uma bolsa de estudos de uma das fachadas da CIA assume o controle de Bangladexe

Nesta segunda-feira (5) a primeira-ministra de Bangladexe, Xeique Hasina, renunciou ao cargo e fugiu para à Índia. A renúncia se deu após uma onda de protestos violentos – com mais de 300 mortos – liderados por estudantes. Em clima de revolução colorida, assume como primeiro-ministro interino o banqueiro Muhammad Yunus, dono do Banco Grameen.

As manifestações tiveram início após a promulgação de uma lei que alocava cotas no serviço civil para descendentes de pessoas que participaram na guerra de independência do país. Após intensos confrontos com as forças de repressão de Bangladexe, culminando em 90 mortos apenas no último domingo (4), Hasina renunciou.

Com a renúncia da primeira-ministra, manifestantes invadiram a residência oficial do gabinete até que uma junta militar tomou o poder.

Durante um discurso à nação na segunda-feira (5), o chefe do Estado-Maior do Exército de Bangladexe, general Waker-Uz-Zaman, disse assumir toda a responsabilidade pela formação de um governo interino. Disse também que o novo governo incluirá representantes “de todos os principais partidos políticos”.

Após uma reunião entre a junta militar, o presidente de Bangladexe – Mohammed Shahabuddin – e lideranças estudantis, decidiu-se pela nomeação de Muhammad Yunus como primeiro-ministro interino. A escolha de Yunus se deu em seguida a recusa de um governo militar por parte dos estudantes. O anúncio foi dado na quarta-feira (7) através de Joynal Abedin, secretária de imprensa do presidente. Outros membros do governo serão decididos em breve, segundo Abedin.

Com 84 anos, Muhammad Yunus é formado em economia pela Universidade de Bangladexe. Doutorou-se na Universidade de Vanderbilt, onde recebeu uma bolsa de estudos integral. Trabalhou como professor assistente da na Universidade Middle Tennessee State até que retornou para Bangladexe, onde atuou chefiou o departamento de economia da Universidade de Chittagong.

Em 1983, fundou o Banco Grameen, o qual tem como principal objetivo oferecer microempréstimos para pessoas pobres, especialmente mulheres. O conceito de microempréstimos utilizado por Yunus foi recebido de braços abertos pela burguesia imperialista, tanto que lhe concedeu o prêmio Nobel da Paz de 2006, uma medalha presidencial da liberdade dos EUA em 2009 e uma medalha de ouro do congresso dos EUA em 2013.

A política de microempréstimos de Yunus, apesar de tê-lo torando famoso em todo o mundo, foi, na realidade, criada pelo governo norte-americano nos anos 1960. Este modelo surgiu como uma tentativa de minar movimentos sociais anti-imperialistas na América Latina, não à toa que este foi abraçado pelos EUA e pelo Banco Mundial quando ressurgiu nos anos 1980.

Segundo Yunus, as transações de microcréditos seriam uma forma de levar créditos para pessoas de baixa renda que não teriam seus pedidos aceitos por “bancos tradicionais”, com o intuito de gerar microempreendimentos em locais mais pobres. Segundo o comitê do Prêmio Nobel, Yunus recebeu tal prêmio pelos “seus esforços para gerar desenvolvimento econômico e social a partir de baixo. O desenvolvimento a partir da base também contribui para o avanço da democracia e dos direitos humanos” – concedendo-o o título de “banqueiro dos pobres”. Diversos outros bancos foram criados às bases do Banco Grameen, assim como bancos tradicionais adotaram as suas práticas.

Contudo, o modelo de negócios de Yunus não atingiram os objetivos apresentados pelo banqueiro. Os empregos e negócios prometidos por Yunus nunca se efetivaram. Os tomadores não tinham capacidade de pagar tais empréstimos devido aos juros – Yunus foi, inclusive, acusado pelo governo bangladexiano de utilizar a força e outros meios para recuperar empréstimos de mulheres na zona rural.

Na prática, o microcrédito – e as instituições que o praticavam – era utilizado como um intermediário entre uma população paupérrima e os grandes investidores internacionais. Criando uma fonte de renda gigantesca para os banqueiros com microempréstimos, bem como para os seus investidores.

A relação dos microempréstimos com o capital financeiro internacional é comprovada ao analisarmos os investidores da Grameen Foundation, fundação criada para expandir o microcrédito pelo mundo. Dentre seus colaboradores estão o Banco Mundial, a Rockfeller Foundation, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, Fundação Schwab para o Empreendedorismo Social do Fórum Economico Mundial, George Soros, Bill Gates, John Major (ex primeiro-ministro do Reino Unido), entre outros investidores individuais e grupos financeiros.

Muhammad Yunus é uma marionete do imperialismo, tendo sido utilizado para expandir a campanha de rapina do capital financeiro internacionalmente. Agora Yunus conduzirá a dominação política da burguesia imperialista em Bangladexe.

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