A Alemanha enfrenta uma onda de instabilidade com uma greve ferroviária em larga escala e protestos intensos dos agricultores. A paralisação no transporte ferroviário, liderada pelo Gewerkschaft Deutscher Lokomotivfuhrer (GDL), sindicato ferroviário do país, promete significativos transtornos nos próximos dias. A situação é agravada pelos agricultores alemães, que iniciaram uma campanha de bloqueio de estradas em dezembro, protestando contra as políticas agrícolas do governo.
A Deutsche Bahn (DB), operadora ferroviária, alertou sobre “restrições massivas” em suas rotas de longa distância, regionais e de passageiros, de quarta a sexta-feira. O GDL, em greve devido à recusa da DB em atender às suas “demandas legítimas essenciais”, busca a redução da jornada de trabalho de 38 para 35 horas, além de um aumento salarial de 555 euros por mês e um pagamento único de 3.000 euros para compensar a inflação.
A greve ferroviária começou com motoristas de transporte de carga na terça-feira (9) à noite, seguidos pelos setores de passageiros às 2h de quarta-feira (10). Como resultado, cerca de 80% dos serviços de longa distância foram cancelados, e fotos de cidades como Berlim e Hamburgo mostram plataformas vazias.
Paralelamente, agricultores alemães iniciaram uma semana de protestos nacionais na segunda-feira, bloqueando estradas e rodovias com tratores. Os fazendeiros expressam descontentamento com as medidas do governo, incluindo o corte de subsídios ao diesel e isenções fiscais para o setor agrícola. O ex-presidente russo Dmitry Medvedev destacou a contradição de Berlim, reduzindo gastos agrícolas enquanto intensifica apoio militar à Ucrânia.
Medvedev observou que os subsídios foram encerrados, mas os gastos na Ucrânia continuam aumentando, tornando a Alemanha a principal financiadora. Ele alertou para a possibilidade de protestos semelhantes a um Maidan ucraniano de 2014 em Berlim, o que poderia levar à queda do Chanceler alemão Olaf Scholz, cuja aprovação atingiu uma baixa histórica de 64%, segundo pesquisa da INSA.
Os agricultores protestam contra os planos de Scholz de cobrir um déficit de 17 bilhões de euros no orçamento de 2024, mesmo após o governo recuar parcialmente. A Associação de Agricultores Alemães persiste com a ‘semana de ação’, bloqueando rodovias com tratores, despejando feno e esterco nas estradas em um gesto de descontentamento. O governo alemão se encontra sob pressão, enfrentando não apenas a crise ferroviária, mas também a revolta dos agricultores e o risco de protestos generalizados.