Nas últimas eleições, o Partido dos Trabalhadores (PT) resolveu adotar uma política verdadeiramente suicida, muito pior que unir-se com setores golpistas é abdicar da disputa e prestar sua grande credibilidade perante o povo para seus inimigos declarados ou não. Nas eleições municipais de 2020, o PT não conseguiu eleger sequer um único prefeito em nove capitais nordestinas, agora para evitar novamente o mesmo fracasso, desistiu de concorrer ao executivo em metade dessas cidades e acredita que terá melhores resultados.
O maior partido de esquerda no Brasil desistiu de concorrer em Salvador-BA, maior capital nordestina, para apoiar Geraldo Jr (MDB). Em São Luís-MA, o PT vai apoiar o deputado Duarte Jr. (PSB), aliado do direitista Flávio Dino, numa aliança com partidos como o PSDB e o PL. Na cidade de Recife-PE, o PT buscou um acordo para lançar um vice para o candidato João Campos (PSB) e terminou sendo deixado de lado. Na capital de Alagoas, Maceió, o PT chegou a lançar Ricardo Barbosa como candidato, mas a direção do partido decidiu apoiar Rafael Brito, candidato do senador Renan Calheiros, e não nomeou sequer um vice.
As explicações são as mais absurdas: que o partido não teria um candidato forte e carismático, ou ainda que o PT sofreria os efeitos do Mensalão e da Lava Jato até os dias de hoje. Evidentemente que a campanha da burguesia contra o presidente Lula e seu partido perdura até os dias atuais, isso porque a crise do regime aumenta ainda mais e porque o golpe ainda não foi derrotado. O problema é que o PT busca fórmulas ainda piores que as alianças do passado como PMDB de Michel Temer e Eduardo Cunha para superar as barreiras impostas desde o golpe de 2016, quiçá do Mensalão.
Na última eleição na capital paulista, em função de pesquisas totalmente fraudadas e que apontavam Guilherme Boulos com mais votos que o petista Jilmar Tatto, o PT resolveu abandonar apoio ao seu candidato para apoiar o Psolista. Neste ano, em decorrência de um acordo “sem pé e cabeça” da direção do PT para obter o inútil apoio do PSOL ao presidente Lula, o partido deixou de lançar candidato na cidade mais importante do país para apoiar Boulos. Assim, o PT está a fazer exatamente o jogo que burguesia tem para o partido, que conduza a sua substituição por uma esquerda sem ligação ao movimento operário e às massas populares.
Essa política que pode conduzir o PT à sua própria extinção. A direção parece não ter aprendido com as alianças do passado que resultaram no golpe: refez todas elas e ainda colocou setores identitários ou pró-imperialistas em seu governo. Agora resolveu apoiar os mais vigaristas da política nacional, traindo o propósito pelo qual o próprio partido foi constituído. É o caminho para o desastre total, assim como em São Paulo, essa pode resultar na anulação do PT como a principal força da esquerda.
A direção do PT deveria ter adotado uma política independente da burguesia, parece que não ter compreendido que a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro em 2022 resultou da mobilização das massas populares nas ruas. Em uma região, onde mais de 66% da população elegeu o atual governo petista há condição de eleger prefeito em todas as capitais. Não somente o Brasil, mas o mundo inteiro está afundando em uma enorme crise. Agarrar-se aos partidos do regime não derrotará a extrema direita, mas, pelo contrário, fortalecerá ainda mais este setor.
