No último sábado (25), Sayyed Ali Khamenei, o aiatolá do Irã, publicou uma carta endereçada aos jovens e estudantes universitários que estão realizando uma grande mobilização em defesa da Palestina nos Estados Unidos. “Escrevo esta carta para estes jovens, cuja consciência desperta os moveu a defender as mulheres e crianças oprimidas de Gaza”, começa o documento.
Para o líder iraniano, os jovens norte-americanos formam “uma parte da Frente de Resistência”. Ele denuncia que, justamente por isso, são alvo da repressão “brutal de seu próprio governo, que apoia abertamente o regime sionista usurpador e impiedoso”.
Desde a segunda metade de abril, estudantes de dezenas de universidades nos Estados Unidos ocuparam seus campi como forma de protestar contra o genocídio perpetrado por “Israel” na Faixa de Gaza e de apoiar a luta da resistência palestina. O movimento rapidamente se espalhou para outras partes do mundo, gerando um novo foco de crise para o imperialismo.
No dia 1º de maio, Khamenei já havia se pronunciado em defesa dos estudantes norte-americanos, denunciando a repressão contra os mesmos. “A forma como o governo dos EUA trata os estudantes prova na prática a colaboração e cumplicidade dos EUA com o regime sionista no crime do genocídio que está ocorrendo em Gaza”, afirmou.
Confira, abaixo, a carta publicada no último dia 25 na íntegra:
Carta do Aiatolá Khamenei, Líder da Revolução Islâmica, aos jovens e aos estudantes universitários dos Estados Unidos da América
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso,
Escrevo esta carta para estes jovens, cuja consciência desperta os moveu a defender as mulheres e crianças oprimidas de Gaza.
Queridos jovens estudantes dos Estados Unidos da América! Esta é nossa mensagem de apoio e solidariedade a vocês. Vocês que estão agora do lado certo da história, cujas páginas passam diante de nós.
Hoje, vocês formam uma parte da Frente de Resistência, sob a pressão brutal de seu próprio governo, que apoia abertamente o regime sionista usurpador e impiedoso, vocês deram início a uma honrada luta.
Em um lugar longínquo, a grande Frente de Resistência luta há muitos anos com a mesma compreensão e os mesmos sentimentos que vocês têm hoje. O objetivo dessa luta é deter a flagrante injustiça que há anos vem sendo perpetrada contra o povo da Palestina por uma rede terrorista impiedosa chamada sionismo, que, após se apoderar do país, submeteu esse povo às mais extremas pressões e torturas.
O atual genocídio do regime de apartheid sionista é a continuação de sua conduta cruel nas décadas passadas.
A Palestina é um território soberano, com um povo formado por muçulmanos, cristãos e judeus e dotado de uma longa história.
Ajudados pelo governo da Inglaterra, os capitalistas da rede sionista introduziram milhares de terroristas nesse território após a Guerra Mundial. Eles atacaram suas cidades e vilarejos; mataram milhares de pessoas ou as expulsaram para os países vizinhos; tomaram suas casas, mercados e plantações e, no território usurpado da Palestina, instauraram um estado chamado “Israel”.
Depois da ajuda inicial da Inglaterra, o maior patrocinador desse regime usurpador tem sido governo dos Estados Unidos da América, que continuou a lhes fornecer apoio político, econômico e armamentista de maneira ininterrupta; com uma imprudência imperdoável, até mesmo lhes abriu o caminho para a produção de armas nucleares, ajudando nesse processo.
Desde o primeiro dia, o regime sionista praticou a política do “punho de ferro” contra o povo indefeso da Palestina e, ignorando todos os valores de consciência, humanidade e religião, vem aumentando dia a dia a inclemência, os assassinatos e a repressão.
O governo dos Estados Unidos e seus associados nem sequer franziram a testa diante desse terrorismo de Estado e dessa contínua iniquidade, e mesmo agora, diante do espantoso crime sendo cometido em Gaza, há mais hipocrisia do que realidade em algumas declarações do governo dos Estados Unidos.
A Frente de Resistência emergiu das entranhas dessa atmosfera sombria e desesperadora, e a constituição da República Islâmica do Irã a ampliou e lhe deu capacidades.
Os líderes do sionismo internacional, dos quais a maioria das empresas de comunicação dos Estados Unidos e da Europa são de sua propriedade ou estão sob a influência de seu dinheiro e subornos, retratam essa valente e humana resistência como terrorismo. Acaso é terrorista um povo que, em uma terra que lhe pertence, se defende contra os ocupantes sionistas criminosos? Pode-se considerar auxílio ao terrorismo ajudar, por humanidade, esse povo, fortalecendo seus braços?
Os líderes da violenta dominação mundial não têm piedade sequer pelos conceitos mais fundamentais. Fingem que o regime impiedoso e terrorista de Israel está se defendendo e chamam de terrorista a Resistência palestina, que defende sua liberdade, sua segurança e seu direito à autodeterminação.
Quero assegurar-lhes que hoje a situação está mudando. Outro destino aguarda essa sensível região da Ásia Ocidental. Muitas consciências despertaram em todo o mundo, e a verdade está se tornando evidente.
A Frente de Resistência, por sua vez, se fortaleceu e se fortalecerá ainda mais.
As páginas da história passam diante de nós.
Além de vocês, estudantes de dezenas de universidades nos Estados Unidos, também se levantaram as universidades e as pessoas de outros países. Que os professores universitários estejam lhes oferecendo solidariedade e apoio é um acontecimento transcendente e importante, que pode ser até certo ponto tranquilizador diante da dureza da ação policial do governo e das pressões que estão sendo exercidas sobre vocês. Eu também me solidarizo com vocês, os jovens, e louvo sua firmeza.
A lição que o Alcorão nos dá, aos muçulmanos e a todas as pessoas do mundo, é de firmeza no caminho do Bem: “Sê firme, pois, tal qual te foi ordenado” (11:112). E a lição do Alcorão sobre as relações humanas é a seguinte: não cometam injustiças nem se submetam à injustiça. “Não façais injustiças e não sereis injustiçados.” (2:279). Propagando e executando essas ordens e centenas de outras semelhantes, a Frente de Resistência persiste e alcançará a vitória, com a permissão de Deus.
Recomendo que se familiarizem com o Alcorão.
Sayyed Ali Khamenei
25 de maio de 2024.