Dois dias após a tentativa de assassinato frustrada contra o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o principal candidato na disputa presidencial deste ano deu uma entrevista ao jornal nova-iorquino New York Post, na qual disse estar mudando seu discurso, preparado para a convenção que o oficializará como candidato do Partido Republicano no próximo dia 18. “Eu tinha preparado um discurso extremamente duro, realmente bom, todo sobre a administração corrupta e horrível, mas joguei fora”, disse Trump, acrescentando: “quero tentar unir nosso país, mas eu não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas”.
Atual presidente dos Estados Unidos e em campanha pela reeleição, o democrata Joe Biden fez um pronunciamento no Salão Oval da Casa Branca (sede do governo norte-americano) endossando a política de seu rival, de unificar o país e “diminuir a temperatura política”:
“Meus compatriotas americanos, quero falar com vocês esta noite sobre a necessidade de diminuirmos a temperatura na nossa política e lembrarmos que, embora possamos discordar, não somos inimigos. Somos vizinhos. Somos amigos, colegas de trabalho, cidadãos. E, mais importante, somos compatriotas americanos. E devemos permanecer unidos.”
Principal líder da extrema direita do principal país imperialista do mundo, Trump foi alvo de um atentado durante um comício eleitoral na cidade de Butler, no estado norte-americano da Pensilvânia. Vários tiros foram disparados na direção do ex-presidente e um deles terminou acertando sua orelha.
O atirador foi morto pelo serviço secreto e identificado como Thomas Matthew Crooks, de apenas 20 anos. Segundo o FBI, Crooks teria agido sozinho e não apresentava nenhum histórico de problemas de saúde mental.
Registrado no Partido Republicano, Crooks era de uma cidade próxima, Bethel Park, a cerca de 70 km de Butler, no mesmo estado. Apesar da filiação ao Partido Republicano, aos 17 anos, o jovem havia feito doação de US$15 para o grupo ActBlue, que levantava fundos para políticos do Partido Democrata, conforme dados divulgados pela Federal Election Commission (a autoridade que normatiza e fiscaliza eleições nos EUA).
O rapaz trabalhava na cozinha de uma casa de repouso e enquanto fazia o equivalente norte-americano ao ensino médio na sua cidade de origem, participou de um anúncio da empresa de fundo de investimentos BlackRock, o maior do mundo, com ativos que superam inacreditáveis US$10 trilhões (BlackRock atinge US$ 10 trilhões em ativos no 4º trimestre de 2021, Forbes, 14/1/2022). Em nota, a empresa informou ter retirado o vídeo do ar e que as imagens serão colocadas à disposição das autoridades, informando ainda que a gravação foi parte de uma campanha rodada em 2022 na Bethel Park High School, onde Crooks fazia seus estudos secundaristas.
Após sua identificação, diversas reportagens apareceram para identificá-lo como um lobo solitário. Um dos principais órgãos do imperialismo no País, o diário Folha de S.Paulo, publicou uma matéria informando que “na escola, ele não costumava falar muito sobre política, de acordo com um colega de classe que pediu para não ser identificado. Os interesses de Crooks se concentravam em construir computadores e jogar, disse o colega, descrevendo-o como superinteligente”.
A emissora britânica BBC publicou que “o Pentágono [sede do Departamento de Defesa dos EUA] confirmou que ele não tinha quaisquer ligações militares. ‘Confirmamos com cada um dos ramos do serviço militar que não há afiliação ao serviço militar para o suspeito com esse nome ou data de nascimento em qualquer ramo, componente ativo ou de reserva em seus respectivos bancos de dados’, disse o porta-voz do Pentágono, major-general Patrick S Ryder”.
Em outra matéria, porém, o órgão do imperialismo britânico destaca que o FBI “está tratando o incidente como uma ‘tentativa de assassinato’. A declaração do FBI acrescenta que o incidente é uma ‘investigação ativa e em andamento’”.
Fora os tiros, a tentativa de assassinato, o machucado de Trump e a morte do jovem, pouca coisa é possível de ser taxativamente afirmada até o momento e como anunciou a polícia federal dos EUA, o caso continua em investigação. Ocorre que, sendo o FBI uma polícia política, é pouco provável que a verdade venha à tona, dado os inúmeros interesses envolvidos. O mais interessado, sem dúvidas, é o imperialismo, que certamente não quer Trump de volta à Casa Branca no momento em que se prepara para uma guerra de grandes proporções.