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Eleições Municipais

Vale tudo para ganhar eleição: Boulos chama ROTA para campanha

Ex-comandante da ROTA no governo Alckmin, Alexandre Gaspar Gasparian notabilizou-se pela chacina de Osasco e Barueri, sendo agora incorporado à pré-campanha do psolista

Pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos anunciou ninguém menos que um coronel da reserva da PM e ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) em sua equipe dedicada à pré-campanha eleitoral. Alexandre Gaspar Gasparian fora comandante do batalhão de choque da PM durante os meses de fevereiro e setembro de 2015, período do governo fascista de Geraldo Alckmin e sob a tutela de Alexandre de Moraes, à época, secretário de segurança pública de São Paulo.

Em entrevista ao canal aberto SBT, Boulos defendeu a indicação, destacando que Gasparian fora integrado à sua campanha “porque defende uma segurança que respeite os direitos humanos, justamente o contrário daquele que acha que a polícia tem que tratar diferente quem mora na periferia e nos Jardins”. De tão fora da realidade, a declaração poderia servir como atestado de um grau de esquizofrenia elevado o bastante para justificar a aposentadoria do psolista. É o que fica claro ao contrapor a absurda declaração com a matéria abaixo, publicada pelo sítio Ponte Jornalismo, órgão financiado pela golpista Fundação Ford. Intitulada Comandante da Rota cai menos de 7 meses após assumir tropa (Luís Adorno e André Caramante, 19/9/2015), a reportagem destaca o oposto do que diz Boulos:

“No curto período [sob comando de Gasparian], policiais da considerada tropa de elite da PM-SP tiveram ao menos três fortes desvios de conduta comprovados. No mais recente dos casos, o soldado Fabrício Emmanuel Eleutério, transferido recentemente pelo comando da PM para a Rota – por ter envolvimento em mais de três supostos confrontos seguidos de morte nos últimos cinco anos – foi reconhecido por uma das vítimas da chacina de Osasco e Barueri, em 13 de agosto deste ano. Ao todo, 19 pessoas morreram.

No dia 6 de agosto, um pelotão inteiro da Rota – formado por 14 homens – foi preso administrativamente sob suspeita de ter forjado um tiroteio para tentar justificar a morte de dois homens. Uma testemunha afirmou que uma das vítimas foi detida por policiais militares em Guarulhos, na Grande São Paulo, horas antes de ter aparecido morto em Pirituba, zona oeste, distante aproximadamente 32 quilômetros. A SSP afirmou à época que foram apreendidos uma submetralhadora 9 mm., um revólver, um colete à prova de balas e duas dinamites.

Um outro caso que causou repulsa aconteceu na cidade de Sumaré, a 120 quilômetros da capital paulista, em 8 de julho. Dois integrantes da Rota e dois membros do 1º Baep (Batalhão de Ações Especiais) foram presos em flagrante sob a suspeita de promover um atentado a tiros contra um jovem de 22 anos e também de tentar matar outros quatro policiais militares. Armados com fuzis, pistolas e escopetas em um carro com placas adulteradas, os policiais balearam a vítima e, depois, trocaram tiros com PMs ouviram os tiros e deram ordem para que os policiais parassem o carro.”

A matéria de Ponte Jornalismo informa ainda casos de desaparecimentos e também que “policiais da Rota torturaram três pessoas com choques elétricos, inclusive no pênis, por aproximadamente sete horas. As vítimas desapareceram e a polícia até emitiu alerta geral para tentar localizá-las para fazer interrogatórios. O PM que chefiou a equipe foi promovido de tenente para capitão após aquela ação.” (Idem).

Colocar um homem desses à frente da política de segurança pública, com tal histórico de “respeito aos direitos humanos”, é uma demonstração eloquente do verdadeiro caráter de Guilherme Boulos, alçado à esquerda pela Folha de S. Paulo e pela esquerda pequeno-burguesa. Dado o teor de sua declaração em defesa de Gasparian, é de se questionar o que a candidatura declaradamente direitista faria de pior, se organizar campos de concentração abertamente iguais aos construídos pelo regime nazista ou algo do gênero. Poucas coisas conhecidas pela humanidade podem ser consideradas piores do que os feitos do coronel reservista da PM integrado por Boulos à sua equipe de campanha.

Ainda, a mentira deslavada de que este seria um organizador da segurança pública que “respeita os direitos humanos” repete o que existe de pior, de mais corrupto e desmoralizado na política burguesa, expondo novamente o quão direitista Guilherme Boulos realmente é. Um homem sem nenhuma ligação real com as massas trabalhadoras, capaz de delegar a um organizador de torturas e massacres da população negra, e pobre, a tarefa de articular a política de segurança em sua pré-campanha.

Além de reforçar a ameça que representa para a população pobre da cidade de São Paulo, Boulos mostra o erro crasso dos setores da esquerda que o apoiam e que, fatalmente, serão cobrados por um eventual governo municipal do psolista, que ainda na fase da demagogia eleitoreira, já dá sinais de que promoverá uma intensa repressão aos miseráveis e à população pobre da capital.

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