Autoridade Palestina

AP calunia Hamas, que propõe frente única contra ‘Israel’

Autoridade Palestina apontou um novo primeiro-ministro amigo dos Estados Unidos

Na última quinta-feira, dia 14 de março, sob pressão dos Estados Unidos, o presidente Mahmoud Abbas, da Autoridade Nacional Palestina (AP), nomeou Mohammed Mustafa como o próximo primeiro-ministro da Palestina ocupada. O Hamas, junto a outros grupos da resistência armada, rejeitou a decisão da organização dominada pelo Fatá, denunciando-a como “individual” e “unilateral.”

Mustafa, um economista formado nos EUA, ocupou cargos no Banco Mundial e foi citado no escândalo dos Panama Papers, quando foi alegado que ele usou a empresa Mossack Fonseca para garantir a transferência de dinheiro de países árabes para a Autoridade Palestina. Conselheiro sênior para assuntos econômicos de Abbas desde 2005, Mustafa foi nomeado presidente do Fundo de Investimento da Palestina (PIF) pelo líder da AP em 2015. O economista já atuou também como vice-primeiro-ministro e ministro da economia do território ocupado por “Israel”. Em seu discurso no Fórum Econômico Mundial de Davos em janeiro, Mustafa descreveu a ação do Hamas em 7 de outubro como “infeliz para todos”. Ele agora fica encarregado de formar um novo governo para a AP, que perdeu o controle de Gaza para o Hamas em 2007, e tem poderes limitados em partes da Cisjordânia ocupada.

Segundo a emissora catarense Al Jazeera, “Abbas pediu a Mustafa que elaborasse planos para reunificar a administração na Cisjordânia ocupada e, em Gaza, liderasse reformas no governo, nos serviços de segurança e na economia e lutasse contra a corrupção”. O economista substitui o ex-primeiro-ministro Mohammed Shtayyeh que renunciou em fevereiro.

“Estes passos indicam a profundidade da crise dentro da liderança da Autoridade (Palestina), o seu distanciamento da realidade e o fosso significativo entre ela e o nosso povo, as suas preocupações e aspirações, o que é confirmado pelas opiniões da grande maioria do nosso povo que expressou a sua perda de confiança nestas políticas e orientações”, afirma o Hamas e demais grupos da resistência armada em nota amplamente divulgada no X (antigo Twitter).

Em resposta à crítica, a Fatá acusou o Hamas de “devolver a ocupação israelense à Gaza através da sua aventura de 7 de Outubro”, chamando a ação da resistência de “uma catástrofe pior do que a causada pelo estabelecimento de Israel em 1948”.

A Autoridade Palestina foi criada para conter a luta do povo palestino contra o sionismo, formada para assumir o governo em 1994, após os Acordos de Oslo entre “Israel” e a Organização Para a Libertação da Palestina, a OLP, que reconhecia a legitimidade do Estado fascista sionista.

Desde a ação do Hamas em 7 de outubro – o início da atual revolução do povo palestino contra a ocupação sionista -, a AP tem tido dificuldade em se manter no poder, e sua política de frente ampla torna-se cada vez mais impopular. Além da crise do governo, suas forças de segurança frequentemente recorrem à violência na tentativa de manter a ordem atual, reprimindo manifestações populares com gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral e munições letais, tudo a serviço da ocupação sionista.

Em 17 de outubro, por exemplo, durante protestos na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia, em resposta ao ataque sionista ao hospital al-Ahli Arab, na Faixa de Gaza, que matou pelo menos 500 pessoas, uma jovem palestina foi assassinada pelas forças de segurança do governo, causando ainda mais indignação. Ações como esta levam à caracterização da AP como “a polícia do imperialismo na Palestina”.

A crise causada pelo atual conflito entre “Israel” e o povo palestino piorou ainda mais a situação do terrivelmente impopular governo de Joe Biden, nos EUA, que enfrenta este ano a disputa eleitoral contra o forte candidato da extrema direita Donald Trump. A inevitabilidade da decadência iminente do império norte-americano o leva a apoiar as mais brutais ações sionistas, já que a perda do seu posto de controle no Oriente Médio certamente irá acelerar seu declínio. Biden não deixa dúvidas sobre o seu incondicional apoio ao Estado fascista de “Israel”, e financia o genocídio de Benjamim Netaniahu apesar das dificuldades em controlar a opinião pública mundial que se levanta contra os crimes de guerra cometidos pelos sionistas.

Sua incapacidade de amenizar as ações de extrema barbárie de Netaniahu – que também recorre ao terror fascista diante o desespero pela falência inevitável do fictício estado de “Israel” – leva à necessidade de pressionar a AP na tentativa de controlar a situação dentro da Palestina ocupada.

Joel Beinin, professor de História do Oriente Médio da Universidade de Stanford, garantiu ao sítio de notícias NPR: “no geral, é bastante sem sentido. Porque não vai mudar nada, para os palestinos internamente ou no que diz respeito à relação entre a Autoridade Palestina e Israel“.

Segundo o órgão de imprensa, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca saudou a nomeação de Mustafa como primeiro-ministro, mas Beinin adverte: “as pessoas estão, de maneira geral, enojadas com a Autoridade Palestina. Ela tem muito pouca respeitabilidade na Cisjordânia e ainda menos na Faixa de Gaza, entre outras razões, porque não fizeram absolutamente nada em resposta ao ataque de Israel à Faixa de Gaza após 7 de outubro. Mas mesmo muito antes disso, eles perderam credibilidade“.

Um estudo recente do Centro Palestino para Estudos Políticos e Pesquisa de Opinião concluiu que quase 60% dos palestinos querem a dissolução da Autoridade Palestiniana e que 88% querem a resignação de Abbas.

Em seu comunicado, a frente única de resistência armada palestina, liderada pelo Hamas, declara: “a maior prioridade nacional agora é confrontar a agressão bárbara sionista e o genocídio e a guerra de fome travada pela ocupação contra o nosso povo na Faixa de Gaza, e confrontar os crimes dos seus colonos na Cisjordânia e na Al-Quds (Jerusalém) ocupada – especialmente na mesquita de Al-Aqsa, e os riscos significativos que a nossa causa nacional enfrenta – na vanguarda dos quais está o risco contínuo de deslocamento”. 

O documento continua: “tomar decisões individuais e envolver-se em passos formais e desprovidos de substância, como a formação de um novo governo sem consenso nacional, é um reforço da política de unilateralismo e um aprofundamento da divisão, num momento histórico em que o nosso povo e a causa nacional são os que mais necessitam de consenso e unidade, e da formação de uma liderança nacional unificada, preparando-se para eleições democráticas livres com a participação de todos os componentes do povo palestino”.

O povo é chamado às ruas para servir de pilar e dirigente da resistência, como único recurso possível de sucesso da frente única e da revolução: “apelamos ao nosso povo e às suas forças vivas para que levantem bem alto sua voz e confrontem esta insensatez com o presente e o futuro da nossa causa e com os interesses, direitos e direitos nacionais do nosso povo. Apelamos também a todas as forças e facções nacionais, especialmente aos irmãos do movimento Fatá, para que tomem medidas sérias e eficazes, a fim de chegar a um consenso sobre a gestão desta fase histórica e crucial, de uma forma que sirva à nossa causa nacional e satisfaça as aspirações do nosso povo de extrair os seus direitos legítimos, libertar as suas terras e locais sagrados e estabelecer o seu estado independente com plena soberania e como sua capital Al-Quds (Jerusalém)“.

Na liderança da frente única que conduz a mais importante revolução popular deste século, o Movimento de Resistência Islâmica – Hamas, ao lado do Movimento da Jiade Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina e Movimento de Iniciativa Nacional Palestina, demonstra exemplar e absoluta clareza no entendimento da conjuntura atual e suas necessidades políticas. Destaca a importância da democracia dentro do movimento de luta contra a ocupação, da união de forças entre partidos, movimentos e o povo, como única maneira de vencer a opressão sionista e imperialista.

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