A política do PT gira em torno de alianças com setores golpistas, tanto da esquerda quanto da direita, na ilusão de que este seja o caminho para implantar a própria política, que na maioria das vezes já é suficientemente confusa por si só.
Para o atual mandato presidencial, o escolhido para compor a chapa como vice foi ex governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que foi do PSDB para o PSB, partido que abriga tucanos renegados e direitistas de toda a natureza, que precisam de um disfarce esquerdista para levarem adiante seus interesses.
O resultado não poderia ser diferente, essas alianças terminam por não colaborar em nada com o PT, agindo como elementos que levam o governo cada vez mais à direita.
Alckmin, por exemplo, em nada colaborou para a eleição de Lula, que teve que sair às ruas no segundo turno e esconder o carrasco do povo paulista até o final de sua campanha, sendo eleito apesar da tal aliança.
Agora com as eleições para as prefeituras, Alckmin e Lula se encontram em lados opostos no apoio às candidaturas para a cidade de São Paulo. Para o vice-presidente será “uma honra” apoiar a candidatura de seu próprio partido, Tabata Amaral, liderança criada pela Fundação Lemann.
Alckmin considera a atual deputada “preparadíssima” para o cargo e se coloca à disposição: “Ficarei muito feliz com ela sendo candidata e de poder modestamente ajudá-la” e complementa: “Ela é jovem, nós precisamos trazer os jovens para a vida política; mulher, nós precisamos de mais mulheres para melhorar, elevar a vida pública; preparadíssima, formada em Harvard, reeleita deputada federal, de família muito humilde, muito simples aqui da Zona Sul de São Paulo’.
Cinicamente, o eterno tucano se apoia em comentários de cunho identitário para justificar o apoio, ressaltando o fato de Tabata ser mulher e ter origem na periferia da zona sul de São Paulo, lugar um tanto incomum para formados em Harvard.
Em publicação no X, antigo Twitter, a candidata também se declarou ao ex governador:
“Honra é poder aprender com Geraldo Alckmin, alguém que conhece os dilemas de São Paulo e do Brasil e que tanto fez pela nossa história política. Que alegria e que responsabilidade caminhar a seu lado!”.
Tabata ainda cogita como vice candidato o apresentador José Luiz Datena, notório direitista, desde longa data no comando de programas policiais que pedem o extermínio da população pobre de São Paulo.
Sem dúvida a candidata está disposta a seguir esse legado deixado por Alckmin na política, ainda mais com Datena como vice, o qual classifica como “uma pessoa importante para o projeto”, que só pode ser a continuidade de uma política neoliberal em favor do imperialismo, mesmo que para isso seja necessário a intensa repressão do povo na cidade de São Paulo.
Lula, por sua vez, apoia a candidatura do também golpista Guilherme Boulos, líder do movimento “Não Vai Ter Copa”, que atuou pela ala esquerda do golpe de 2016.
A chapa golpista, apoiada por Lula em São Paulo, conta com Marta Suplicy, ex -prefeita da cidade pelo PT, mas que também esteve ao lado do golpe em 2016 e teve que se demitir da atual administração do bolsonarista Ricardo Nunes, para concorrer em 2024.
Não há assim nenhuma chapa legitimamente de esquerda, ainda assim Lula e Alckmin decidem apoiar por lados opostos a mesma política direitista, levando a um enfraquecimento do próprio governo federal e o fortalecimento da bolsonarismo no estado de São Paulo, que já conta com o governador Tarcísio de Freitas e o apoio de Bolsonaro para o candidato a reeleição da prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes.