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Editorial

Bancos querem ainda mais

Mesmo com os ataques do Plano Haddad, capitalistas não estão satisfeitos

O pacote fiscal anunciado por Fernando Haddad em 28 de novembro de 2024 é uma das mais vergonhosas capitulações do governo diante da pressão dos bancos. Os R$327 bilhões em cortes previstos até 2029, sendo R$71,9 bilhões nos próximos dois anos, são insuficientes para resolver qualquer “problema fiscal” e, ao mesmo tempo, trazem sacrifícios imensos para a população mais pobre. O governo está optando por cortes em áreas essenciais, como saúde, educação e assistência social, para agradar aos bancos e manter o pagamento da dívida em primeiro plano.

Apesar da dureza das medidas contra os trabalhadores, os capitalistas não estão satisfeitos. Eles querem mais. O pacote fiscal não atende às suas expectativas, e, como mostram as projeções de consultorias como o BTG Pactual, o impacto real será bem inferior ao prometido. Por isso, os banqueiros já estão em campanha por mais austeridade, mais cortes, mais sacrifícios da classe trabalhadora, enquanto seus lucros seguem intocados.

Eles querem cortes mais profundos, mais desregulação e mais redução da presença do Estado, enquanto continuam a ser agraciados com os juros da dívida pública e os benefícios do sistema financeiro.

As declarações de insatisfação vêm de todos os lados. O economista André Perfeito disse que o mercado financeiro “não viu na fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nada substancial na apresentação” feita para detalhar as medidas. A IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado, por sua vez, disse que o pacote fiscal é “insuficiente” para reverter rombos projetados para as contas públicas em 2025 e 2026. Já a consultoria AC Pastore disse em informe aos seus clientes que “a magnitude do ajuste prometido é insuficiente para alterar a dinâmica da dívida pública”.

A reação dos bancos apenas comprova que a implementação do Plano Haddad foi um erro monstruoso. O governo Lula, ao ceder à pressão de seus inimigos, acabou dando uma grande demonstração de fraqueza, e não tranquilizando seus adversários. Ao demonstrar fraqueza, o governo abriu o caminho para exigências ainda maiores por parte dos bancos.

Se continuar cedendo à pressão da direita, o governo acabará perdendo toda a sua base social, que já está bastante insatisfeita com a sua política fiscal. Perder sua base, por sua vez, pode acabar levando a um golpe de Estado.

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