Na última edição do Relatório de Acompanhamento Fiscal, redigido pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, foi projetado que a tendência de aumento da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) seria muito mais acentuada que a estimada pelo Tesouro Nacional.
A IFI afirma que, ao final de 2024, a relação dívida pública/Produto Interno Bruto (PIB) deverá ser de 78,3% – ou seja, a dívida será equivalente a 78,3% do PIB. Para 2025 e 2026, o relatório dá conta de que essa relação será de, respectivamente, 81,4% e 86,3%.
Tal projeção já foi o suficiente para que a histérica imprensa burguesa brasileira fizesse um novo alarde em relação ao problema da chamada “responsabilidade fiscal” do governo Lula. Em editorial intitulado A espiral explosiva da dívida, o Estadão afirma:
“As projeções, das mais amenas às mais preocupantes, convergem em um ponto: a trajetória da dívida do governo é explosiva e precisa ser encarada com firmeza, o que exige que o governo Lula da Silva realmente se empenhe em apresentar propostas que revertam o descontrole nas contas públicas.
[…]
Não há sinais, contudo, de que o Executivo vá se empenhar neste sentido. O presidente Lula, que afirma que jamais houve alguém com mais responsabilidade fiscal que ele, é o primeiro a sabotar os esforços de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em intermináveis provocações ao mercado financeiro, o vilão ideal do lulopetismo.
[…]
Ou Lula, seus ministros e o PT se comprometem com um ajuste de fato, e deixam de sabotar o visivelmente exausto Haddad, ou a dívida, num horizonte não tão longínquo, superará com folga os 100% do PIB.”
O “visivelmente exausto Haddad”, por sua vez, comentou sobre a versão de seu pacote fiscal aprovada no Congresso, afirmando que “apenas esse pacote não é o suficiente”. À coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, a assessoria do mais tucano dos petistas ainda afirmou que “há um trabalho constante de contenção dos gastos que o ministro trata exatamente dessa forma: uma atenção permanente”.
Temos, portanto, mais algumas provas de que não importa o que o governo Lula apresentar em termos de “contenção de gastos”. Para a burguesia, nunca será suficiente. Afinal, o Plano Haddad, mesmo em sua versão aprovada pelo Congresso, representa um duro ataque aos trabalhadores, impondo pela primeira vez na história, por exemplo, um teto ao aumento do salário mínimo.
Diante disso, os banqueiros não se mostraram satisfeitos por um único segundo, exigindo cada vez mais do governo Lula. Haddad, enquanto isso, se mostrou obediente, disposto a entregar a meia dúzia de vampiros neoliberais que sequer moram no País tudo que eles quiseram.
Finalmente, é isso que a burguesia quer e é isso que ela exige de Lula: arrancar cada centavo do povo brasileiro até não sobrar nada.