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Antônio Carlos Silva

Professor de Matemática. Fundador do PCO, integra a sua Executiva Nacional. Atuou na fundação do Coletivo de Negros João Cândido. Liderou a criação e coordenação dos Comitês de Luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. Secretário Sindical Nacional do PCO, coordena a Corrente Sindical Nacional Causa Operária, da CUT.

Coluna

Alta dos aluguéis x salários ‘congelados’

O preço médio de um lugar popular alcançou a marca de R$1.800, equivalente a 127% do salário mínimo vigente

Segundo o índice FipeZap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, o preço médio do aluguel residencial subiu 8,02%. Essa alta significa quase oito vezes a variação do índice IGP-M (Índice Geral dos Preços de Mercado), popularmente conhecido com “inflação de aluguel”, que foi de 1,10% nos primeiros seis meses deste ano.

A pesquisa considera a média de preço de 25 cidades brasileiras. As que tiveram maiores altas foram Campinas-SP (14,25), Brasília (13,93%), Salvador (13,52%) e Curitiba (11,10%).

O valor do contrato de aluguel fechado neste período foi de R$1.800 em média, fazendo com que o custo com a moradia (desconsiderando despesas com limpeza e manutenção) represente 127% do salário mínimo atual. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o planejador financeiro Marcelo Milech afirmou que as famílias não deveriam comprometer “mais do que 30% da renda mensal com aluguel e contas do imóvel – como o IPTU, contas de consumo e condomínio”.  Ou seja, para que isso fosse possível o salário médio precisaria ser de, pelo menos, R$6.000.

O salário mínimo atual é de R$1.412, ou seja, não cobre sequer os gastos com moradia, quando a Constituição Federal estabelece em seu Art. 7º, inciso IV, que o salário pago ao trabalhador brasileiro deve ser “capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família”, o que além de moradia, implica também e custear as despesas com “alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social(…)”.

O caso do aluguel mostra a defasagem do salário mínimo – e também do salário médio – diante das necessidades básicas dos trabalhadores. A moradia, finalmente, é apenas uma das necessidades de uma família operária que deveria ser satisfeita com os salários. A realidade, no entanto, é que as condições de vida da classe trabalhadora estão cada vez piores e os salários baixos são parte do processo do esmagamento que a classe sofre.

Faz-se necessário estabelecer o salário mínimo vital, que seja compatível com as necessidades dos trabalhadores, que hoje não poderia ser inferior a R$7.000.

É preciso que as organizações d luta dos trabalhadores levantem, imediatamente, uma campanha em defesa do aumento geral dos salários e por um salário mínimo real que atenda às necessidades dos trabalhadores e de suas famílias.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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