O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, faltará a 16ª Cúpula do BRICS, prevista para começar nesta terça-feira (22), na cidade russa de Cazã. A justificativa apresentada é um ferimento que o impediria de realizar a viagem, causado por um acidente doméstico. O governo anunciou que o chanceler sionista Mauro Vieira o representará.
O encontro é o maior da história do grupo, fundado em 2006 e batizado em decorrência do acrônimo formado pelos seus membros fundadores, Brasil Rússia, Índia e China, e posteriormente pela África do Sul. A cúpula marcada para esta terça-feira marcará a entrada de mais cinco países: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Além desses, é previsto que a reunião discuta a inclusão de novos membros, incluindo países com quem a política externa do governo Lula tem provocado atritos, como Venezuela e Nicarágua.
A Venezuela enfrentou uma tentativa de golpe de Estado com a clara e direta participação dos EUA para dobrar o regime bolivariano. O golpe, no entanto, foi frustrado pela mobilização popular venezuelana em apoio a Maduro, que se traduziu não apenas na vitória eleitoral, mas em manifestações contra a intentona golpista. O governo brasileiro, porém, cedeu à pressão norte-americana e auxiliou a campanha golpista ao colocar em dúvida a vitória do líder venezuelano, exigindo provas do resultado eleitoral que jamais exigiu de país algum.
O governo brasileiro também tem colecionado atritos com a Nicarágua. O Palácio do Planalto anunciou que o embaixador brasileiro no país centro-americano Breno Souza da Costa havia sido expulso, retaliando a pequena república com a expulsão do representante diplomático do governo sandinista no Brasil.
Na propaganda imperialista, não faltou quem elogiasse a falta de Lula. Em coluna para o Estado de S. Paulo intitulada Acidente doméstico de Lula vai evitar outra dor de cabeça na diplomacia, diz especialista, Roseann Kennedy usou o famoso “especialista” para apresentar a avaliação do imperialismo indicada pelo título, de que o cancelamento da participação do mandatário brasileiro “vai evitar ‘outras dores de cabeça’ para o Brasil”.
Tendo como tema “Fortalecendo o Multilateralismo para um Desenvolvimento e Segurança Global Justos”, a 16ª Cúpula deve ter encaminhamentos para estreitar os laços militares dos principais países atrasados do mundo, em um momento no qual uma guerra de grandes proporções entre países do BRICS e o imperialismo está se articulando. Além disso, é esperado também que a reunião tire encaminhamentos que vão de encontro do imperialismo, principalmente dedicados a proteger a economia dos países-membros por meio de um sistema de pagamentos que os torne livres da opressão do dólar, a moeda dos EUA, atualmente usada como padrão nos pagamentos de comércio internacional.
A chamada desdolarização dos países-membros do BRICS deve ser defendida com um sistema de pagamento já desenvolvido pelos russos. Chamado “Brics Pay” (“pagamento do BRICS”, em tradução livre), o sistema foi proposto para facilitar pagamentos entre os países do bloco, utilizando tecnologia blockchain para permitir trocas de tokens digitais lastreados em moedas nacionais, tornando as transações mais seguras e principalmente, diretas, similares ao PIX brasileiro.