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São Paulo

Ato de 23 de março: um circo que levará à vitória do bolsonarismo

As direções da esquerda organizaram uma verdadeira farsa nos atos de todo o Brasil, esse caminho levará a um grande fortalecimento do bolsonarismo

No sábado, 23 de março, aconteceu o ato unificado da esquerda em oposição ao bolsonarismo. Ele foi convocado como uma reação ao ato do dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista que levou uma quantidade enorme de pessoas e ligou o alerta para um grande setor da esquerda que estava achando que o bolsonarismo já havia sido derrotado. Esse alerta, no entanto, se apagou antes da chegada do ato, pois houve uma clara mudança da política das direções da esquerda ao longo do mês: a convocação dos atos foi abandonada e eles se tornaram apenas uma farsa.

Em cidades como Florianópolis, o ato aconteceu no dia 22, sexta-feira, e não no sábado, pois o feriado seria um dia ruim para realizar um ato. O caso mais absurdo foi o do Rio de Janeiro, onde o ato foi cancelado por causa das chuvas que possivelmente seriam fortes.

De forma geral, os atos em todo o Brasil foram pequenos. O mais importante de todos, o de São Paulo, também passou por uma sabotagem. Ele foi convocado no Largo de São Francisco, um local que por si só já denota um ato pequeno, e, além disso, não é tradicionalmente um local de lutas. Ou seja, a convocação em si já era desanimadora.

Em meio à garoa de São Paulo, o ato começou às 15h. Luan Monteiro, militante do PCO, comenta como foi a manifestação de forma geral:

“Às 15h estava bem vazio, nem 100 pessoas. Acontecia um ato separado do PCB, do PSOL e da UP. Estimo que o ato contou com 300 a 400 pessoas. Houve muitas falas com defesa abstrata da democracia. Pessoas da CUT e do PT. Poucas pessoas falaram da Palestina. Não havia nenhum material circulando no ato, quase nada da Palestina, apenas um estandarte de uma pessoa individual. Nós distribuímos mais de mil plaquinhas com bandeira da palestina, centenas de cartazes e milhares de panfletos.”

O PCO de fato era o partido de maior destaque no ato com sua banca armada, seus diversos materiais e a Bateria Popular Zumbi dos Palmares. Fora isso, poucas organizações compareceram, como a APEOSP, o maior sindicato da América Latina. No carro de som, aconteceram as falas durante quase duas horas. O clima era de um ato burocrático, nada combativo. Para os militantes que estiveram presentes, o ato foi um grande balde de água fria, algo desmobilizador.

Gustavo, militante do interior de São Paulo, expressa o sentimento das bases da esquerda que de fato querem combater o bolsonarismo:

“É inacreditável, o ato começou às 15h e as 17h ele já está acabando. É inacreditável que a esquerda tenha a pachorra de fazer um ato desses. Acabar o ato em menos de 2h, não mobilizar ninguém, escolher esse local pequeno. É inadmissível que a esquerda faça algo desse jeito. Enquanto o bolsonarismo faz um grande ato na Av. Paulista, a esquerda faz esse ato pequeno, com poucas falas e nem mesmo move o bloco, fica parado no Largo de São Francisco, é inadmissível.”

Na Análise Política da Semana, Rui Costa Pimenta comentou como essa política burocrática é o grande erro do PT:

“A mesma crise que pegou o governo da Dilma continua aí, não foi superada. Ela é de 2008 e não foi superada, nem será superada. A tendência é que a economia mundial entre em um espiral de crise. Se isso atingir o Brasil, o que hoje é moderadamente ruim ficará horrível. É preciso uma alternativa política para isso. Além de governar é preciso entrar numa luta política contra os vampiros. Tem que pegar uma estaca de ferro para enfiar no coração do vampiro. O esforço institucional burocrático não irá resolver. É preciso, por exemplo, reestatizar as empresas privatizadas para que o dinheiro volte para o Brasil. É necessária uma mobilização, mas a política do PT não é de mobilizar ninguém. Hoje o ato foi convocado para o Largo de São Francisco, ou seja, a política não foi de mobilizar.”

Ao fim da mobilização, João Pimenta, da direção nacional do PCO, fez um balanço do ato:

“Estamos aqui no encerramento ‘maravilhoso’ do ato do dia 23. O único balanço que vale a pena ser feito é: as direções da esquerda estão organizando uma verdadeira farsa. Isso aqui é farsesco. Organizar uma reposta à extrema direita, ao bolsonarismo, trazer 500 pessoas, fazer uma resposta de duas horas que nem durou duas horas de verdade e ir embora é uma farsa. O fato de não falarem que é uma farsa apenas fortalece a realidade que isso vai nos levar à derrota ante a extrema direita, a não ser que mudemos de política. Precisamos mudar as coisas no 31 de março. Precisamos convocar manifestações de verdade, que sejam demonstrativas, sem essa horda de oportunistas. A esquerda deve entender que não dá para deixar o enfrentamento ao bolsonarismo nas mãos do STF. O STF vai fracassar. Quem vai derrotar o bolsonarismo são as massas nas ruas e, para isso, elas precisam ser chamadas. Fazer esse tipo de circo não vai derrotar o bolsonarismo.”

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