No último ano, São Paulo foi alvo de uma série de apagões que prejudicaram milhões de moradores da capital e outras regiões do estado. Na noite da última sexta-feira (11), após um forte temporal, cerca de 2,1 milhões de paulistanos ficaram sem luz. No dia seguinte, sábado (12), a situação ainda era grave, com 1,45 milhão de imóveis sem energia, representando cerca de 18% dos usuários da Enel, empresa responsável pela distribuição de energia no estado.
Essa crise revela um problema que nada tem a ver com as condições climáticas adversas. Trata-se de um problema que mostra os danos que a privatização causa, principalmente a de empresas responsáveis pelo fornecimento de serviços essenciais, como a distribuição de energia elétrica.
O episódio mostra, também, a incapacidade da Enel de garantir um serviço digno para a população. Afinal, enquanto a concessionária continua a se justificar e não apresenta soluções concretas, a vida de milhões de pessoas segue comprometida.
Diante desse cenário, o governo federal deve agir de maneira decisiva. A resposta não pode ser meramente técnica ou regulatória, como sugerido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que intimou a Enel a apresentar explicações e um plano de correção imediata.
A profundidade da crise exige uma intervenção direta. O governo federal deveria suspender a concessão da Enel de imediato e colocar a empresa sob intervenção para garantir que o problema seja resolvido com a urgência que a situação demanda.
Essa intervenção não apenas resolveria o problema técnico, mas garantiria que os interesses da população fossem colocados acima do lucro e dos interesses dos capitalistas. A Enel, uma multinacional italiana, está há anos à frente da distribuição de energia em São Paulo, mas o que se vê são falhas recorrentes, corte de investimentos e uma destruição cada vez maior dos serviços. Não se pode ter nenhuma ilusão de que o setor privado, cujo único interesse é o lucro, resolva uma crise que afeta diretamente a segurança e a qualidade de vida de milhões de brasileiros.
Colocar a Enel sob intervenção federal seria um passo essencial para reestruturar o setor de energia elétrica no estado de São Paulo, e no País. Sob a administração do governo federal, seria possível priorizar os interesses da população, reorganizando os investimentos em infraestrutura e assegurando que as falhas na rede elétrica sejam corrigidas de maneira permanente.
A privatização, vendida como solução para melhorar a eficiência e qualidade dos serviços, fracassou de maneira retumbante. A crise atual demonstra que o controle público sobre setores estratégicos, como a distribuição de energia, é fundamental para garantir que a população não seja refém dos interesses de grandes empresas.
O governo federal precisa agir, decretar a suspensão da concessão da Enel e assegurar que o fornecimento de energia seja restabelecido com a devida prioridade e respeito aos direitos da população.