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Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Coluna

Aleijadinho, o gênio da arte colonial brasileira

Morto há 210 anos, a obra de Antônio Francisco Lisboa está entre as mais originais e significativas do barroco mundial

No último dia 18 de novembro, completaram-se 210 anos do falecimento de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, maior expoente da arte colonial brasileira e o maior escultor brasileiro.

Nascido provavelmente em 1738, em Vila Rica, atual Ouro Preto, a ausência de dados e informações transformaram em lendas vários dos aspectos da sua biografia. Uma delas é a de que, mais velho, acometido de grave doença que mutilou seus dedos e desconfigurou sua face, Aleijadinho teria trabalhado com suas ferramentas amarradas em suas mãos. Tal história não é confirmada, mesmo porque parece muito improvável aos pesquisadores e críticos de arte que uma pessoa chegasse a um nível tão perfeito de execução sem a precisão e agilidade fornecida pelos dedos.

A doença, porém, foi real. Mais provavelmente aos 39 anos Antônio Francisco tenha adquirido lepra nervosa. Ao perder os dedos dos pés, o artista andava de joelhos, a cavalo ou carregado por escravos. Foi tal doença que lhe rendeu o apelido de Aleijadinho, o que torna ainda mais brasileira a história desse grande artista.

Outro fato é que, mesmo com toda a dificuldade imposta pela doença, Antônio Francisco produziu até o fim da vida, tendo morrido aos 76 anos. Os críticos consideram, aliás, suas obras da maturidade como as mais importantes de seu acervo.

Entre suas obras-primas estão a Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto, os Passos da Paixão de Cristo e os 12 Profetas ambos no Santuário de Congonhas do Campo-MG.

Segundo o crítico Lourival Gomes Machado, na obra da Igreja de São Francisco de Assis Aleijadinho “imperou soberano e, até, despótico (…) Encontramos aqui uma perfeita coerência entre interior e exterior, fenômeno tão raro até agora” (Lourival Gomes Machado, Viagem a Ouro Preto, em Barroco Mineiro).

Sobre os Passos do Santuário de Congonhas, seis pequenas capelas onde estão encenadas, em estátuas próximas ao tamanho real, as passagens da Paixão de Cristo. Segundo o mesmo Lourival Gomes Machado, “um dos mais belos trabalhos do Aleijadinho e ‘seus oficiais’, ao qual a pintura do Ataíde e de Carneiro veio ajustar-se com toda a sabedoria e plena beleza” (Lourival Gomes Machado, Reconquista de Congonhas, em Barroco Mineiro).

As estátuas dos 12 Profetas, feitas em pedra-sabão, material que Antônio Francisco e seus discípulos dominaram na arte de esculpir, é uma composição em que o mestre dispõe as estátuas de acordo com as “leis rítmicas (musicais) da composição barroca”, como afirma a pesquisadora Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira.

Tal é a beleza e a grandeza da composição dos 12 Profetas do adro da igreja de Congonhas que o poeta Carlos Drummond de Andrade afirmou ter percebido as estátuas “conversando entre si”. 

Tal é a riqueza e originalidade da obra de Aleijadinho que os críticos e historiadores da arte o colocam entre os maiores artistas de todo o barroco e como o maior representante do barroco nas Américas.

Antônio Francisco Lisboa, apelido Aleijadinho, mulato, filho de uma escrava chamada Isabel e de um português chamado Manuel, é o criador de uma arte original brasileira.

Para quem ficou interessado, a edição da primeira quinzena de dezembro do Dossiê Causa Operária trará um artigo completo sobre a vida e obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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