Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e faz parte da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

Bancários: rejeitar a proposta miserável dos banqueiros

Os banqueiros são mestres em arquitetar golpes. Em todas as campanhas salariais se utilizam os mesmo métodos nas mesas de negociações

O Comando Nacional dos Bancários marcou para a próxima quarta-feira (4)  para que os sindicatos de todo o País realizem assembleias, de forma híbrida, no sentido de deliberar sobre a proposta miserável dos banqueiros para a categoria bancária nesta campanha salarial.

Para esse mesmo Comando, “após 13 duras longas rodadas de negociações (coitadinhos N.E.), o Comando Nacional dos Bancários arrancou (como assim; não houve luta alguma N.E.), neste sábado (31), proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), garantindo a unidade da categoria com manutenção de todos os direitos e ampliação de 10 novas cláusulas para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), para 2024 e 2025. As assembleias serão realizadas na próxima quarta (4) e o comando indica a aprovação. Nas cláusula econômicas, a categoria terá reajuste de 4,64% nos salários e demais verbas, incluindo vales alimentação (VA), refeição (VR), auxílio creche/babá e participação nos lucros e resultados (PLR) neste ano, para um INPC estimado de 3,91% o que daria um ganho real de 0,7%, Para 2025, o aumento será de 0,6% para salários, PLR, VA/VR e demais cláusulas econômicas”.(Site Contraf/CUT 31/08/2024)

Logicamente que os bancários, com certeza, devem estar assombrados com as “vitórias” que a burocracia sindical, através do Comando de Negociação, dizem terem conseguido. 

Os banqueiros são mestres em arquitetar golpes. Em todas as campanhas salariais se utilizam os mesmo métodos nas mesas de negociações com a lenga lenga das ameaças de retirar direitos, de não reajustar salários, etc. e tal. E é nesse contexto que tentam, mais uma vez, arrochar os trabalhadores, e contam com a política de capitulação das direções do movimento dos bancários quando esses mesmos defendem as propostas ridículas dos banqueiros.

Esse é mais um golpe dos banqueiros nesta Campanha Salarial, inclusive através de um acordo rebaixado de dois anos. A proposta  de reajuste miserável de 4,64% (3,91% de inflação + 0,7% de “ganho real”) é ridícula em comparação aos lucros auferidos pelos banqueiros (R$144 bilhões em 2023) e em relação à situação de miséria da categoria bancária. 

Para se ter um parâmetro de comparação: o Governo Federal acabou de anunciar o reajuste do salário mínimo, que serå de 6,78% (3,82% do INPC + 2,91% de ganho real), ou seja, o triplo do valor de “ganho real” proposto pelos coitadinhos dos banqueiros que, além de lucrarem os tubos todos os anos, ainda abocanham metade o Orçamento Público brasileiro.

Há um ditado popular argentino que afirma: “estávamos melhor quando estávamos pior”. Com efeito, como entender que os bancários que já protagonizaram grandes mobilizações nacionais e chegaram a arrancar conquistas salariais; direito de organização; que construiu sindicatos reconhecidos, com recursos materiais e humanos extraordinários antes jamais sonhados, dirigentes liberados; verifique hoje um claro retrocesso nas suas organizações (ausência de mobilização, categoria pulverizada, reuniões esvaziadas) como ainda em suas lutas a ponto de que reivindicações, mesmo as mais elementares não serem atendidas.

Mais uma vez a capitulação da campanha salarial dos bancários se repete. Na campanha salarial de 2022 a categoria bancária foi convidada a apostar na farsa montada pelos banqueiros, e acatada caninamente pelas direções sindicais, numa proposta que não repunha a inflação do período e, agora, querem, mais uma vez, apostar no arrocho salarial, nas demissões em massa (nada foi acordado nesse sentido), na política de metas à todo custo, etc. 

Sem nenhuma luta consequente, a burocracia sindical enfiou as reivindicações dos bancários no lixo (que já eram rebaixadas: INPC + 5% de “ganho real”) e passou a defender abertamente a pauta dos banqueiros, o que resultará num “acordo” (arrocho) coletivo de trabalho.

Diante das duras condições de vida que a categoria bancária está submetida é necessário superar os obstáculos colocados no caminho dos trabalhadores pelo conjunto da burocracia sindical e rejeitar mais essa proposta indecente dos banqueiros, e exigir das direções sindicais que organizem uma verdadeira luta unificada e sem trégua pela reposição das perdas salariais (que ultrapassa 30%)’ ganho real de 20% (conforme a tradicional reivindicação dos trabalhadores); estabilidade no emprego; fim das terceirizações; piso salarial de 7 mil,dentre outras.

Nada de assembleias virtuais sem a participação efetiva e um verdadeiro debate na categoria. Assembleias presenciais, através de um amplo debate dos trabalhadores, para que eles possam, verdadeiramente, decidir os rumos da sua campanha salarial.

•⁠ ⁠A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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