Durante entrevista concedida ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva criticou publicamente o processo eleitoral na Venezuela:
“Eu fiquei surpreso com a decisão. Primeiro a decisão boa da candidata proibida de ser candidata pela justiça de indicar uma sucessora, achei um passo importante. Agora, é grave que a candidata não possa ter sido registrada.”
Essa é a primeira vez que o brasileiro critica o regime de Nicolás Maduro. Até então, o presidente vinha mantendo a conduta diplomática esperada de um presidente progressista – a de não endossar qualquer tipo de campanha vinda dos Estados Unidos sem uma investigação séria. Lula, por diversas vezes, havia dito que não poderia emitir uma opinião sobre a Venezuela sem saber exatamente o que está acontecendo no país.
Tudo começou a mudar, no entanto, quando o Itamaraty decidiu publicar uma nota pública contra o processo eleitoral no país sul-americano. Em resposta, a Venezuela afirmou que o documento parecia ter sido redigido pelo Departamento de Estado norte-americano, possivelmente alertando o próprio Lula de uma infiltração em seu Ministério das Relações Exteriores. Corretamente, a Venezuela assinalou que a posição do Itamaraty veio ao mesmo tempo em que o governo brasileiro não se deu ao trabalho de denunciar as sabotagens contra o regime venezuelano, incluindo uma recente tentativa de assassinato contra Nicolás Maduro.
A Venezuela também destacou que respeitava as relações com o Brasil e que, sob nenhuma hipótese, cogitara interferir na política brasileira.
Se a posição de Lula já é ruim em si por ser, na prática, uma frente com o imperialismo contra um país vizinho oprimido, tudo fica muito pior quando levado em consideração quem estava ao seu lado. O presidente Emmanuel Macron, um dos governantes que mais se esforçam para sustentar o governo nazista de Vladimir Zelenski e que apoia abertamente o genocídio na Faixa de Gaza, disse concordar com tudo o que foi dito pelo brasileiro.
Isto é, ao endossar a campanha de que as eleições na Venezuela seriam antidemocráticas, Lula recebeu o reconhecimento de um dos principais porta-vozes do imperialismo. Merece destaque, ainda, que, ao contrário do que a propaganda imperialista dá a entender, não foi uma decisão arbitrária que impediu que as candidatas da oposição se registrassem. Foi um mero problema técnico – elas perderam o prazo. O que, inclusive, levanta a suspeita de que elas mesmas boicotaram o processo para acusar Maduro de ser antidemocrático.
A declaração de Lula ajuda a colocar luz sobre a própria vinda do genocida Macron ao Brasil. Grande demagogo da questão ambiental, Macron é um dos que tanto fala na necessidade de proteger a Amazônia – ainda que não proteja nada das florestas de seu país e de suas colônias. Seu objetivo, obviamente, é exercer uma ingerência sobre o País.
Macron, sob nenhum aspecto, é um aliado do Brasil. É, na verdade, um funcionário do imperialismo, dos grandes inimigos do povo brasileiro. Maduro, por outro lado, é líder de um país oprimido que está em oposição direta ao imperialismo e, portanto, deve ser defendido de qualquer investida vinda dos Estados Unidos.





