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Guerra na Ucrânia

Ataques terroristas em Cazã: OTAN aumenta pressão contra Rússia

Ataques contra o território russo não modificam situação no campo de batalha, mas dificultam futuros acordos

A cidade de Cazã, na Rússia, onde foi realizada a cúpula dos BRICS em outubro deste ano, amanheceu em chamas. Drones suicidas ucranianos carregados de explosivos atingiram diversos edifícios residenciais, segundo reporta o portal de notícias Russia Today. As autoridades russas informaram que baterias de defesa aérea abateram três dos drones ucranianos e que outros três foram neutralizados por sistemas eletrônicos. O ataque, parcialmente bem-sucedido, não deixou vítimas do lado russo.

O ataque surpreendeu pela profundidade no território russo. A cidade de Cazã fica a quase 1.400 km da fronteira entre Rússia e Ucrânia. Os alvos residenciais reforçam a estratégia ucraniana dos últimos meses de aterrorizar a população civil, na tentativa de fomentar insatisfação e revolta contra o governo russo.

Essa provocação é apenas mais uma de uma sequência de atentados contra o território russo. Na sexta-feira (19), mísseis HIMARS norte-americanos foram utilizados em ataques criminosos na região de Kursk. Segundo autoridades locais, seis pessoas, incluindo uma criança, morreram em decorrência do ataque, e outras 13 sofreram ferimentos leves. A região de Kursk, esparsamente povoada, foi invadida pelo exército ucraniano em agosto deste ano, com um efetivo de cerca de 35 mil homens. Embora os ucranianos ainda ocupem uma pequena porção do território tomado inicialmente, sua ofensiva foi totalmente contida pelas forças russas.

O ataque mais sério, porém, ocorreu na quarta-feira (17), quando seis mísseis ATACMS norte-americanos e quatro Storm Shadow britânicos foram utilizados contra a província de Rostov. A região, vizinha ao Donbass — que era parte da Ucrânia e hoje está integrada ao território russo —, foi alvo de um ataque em que apenas um Storm Shadow conseguiu superar a defesa antiaérea russa. Esse míssil atingiu um prédio administrativo de uma fábrica de produtos químicos, que parecia ser o principal alvo do ataque.

O uso de mísseis ATACMS e Storm Shadow é significativo porque exige operadores norte-americanos e britânicos, com acesso aos sistemas militares dos quais esses armamentos dependem para serem lançados. Isso caracteriza uma ofensiva direta da OTAN contra a Rússia.

Não é a primeira vez que ATACMS são usados contra a Rússia. Esses mísseis, antes um tabu no conflito, tiveram sua utilização autorizada pelo presidente norte-americano Joe Biden em novembro e foram imediatamente empregados. Os russos responderam ao ataque com o uso de seu míssil mais moderno, o Oreshnik, armamento supersônico que pode ser equipado com uma ogiva nuclear. O governo russo afirmou que, assim como em ataques anteriores, os recentes também não passarão sem resposta.

Em reunião com o Conselho de Estado russo, o presidente Vladimir Putin concordou com a avaliação de um parlamentar de que está em curso uma guerra “contra o mundo russo”. Os avanços do imperialismo deixam isso claro. No apagar das luzes de uma presidência norte-americana extremamente impopular, os ataques não têm relação com qualquer mudança substancial na situação do campo de batalha, onde a Rússia tem clara vantagem. O objetivo é levar o governo russo a escalar o confronto, dificultando uma solução negociada — algo que foi uma das principais promessas de campanha do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em sua tradicional coletiva de imprensa anual, realizada na última quinta-feira (19), Putin deixou claro que está disposto a um “duelo de alta tecnologia” com seus adversários imperialistas, gabando-se dos mísseis Oreshnik. O presidente russo desafiou a OTAN a escolher um alvo em Kiev, concentrar suas defesas antiaéreas e tentar protegê-lo do poderoso míssil supersônico.

Outro evento importante, ocorrido no início da semana, foi o assassinato do general russo Igor Kirillov, de 54 anos. Os ucranianos assumiram a autoria do ataque, que aconteceu nas ruas de Moscou, em frente à casa da vítima. As intenções propagandísticas e provocadoras do imperialismo e de seus procuradores ucranianos são evidentes. Putin, por outro lado, enfrenta pressão tanto do aparato estatal quanto da população russa para agir. Uma paralisia pode levar o adversário a acreditar que o líder russo está blefando. Dada a recente queda da Síria, percebe-se que subestimar o poder do imperialismo, ainda que decadente, é um erro grave.

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